assustada

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Quarta feira

5:40

Eu não conseguia dormir, a Mari estava abraçada na minha cintura, eu passei toda a noite em claro, os machucados haviam sumido, mas eu ainda parecia sentir eles. Eu enrolei na cama, mas acabei levantando, não aguentava mais ficar ali deitada, era como se eu estivesse sendo sufocada.

Eu fiquei vendo um jornal qualquer que estava passando, na verdade eu nem estava prestando atenção, minha cabeça não parava em um simples lugar. Escutei passou vindo em direção a sala, eu sabia quem era.

Mari: Por que você está de pé a essa hora?- dei de ombro e continuei com meu olhar fixado na parede- Olha, ou você me perdoa de verdade ou eu só vou simplesmente embora porque não dá para ficar assim. - eu sabia que ela tinha razão

Lisa: Queria que fosse tão simples

Mari: Mas é simples, você só tem que deixar de ser uma pessoa orgulhosa e reconhecer que eu estou dando sempre o meu melhor nessa relação, eu pelo menos estou com a cabeça aqui - a última frase saiu mais como um sussurro dela

Lisa: Eu estou sendo orgulhosa? - ela assentiu - eu tô tentando, Mari, eu tô tentando pelo bem da nossa relação - ela andou até a minha direção e se sentou comigo no sofá

Mari: Eu sei, por isso eu ainda estou aqui, eu sei que a gente vai dar um jeito, vamos passar por tudo isso juntas - Ela beijou minha bochecha, um beijo longo - acho que vou para casa - eu segurei seu pulso a fazendo ficar ali - Eu te amo

Lisa: Eu também te amo, só preciso ter certeza que você mudou, você entendi isso não é?- ela assentiu e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha- Obrigada por me entender, eu quero que você fique aqui - eu deitei em cima do seu peito.

Mari: Eu nunca vou ir embora- aquela frase me fazia sentir uma grande confusão de sentimentos, ainda não me decidi se isso é bom ou ruim.

7:50

Paola: Lisa, você está me escutando?- ela dizia enquanto estalava os dedos na minha frente, eu estava na minha mesa encarando um ponto qualquer do chão, na verdade eu nem sei o que está acontecendo com a minha mente.

Lisa: Me desculpa, poderia repetir - eu fiz toda a minha atenção focar só na Paola

Paola: Você tá bem?- eu só assenti com a cabeça- você tem andado meio estranha recentemente

Lisa: É só muitos trabalhos da faculdade, você sabe como é, vida de universitário é sempre bem corrida - ela ainda me encarava, ela estava me analisando eu pude sentir isso.

Paola: a psicóloga não vai poder vir hoje, a doutora Thalia Ramires teve alguns problemas urgente com um dos seus pacientes, então era remarcou a nossa entrevista para amanhã às 15:30 - eu só anotei tudo que ela falou, deixando o horário salvo - Hoje você pode ir embora mais cedo, não temos muito trabalho, o artigo já está próximo ao fim, só falta essa entrevista para ele estar concluído.

Lisa: Eu sei, mas prefiro ficar aqui até o meu horário acabar se não se importa, quero aproveitar para revisar tudo que temos - A verdade era que eu só não queria ir para casa 

Paola: Tudo bem...- ela voltou para a sua mesa e passou o resto do dia mexendo no notebook.

20:40

Eu estava na faculdade quando esbarrei no Lucas, ele parecia surpreso e me deu um longo abraço.

Lucas: Eu estava preocupado contigo, você não atendia as minhas ligações e quando fui na sua casa a Mari disse várias vezes que você estava presa no trabalho até tarde - ele me abraçou mais uma vez e não parava de sorrir

Lisa: Os dias estão sendo muito cansativos, me desculpa por me afastar de todos vocês, você sabe o quanto eu amo vocês e eu também estava morrendo de saudade - logo nossos celulares já estavam despertando avisando sobre as aulas - eu preciso ir

Lucas: Eu também, vê se me atendi da próxima vez e não tenta trabalhar depois das 23 horas - ele simplesmente foi embora e eu estranhei pelo fato de eu nunca trabalhar na parte da noite

Fui para a minha sala, pelo menos cheguei antes do professor, me sentei na cadeira dos fundos, eu não queria atrapalhar a aula e nem ninguém. Quando olhei para frente vi a Sophia me encarando e aquele olhar, ela estava chateada comigo, eu conheço aquela cara. Tive que me levantar, me sentei ao seu lado, antes de me ajeitar, dei um beijo em sua testa e a abracei de lado.

Sophia: Não faz isso nunca mais - ela me deu um tapa forte no braço- não pode ficar afastando todo mundo de você, eu achei que você tinha morrido

Lisa: Eu sei, só que tem acontecido muitas coisas, minha mente não tem ficado  no seu melhor estado.  - eu dei um pequeno sorriso, ela ia falar algo, mas o professor entrou na sala.

22:30

Estava indo embora, quando o Lucas buzinou, eu sorri, entrei no seu carro e ele me levou para casa como antigamente. Conversamos um pouco eu, Lucas e a Sophia que estava no carro também.

Quando cheguei em casa, estava tudo bagunçado, eu não sabia o que tinha acontecido ali, então eu vi algo que eu não queria. Era a Mari sentada no sofá, ela estava com o cartão da Carla.

Mari: Quem é essa Carla? - Eu não conseguia falar, meu corpo tremia só de ver aquele olhar da Marina de novo - QUEM É ESSA CARLA?

Lisa: N-não é ninguém - eu ainda estava segurando a maçaneta da minha porta - Quando ela ameaçou de levantar, eu não sei o que me deu, eu corri e ela foi atrás de mim.

Eu consegui entrar no banheiro e tranquei a porta. A Mari dava socos na porta e gritava para abrir. Eu só conseguia chorar, eu estava sentada no chão, tampando os ouvidos e gritando para aquilo parar. A cada porrada parecia que a porta ia cair, a cada porrada era um grito de desespero que eu escutava.

Mari: Abre essa porra de porta, Lisa!! - ela deu mais uma porrada e eu me tremia

Lisa: Não! Você vai me machucar de novo, eu disse que ela não era ninguém, mas você ainda está com raiva, eu não quero sair

Mari: eu não tô com raiva, amor, eu só quero conversar, abre essa porta - eu fiquei em silêncio e depois de uns 5 minutos ela deu outra porrada só que dessa vez foi bem mais forte que as outras- Sua puta imunda! - escutei passos rápidos e fortes saindo dali, logo escutei a porta da sala se batendo com força.

Ela tinha ido embora? Eu não queria arriscar, prefiro passar a noite nesse banheiro.

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