Culpa

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Segunda-feira 

8:50 da manhã

Eu tinha dezenas de mensagens não lidas, ligações não atendidas e todas eram da mesma pessoa, Marina. Eu passei a minha noite trancada dentro de um banheiro, eu tremia e isso eu não posso esquecer. Aquela sensação ainda tem me perseguido, o medo constante dela ainda estar com raiva de mim e eu não sei como mudar isso. 

Paola estava os dedos em frente ao meu rosto, enquanto eu estava encarando um ponto qualquer daquela parede, ela devia estar falando comigo e eu comecei a ficar presa nesse desvaneio e nem tinha notado. Me ajeitei na minha cadeira e a encarei me desculpando por não te-lá escutado antes. Paola parecia me analisar ao me encarar de cima a baixo.

Paola: O que está acontecendo com você ?- Ela se apoiou em minha mesa e em nenhum momento desviou sua atenção do meu rosto 

Lisa: Me desculpa, passei quase a noite toda acordada - Tentava pensar em uma boa desculpa que a fizesse não fazer mais perguntas- Muitos trabalhos da faculdade, você deve imaginar como é, já passou por isso.

Paola: hm, sei- Ela não acreditou na minha desculpa isso é bem óbvio - Não vou insistir nesse assunto, porque você é uma péssima mentirosa- ela saiu andando em direção a sua mesa - A psicologa só pediu para a gente encontra-lá no consultório dela - Assenti com a cabeça -Se você não estiver bem, eu posso fazer isso sozinha e eu vou entender

Lisa: Obrigada por se preocupar, mas eu quero ir até o fim desse artigo, tenho minhas responsabilidades para ser a jornalista que eu quero ser- A Paola sorriu largo 

Paola: Você vai ser uma jornalista incrível vai por mim - Ela se sentou na sua cadeira - Esses artigos sempre são muito emocionantes e fizemos um grande trabalho que infelizmente só é possível por causa das vitimas que passaram por esse inferno.

Lisa: Eu sempre achei que um jornalista não deveria se envolver desse jeito, achava que sempre deveria ser totalmente imparcial- ela me encarou e ergue uma sobrancelha 

Paola: Ninguém consegui ser imparcial totalmente, só um robô - Ela fez uma pausa - Não podemos fazer nosso trabalho sendo motivados só pelos sentimentos, mas também nunca podemos deixar de senti-los. Nós lidamos com mulheres que passaram por uma mutilação causado por quem elas achavam que eram o amor da vida delas. Não tem como não tentarmos sentir sua dor para compreende-las 

Lisa: Você está coberta de razão - Peguei meu bloco de anotações e comecei a revisar todas as informação que seria importantes, perguntas e essas coisas.

10:50

 o meu celular não tinha tido uma pausa, ele tocava a todo instante e sempre em seu visor estava "amor" com uma foto minha e da Mari no início do nosso namoro. Eu deixei meu celular no escritório, fui até uma cafeteria que eu gostava, a mesma que encontrei aquela garçonete/ Carla.  Pedi meu café preto de sempre, me sentei em uma mesa nos fundos, como já tinha  feito toda a minha parte eu poderia ficar um tempo aqui e também tem um relógio pendurado na parede, então eu não iria me atrasar.

...: Eu não sabia que você realmente era cliente desse lugar- Era a ruiva de cachos, Carla. 

Lisa: Gosto do café daqui -  Ela estava sem uniforme, então imagino que estava de folga - Quer se sentar? - Ela assentiu e se sentou na cadeira de frente para mim.

Carla: Como você está? Sei pelo menos só de te olhar que não deve ter dormido nada pelas suas olheiras- 

Lisa: Está tão visível assim? 

Carla: Sim, mas só para quem já passou por algo parecido com isso, então fica tranquila.

Lisa: Foi só um problema de insônia - Ela negou com a cabeça - Por que tem tanto interesse nisso?

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