Ironia

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Bonney: Mas que grande filho de uma puta!

Ela reclamava batendo o pé no chão.

Tamanegi: Sim! Como ele pensa que pode falar com o capitão daquele jeito?

Ele aperta o punho da espada de madeira.

Zoro: Isso é o de menos. Vocês sentiram também não foi?

Ele pergunta pros outros, menos o Luffy que não estava ali.

Bonney: Tsc, sim. Argh, aquele cara com certeza não é normal.

Nami: Eu sei, a frieza nos olhos dele...

As crianças não perecem entender a conversa e olham pra eles buscando um esclarecimento.

Zoro: Esquece moleques, não é papo pra vocês. Cadê o Luffy hein? A gente não vai conseguir um barco aqui e eu tô com uma sensação ruim
.
Zoro olha de um lado pro outro e vê o Law encarando fixamente algo com uma cara de dúvida. Logo os outros percebem isso também.

Law: Que porra é aquela?

Um homem está andando de costas na direção deles fazendo um moonwalk.

...

Usopp estava sentado numa colina pensativo encarando o mar.

Luffy: Yo, tá tudo bem?

O moreno pergunta pulando de uma árvore e sentando ao lado do filho do atirador, que por sua vez pensou que teria um ataque do coração com esse susto.

Usopp: Eu... eu sei lá... Não me sinto mal pelas coisas que eu falei nem por ter socado ele, mas... eu tô preocupado com o que a Kaya pensa de mim agora...

Luffy: Entendi, você não quer que sua namorada termine com você.

Ele tem uma reação um pouco exagerada ouvindo isso.

Usopp: ELA NÃO É MINHA NAMORADA, É QUE EU...e bem...ela...cê sabe...

Pela primeira vez naquele dia Luffy olha pra ele como o resto de seus amigos olharam, como se olha pra um imbecil.

Usopp: De todo jeito, isso não importa... Espero que ela não me odeie...

Ele volta a olhar o horizonte. Luffy cruza os braços e também encara aquela mesma paisagem.

Luffy: Se ela for te odiar só por causa daquilo ela não vale a pena.

Usopp tenta socar e Luffy só puxa o cano e bloqueia o soco com ele, fazendo o de macacão ficar balançando a mão de dor.

Usopp: Não ouse falar assim dela!

O moreno encara um pouco surpreso. Uma silhueta de um garoto de sardas apareceu em sua mente.

Ace: Luffy presta atenção, se alguém algum dia ousar falar mal da sua garota na sua frente ou na frente dela, a não ser que ela mesma desça a porrada neles então você que tem que fazer isso.

Um sorriso meigo aparece no seu rosto.

Luffy: Me desculpa.

É um pedido tão sincero que Usopp é pego de surpresa.

Usopp: Contanto que você não faça de novo.

Eles ficam em silêncio até Luffy fazer um questionamento que tem estado em sua cabeça desde aquele momento na mansão.

Luffy: Quem era aquele cara?

Usopp demora alguns segundos até entender de quem ele estava falando.

Usopp: O Klahadore? Ele é tipo o mordomo chefe ou sei lá que cargo ele tem. Ele chegou uns três anos atrás, algum tempo antes dos pais da Kaya morrerem. Ouvi que eles salvaram a vida dele ou algo do tipo e desde então eu acho que ele é o mais perto de um pai que a Kaya tem.

O narigudo não parece pensar muito sobre isso mas o capitão dos Chapéus de Palha acha algumas coisas estranhas.

Luffy: "Três anos atrás hein..." Ei, Usopp, como os pais dela morreram?

Usopp: Hmm, num acidente.

O garoto do chapéu de palha continua pensativo até algo, ou melhor uma pessoa, chamar sua atenção pelo canto dos seus olhos.

Luffy franze as sobrancelhas e se esconde dentro de uma moita puxando Usopp pra uma também.

Usopp: O que você t-

Luffy tampa a boca dele com a sua mão cicatrizada, faz um gesto de silêncio usando o indicador da outra e depois usa ele para apontar para uma direção aonde tinha duas pessoas.

Um era o próprio Klahadore e o outro era um homem com um casaco azul e chapéu da mesma cor, uma camisa branca por baixo e calças verdes um pouco mais claras que suas luvas, um óculos vermelho em forma de coração, seu cabelo era branco e uma espécie de tronco listrado saia de seu queixo.

Nenhum deles parece perceber a presença de Luffy ou de Usopp.

Klahadore: Está tudo de acordo?

O outro mantém a mão no chapéu.

???: Sim capitão. Ninguém suspeita de nada.

Ouvindo isso o de terno respira fundo.

Klahadore: Primeiramente Jango, nunca mais me chame de capitão!- tanto o de óculos de coração quanto Usopp tremeram com a intenção assassina que ele liberou falando isso- e segundamente... não é pra você andar de costas no meio da vila! Tem merda na cabeça?

Jango: F-f-foi mal capi-, eu digo, Kur-

Klahadore: Klahadore.

Jango: Sim, Kuro, quer dizer, Klahadore.

Ele fala dando um passo pra trás. Nesse momento Usopp arregala tanto os olhos que suas pupilas lembram mais cabeça de agulhas.

Klahadore, agora chamado de Kuro, bufa. Não dá pra dizer se é de cansaço ou irritação.

Kuro: Com tanto que você não estrague todo amanhã não importa.

Jango: Relaxa cap-, digo Kur-, digo Klahadore.

Kuro: Puta que pariu eu to cercado por imbecis.

O de cosplay de dançarino dá um sorriso forçado.

Jango: Tá tudo bem. De todo jeito, amanhã é o resultado de três longos anos, o que poderia dar errado?

Kuro ajeita seu óculos usando a base de suas mãos.

Kuro: Nada deve dar errado. Eu joguei três anos da minha vida fora pra aquela vadia e agora está na hora de receber meu pagamento.

Luffy permanece estoico perante o que é dito pelo "mordomo" já Usopp começa a tremer de raiva e medo, mas o moreno bate na cabeça dele e sussurra pra ele ficar quieto.

Kuro: Amanhã a essa hora todo meu esforço será recompensado.

Jango: A gente vai atacar pela manhã né? Tem suprimentos o bastante na vila? E mulheres? Porque depois de três dias parados naquele barco eu acho que aqueles caras já tão ficando malucos. Tenho pena da pobre coitada que cair na mão deles.

Kuro: Depois que acabarmos vocês podem ter cerveja, comida, mulheres, o que quiserem. Se quiserem estuprar aquela garotinha mimada também eu não me importo.

Parecia que todo o sangue de Usopp tinha ido pra cabeça de ódio. Antes que ele percebesse Luffy já tinha pulado. Ele puxou o cano de aço das costas com o braço direito e planejava bater direto na cabeça do Kuro, só que esse reagiu a tempo bloqueando com seu braço esquerdo e dando um pequeno salto pra trás.

O chapéu que estava acima do seu chapéu de palha caiu, e os óculos escuros também. Kuro tem uma pequena surpresa ao reconhecer o pirata.

Ele é empurrado pelo impacto até a beira do mar, Jango ficou tão assustado e sem entender o que aconteceu que nem reagiu ainda. Usopp já saiu da moita e encara o confronto na praia com medo.

Kuro: Quem diria?

Ele olha pro Luffy e depois pro Usopp e ajeita seus óculos mais uma vez usando somente a base da palma das mãos. Só que comparado a antes a maneira que ele mexe o braço esquerdo é um pouco estranha. Ele podia estar sorrindo confiante mas sabia que quase quebrou o braço agora. Se ele não tivesse dado aquele salto pra trás o impacto com certeza teria feito o estrago.

Kuro: O famoso Chapéu de Palha estava na ilha. Por acaso é seu amigo Usopp.

Ele olha de relance pro narigudo e isso é o bastante pra fazer as pernas perderem a força, todo seu corpo está tremendo, a imagem daquele homem que ele sempre pensou ser só um simples mordomo de repente estava se contorcendo a uma figura capaz de lhe dar pesadelos só de ser mencionada.

Luffy fecha o punho direito pronto para dar um soco usando seus poderes no cara de óculos a sua frente quando ele ouve um grito do topo da colina. Olhando ele vê o dançarino com anéis de aço apontados pro pescoço do Usopp.

Luffy: Usop-

Imaginando que o garoto teria abaixado a guarda Kuro puxou uma faca e tentou acertá-lo nas costas só que Luffy se virou rapidamente e bloqueou a lâmina com sua própria arma.

Luffy: Fica de esqueminhas e ataca pelas costas, você com certeza é um puta de um covarde.

O sorriso do assassino só aumenta ao ouvir isso.

Kuro: Diga o que quiser, palavra de escória pirata não vale nada mesmo.

Uma competição de força começa entre os dois, enquanto Kuro só usa o braço direito, Luffy, que já era mais forte antes, usa os dois. O mordomo psicopata sabe que está em desvantagem, só que ele logo percebe um fator crucial e seu sorriso toma um tom mais doentio ainda.
Ele dá um salto pra trás e guarda a faca.

Kuro: Jango vamos embora.

Esse, que ficou o tempo todo mantendo Usopp como refém, ficou surpreso ao ouvir as palavras de seu ex-capitão.

Luffy: Quem disse que eu vou deixar?

Ele estava prestes a atacar novamente.

Usopp: AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!

Só que Usopp foi jogado de cabeça pra baixo e com certeza quebraria o pescoço se caísse. Não querendo deixar seu novo amigo morrer Luffy dá um salto e o pega no ombro como um saco de batatas. Ele sente Kuro passando por perto mas ao olhar pra cima de novo os outros dois sumiram.

Jogando o narigudo na areia o moreno pula novamente para a colina mas já não vê nem mesmo uma sombra.

Luffy: Tsc! Vamos ver se você vai longe.

Uma massa escura começa a sair de sua sombra.

Usopp: O QUE É QUE VOCÊ TÁ FAZENDO?!

Olhando pra baixo ele vê o mentiroso com as pernas tremendo de medo mas no seu rosto só tinha determinação.

Usopp: RÁPIDO TEMOS QUE IR AVISAR O PESSOAL DA VILA!

Ele fala já correndo pela ladeira indo direto pelo caminho de terra. Luffy suspira, se ele tentasse usar o buraco negro agora provavelmente ia acabar puxando o narigudo, além do que eles já devem estar longe. Também tem o fator de que fazer um buraco negro numa ilha que eles tão tentando pegar um barco talvez não seja a melhor das ideias. Guardando mais uma vez o cano nas costas ele seguiu o Usopp.

Não demora muito pra ele ultrapassar o narigudo e ver seus companheiros no meio da estrada.

Luffy: Ei. Aquele mordomo é coisa ruim.

Ele fala ao alcança-los.

Usopp: Coisa ruim... aff... é pouco... Espera... deixa eu... recuperar o fôlego...

Disse sentando no chão e se apoiando na cerca. Depois de respirar fundo ele se levanta.

Usopp: Você por algum acaso ouviu algo do que eles falaram? Aquele cara é o capitão Kuro!

Somente Law reage um pouco surpreso a esse nome.

Usopp: Se o bando dele invadir aqui amanhã vai todo mundo...

Ele morde os lábios inferiores tentando não chorar. Luffy então explica tudo que aconteceu pro resto do pessoal.

Law: Capitão Kuro... achei que estava morto.

Bonney: Conhece ele?

Ele diz que sim acenando com a cabeça.

Law: Kuro dos 1000 planos. Um dos piratas mais temidos do East Blue até três anos atrás quando ele foi capturado e morto pela marinha.

Luffy: Três anos? Aquele cara chegou aqui há três anos.

Law: Entendi...

Zoro: Isso explica aquela aura assassina.

Nami: Sinceramente, saímos de um pirata psicopata para outro.

As três crianças estavam completamente abismadas. Eles abriram a boca pra perguntar alguma coisa.

Law: Esquece moleques, é melhor vocês só irem pra casa e fingir que não ouviram nada.

Eles queriam protestar, negar o que o tatuado falou, só que até o homem que eles consideram seu capitão lhes surpreende.

Usopp: Ele tem razão. Garotos, vão pra casa.

Os três parecem incrédulos ouvindo isso do capitão que eles tanto respeitam.

Tamanegi: Mas capitão a gente não pode só ir pra casa!

Piiman: Sim, a gente tá no mesmo barco!

Ninjin: Não podem-

Usopp: VOCÊS SÃO SÓ CRIANÇAS! Vão pra casa.

Primeiro eles ficam assustados com o grito, mas o susto logo se torna raiva que faz eles chorarem.

Tamanegi: QUER SABER! VOCÊ É SÓ UM IDIOTA!

Piiman: TOMARA QUE OS PIRATAS PEGUEM VOCÊ!

Ninjin: BOBÃO!

Então eles saem correndo tentando esconder as lágrimas.

Luffy encara os moleques indo embora com uma cara de besta.

Luffy: Alguém tem que ensinar essas crianças a xingar direito.

Nami dá um tapa no topo da cabeça dele.

Nami: ESSE NÃO É O PROBLEMA!

Todos encaram Usopp que está olhando o chão, não dá pra ver sua expressão.

Usopp: Eu... eu não sei o que vocês vão fazer agora mas eu preciso avisar a vila!

Ele tenta correr só que Law segura seu braço.

Law: Espera, vamos recapitular. Pelo que o Kuro nos disse mais cedo eu vou assumir que você não tem a melhor das famas aqui nessa ilha.

Usopp queria refutá-lo mas não dá pra negar a verdade.

Law: Ele tá aqui a três anos vivendo como mordomo da madame rica. Agora porque você acha que ele foi embora mesmo vocês dois sabendo o plano?

Usopp fica pensativo mas não encontra a resposta.

Luffy: Porque eu sou um pirata procurado...

Law concorda e complementa.

Law: E ninguém confia no narigudo aí.

Ouvindo isso sua primeira reação é negar veementemente.

Usopp: Não, não, eu tenho certeza que-

Law: Ah é? Luffy volta pra onde os barcos tão, eu vou provar uma coisa pra esse idiota e aí a gente decide o que fazer.

O capitão acena com a cabeça e vai pra praia do norte dando a volta pela vila enquanto o resto vai falar com o primeiro morador que encontrarem.

Law: Oi senhor- ele falou para um homem que parecia ter uns quarenta anos- o mordomo que cuida da ricaça a uns três anos é um pirata que se fingiu de morto e que pretende atacar a vila amanhã com sua antiga tripulação.

O homem franze as sobrancelhas e encara o grupo, mais especificamente o famoso mentiroso da vila.

Senhor: Escuta aqui Usopp você não deveria envolver pessoas de fora nessas suas pegadinhas sem graça! Tem limite pra tudo!

Ele passa a ignorar eles e vai pra casa irritado.

Usopp: Ma-

Law passa o braço envolta do pescoço dele e o arrasta pra fora dali. Juntos eles vão todos pra praia.

Luffy está enconstado em Ucy encarando o céu de final de tarde quando eles chegam.

Luffy: E aí?

Sem nenhuma gentileza o cirurgião joga o narigudo no chão.

Law: Entendeu agora? Vão pensar que é só uma pegadinha idiota!

Usopp parecia prestes a chorar ao enfrentar a realidade.

Usopp: M-mas... pelo menos a Kaya-

Luffy: Usopp! É inútil. Eles não vão acreditar em você.

Os outros olham pra ele surpresos.

Nami: Ei! Não precisava dizer isso!

Luffy: Estou mentindo?

Nami dá um passo pra trás ao ver quão sério o olhar do garoto geralmente sorridente está agora.

Nami: Não... você provavelmente tem razão...

Por mais que ela não gostasse de admitir.

Usopp: Hahahahahahaha.

O riso chama atenção de todos, só que as lágrimas caindo do seu rosto entregam o quão triste ele está.

Usopp: Que piada não é mesmo? Porque eu sempre fui um idiota ninguém dá vila confia em mim... mas confiam plenamente que pretende matar, roubar e estuprar eles.

Ninguém sabe o que falar, não parecem existir palavras de conforto pra essa situação.

Usopp: Mas- ele passa o pulso tirando o catarro que saia de seu nariz- eu não me importo! EU NÃO POSSO DEIXAR ELES MORREREM!

Luffy mantém uma expressão séria.

Luffy: Pretende lutar?

Usopp: SIM!

Luffy: Está pronto para matar?

Usopp hesita em responder.

Usopp: Eu... não posso falar que estou, mesmo que eu precise eu provavelmente vou hesitar, mas... isso não é desculpa pra ficar parado.

Apesar das lágrimas e de estar sujo de catarro, a determinação dele foi sentida por todos.

Luffy: Entendi. Então vamos lá!

Usopp: Hein?

Luffy: O que foi? Eu não posso deixar um amigo que também é filho do Yasopp morrer.

O olhar do narigudo se ilumina.

Usopp: Então? V-vocês vão me ajudar?

Luffy só dá um sorriso.

Bonney: Bom, se essas são as ordens do capitão.

Ela fala parecendo bem satisfeita com essas ordens.

Zoro: Bem que a gente tá parado a tempo demais, um pouco de exercício vai cair bem.

Ele diz se esticando de um lado pro outro.

Law: Pena que o Kuro é considerado morto, a fama do nosso bando ia aumentar ainda mais quando matássemos ele. Acho que não dá pra ter tudo sempre.

Nami: Não me confunda com vocês loucos... mas- ela parece pensar algo, ninguém naquela praia sabe dizer o que- eu também não tô afim de deixar pessoas inocentes morrerem.

Ucy: GRRRR!

O tigre parecia declarar seu apoio também.

Usopp encarou todas aquelas pessoas e por um segundo imaginou-os como o maior grupo presente no East Blue. Lágrimas continuavam saindo de seus olhos, mas dessa vez não era de tristeza.

Ele faz uma reverência para todos eles.

Usopp: MUITO OBRIGADO!

Ele sabia, amanhã eles tornariam uma verdade em mentira e uma mentira em verdade

O homem mais forte do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora