A queda da família real

128 11 4
                                    

Não demorou para que Luffy entendesse que apesar de serem irmãos, Musshuru não era um imbecil, pelo menos não o mesmo tipo de imbecil, como Wapol. Velocidade, força física, artes marciais, ele era verdadeiramente treinado e esforçado em tudo isso. Inclusive sua fruta do açúcar, da qual o moreno identificou por meio do cheiro, que muitos pensariam ser inútil, era muito bem explorada em suas mãos.

Ambos os lutadores tinham pequenos ferimentos em seus corpos como cortes ou sinais de impacto, mas até agora estavam apenas aquecendo.

Luffy: Kurouzu!

Com o braço direito estendido o moreno tenta puxar o mascarado com a atração gravitacional. Ele estava em sua forma híbrida e mesmo que o oponente fosse trabalhoso, se caísse em suas mãos não seria difícil mata-lo.

Musshuru: Hahahahahaha! É disso que eu to falado! SUGAR CUBE!

Ele grita no meio do ar enquanto um grande cubo de açúcar se forma em sua frente, fazendo com que no momento em que o do chapéu de palha encostasse nele para anular seus poderes, ele invés disso encostou no cubo de açúcar que era maior que uma cabeça.

Luffy: Merda!

Luffy desfaz sua técnica e dá um salto para trás tentando desviar do ataque que vai vir a seguir.

Musshuru: Sugar blade!

Em uma demonstração de sua agilidade e flexibilidade o do cabelo rosa levanta a perna num chute, que é seguido por uma grande quantidade de açúcar em formato de uma foice. Os grãos de açúcar estavam tão compactos que realmente eram capazes de reproduzir uma lâmina, felizmente Luffy já havia se jogado para trás, sofrendo apenas um corte superficial na sobrancelha.

Sem nem piscar ele forma um buraco negro no chão abaixo dele e mais uma vez puxa Musshuru para si. A circunferência da escuridão era apenas o suficiente para não afetar os outros.

Sabendo que o mesmo truque não funcionaria duas vezes, o da cabeça de cogumelo pretendia fazer duas lâminas com açúcar no seu antebraço e jogá-las no moreno, porém antes que pudesse fazer isso se sentiu puxado para o chão, ou mais especificamente, para uma escuridão infinita.

O do chapéu de palha espera alguns segundos, ele sabia que isso não tinha importância já que tempo dentro do buraco negro é praticamente inexistente, mas é um costume.

Luffy: Liberation.

Assim que essas palavra foram proferidas o corpo do de cabelo rosa saiu voando para o alto e Luffy desfez a massa escura no chão. Em nenhum momento seus olhos saíram do inimigo, não porque ele precisava ver, mas sim porque ele conseguia sentir que Musshuru, apesar dos diversos ferimentos que seu corpo agora sustentava, ainda estava completamente empolgado e disposto para a batalha.

Musshuru: Mushushushu! Sugar bullets!

Ainda no ar, ele vira de cabeça para baixo e faz sinal de arma com suas duas mãos. Da ponta dos dedos indicadores e do meio saem pequenos cristais de açúcar do tamanho de pedrinhas, indo direto na direção do moreno.

Sem sequer fazer menção de desviar o moreno levanta uma pequena coluna de fumaça escura que absorve todas as balas.

Musshuru: Você é bom.

Pousando no chão com uma cambalhota, o mascarado fala. Sangue seco estava na ponta de sua boca e de sua máscara, sua roupa estava em frangalhos, não mais lembrando uma vestimenta de um nobre. Por todo seu corpo sangue escorria junto com outros ferimentos e excreções, algumas veias pareciam ter estourado e mesmo com tudo isso, Musshuru carregava um grande sorriso no rosto.

Tudo que acontecia ao redor, a morte dos subordinados de seu irmão, a própria vida de Wapol em perigo, ou o fato de que os piratas já tinham os cercado e estavam levando os canhões que eles trabalharam para conseguir. Nesse momento tudo que importava era a grande luta da qual ele sempre esteve atrás.

Musshuru: Mushushushu. Porra é disso que eu to falando, isso que é a luta que eu to esperando a anos! Mas- ele cerra os olhos encarando o do chapéu de palha - Tem uma coisinha que eu queria te perguntar. Que fruta é essa sua? Uma zoan mística?

Chopper e Bepo, que agora observavam fascinados o confronto do capitão dos piratas, se perguntavam a mesma coisa. Zoans místicas eram verdadeiras lendas mesmo entre as akumas no mi. Mais raras que logias e potencialmente ainda mais poderosas, frutas com diversos poderes baseados em verdadeiros mitos que são contados a milênios. Não era estranho que os três tivessem esse pensamento, Luffy estava em sua forma híbrida da sua Neko Neko no Mi modelo Tigre dos Dentes de Sabre, e usava os poderes de sua Yami Yami no Mi.

O conhecimento sobre essa logia lendária era escasso, o das cicatrizes sequer imaginava como Kureha sabia sobre, o que só demonstrava que a velha com certeza não era uma pessoa normal. De todo jeito, ao ver o que era obviamente um usuário de zoan usando esses poderes que se assemelhavam a uma logia ou algum tipo poderoso de paramecia, era a única explicação plausível.

Luffy: Pense o que quiser.

Respondeu curta e grossamente. O primogênito deu uma risada, sem realmente se importar com a resposta.

Chopper: Doutora, que tipo de animal místico ele é?

Perguntou o de nariz azul inocentemente. Ouvindo a questão de seu aprendiz a velha não consegue evitar dar uma risada.

Bepo: Hmm? O que foi doutora?

Os dois olham para ela em dúvida, sem entender o que achou tão engraçado.

Kureha: Não é nada- diz limpando uma pequena gota de lágrima que se formou no canto de seu olho esquerdo- apenas que, aquele garoto não é usuário de zoan mística.

Ambos arregalam os olhos encarando-a como se ela tivesse falado algo completamente sem nexo, e para muitos realmente iria parecer assim já que seria impossível ele ter dois poderes distintos ao mesmo tempo.

Vivi: O Luffy- a princesa começa a falar dando um susto em Chopper e Bepo, sequer haviam notado quando ela apareceu -tem mais de uma akuma no mi.

Diz sem tirar os olhos da luta do moreno.

O queixo dos dois humanoides bate no chão quando ouvem essas palavras.

Bepo: Mas isso é impossível!

Ele falou com as duas mãos na cabeça parecendo quase estar em pânico.

Chopper: É! Mesmo que isso seja verdade ele deveria estar morto! A não ser que ele fosse um monstro!

O pequeno articulava exageradamente apontando pro do chapéu de palha. Só que quando terminou de falar isso entendeu o que havia dito, trazendo lembranças horríveis, e abaixou a cabeça envergonhado.

Vivi no entanto apenas deu um sorriso para ele, o surpreendendo já que esperava que ela fosse reagir mal depois de chamar o amigo dela de monstro.

Vivi: Sim, ele é um monstro.

Não havia vergonha, receio ou medo nas palavras. Na verdade parecia ter admiração e até um certo orgulho, confundindo completamente a pequena rena de nariz azul. Ele mais uma vez vira seu rosto para observar a luta do pirata e do mascarado, só que agora ele observava com curiosidade e interesse o moreno. Pela primeira vez se perguntou como seria fazer parte da tripulação de alguém assim.

Musshuru: Sugar Bomb!

Grandes esferas do tamanho de uma cabeça se formavam nas mãos de Musshuru enquanto ia jogando todas essas esferas em Luffy. Elas deveriam explodir em pequenas partes perfurantes, somando a força do impacto com o corte, porém na frente do usuário da Yami Yami no Mi, projéteis poderiam ser bem inúteis. Ele apenas absorvia tudo num buraco negro.

Musshuru: "Eu não posso chegar perto que se não sou puxado por aquele buraco, se ele me tocar perco meus poderes, e mesmo numa luta corpo a corpo ele é meu páreo."

Analisando a situação como um todo, não importa como se viesse isso, era claro que o de cabelo rosa estava na desvantagem. E ele nunca se sentiu tão empolgado em toda sua vida.

Luffy: Kurouzu!

Com o braço direito esticado, o cicatrizado puxa o cabeça de cogumelo para segurá-lo. Mais uma vez vendo essa técnica sendo repetida o usuário da Sato Sato no Mi tenta lançar balar de açúcar cristalizadas, elas causariam algum dano mesmo com Luffy na forma híbrida, mas não chegariam a encostar nele.

Luffy não entendia o que estava acontecendo com ele, mas ele conseguia observar claramente os golpes do mascarado. Julgou que fosse apenas sua zoan, afinal era a primeira vez que lutava usando ela, provavelmente seus instintos tinham ficado mais afiados. Estranhamente ele sentia que havia algo mais, mas não conseguia apontar o que era.

De todo jeito, sem dificuldades correu para frente, desviando de todos os ataques de Musshuru, que não conseguiu evitar ser capturado mais uma vez. Ele apenas sorria enquanto um punho era direcionado a seu rosto, a atração gravitacional é desfeita e ele é até a parede do castelo.
Sangue escorre de sua testa, uma parte de seu rosto está inchada, ele está sem fôlego, e começou a ficar difícil se manter em pé, eram muitos ferimentos sendo acumulados. Com a mão esquerda se apoiando no chão e a direita no joelho, ele respira fundo antes de continuar.

Musshuru: Sugar Crystal!

Ao invés de simplesmente jogar algo no de chapéu de palha ou ir para cima mais uma vez, o primogênito de Drum faz uma abordagem um pouco mais estratégica. Com o tanto de neve no chão, era mais difícil notá-la sem olhar bem, coisa que alguém normalmente não teria no meio de uma batalha como essa.

Os grãos que haviam sido cuidadosamente colocados pelo cabeça de cogumelo instantaneamente cristalizaram, e alguns se formaram em volta de Luffy, prendendo-o antes que pudesse tentar escapar. Aquilo poderia ser apenas açúcar cristalizado, mas era um caso semelhante a da Doru Doru no Mi, o que deveria ser frágil na realidade tinha uma resistência absurda. Mesmo com a força do tigre de dentes de sabre em forma híbrida levaria algum tempo para Luffy se soltar.

Musshuru: Sugar blade!

Ele deixa sua mão direita reta e uma lâmina similar a de uma navalha, só que de açúcar cristalizado, se forma. Com um salto ágil ele pula para esfaquear o pescoço do pirata, havia sido uma boa luta, mas iria acabar agora.

Vivi aperta suas mãos tensas, mas a muito tempo aprendeu a confiar em Luffy, ela sabia que daria tudo certo. Chopper e Bepo observavam a luta sem piscar, simplesmente não conseguiam conceber perder um único detalhe. E Kureha bebia tranquilamente, mas também não tirava os olhos do confronto, afinal, ver o usuário da Yami Yami no Mi lutando era um evento único na vida para muitos.

Mesmo não conseguindo se livrar facilmente dos cristais de açúcar que o prendiam o moreno estava tranquilo. Antes mesmo de Musshuru chegar perto dele seu corpo inteiro foi coberto por uma fumaça escura e assim que ela se desfez, estava livre. Ele também não se encontrava mais em sua forma híbrida, o que confundiu o mascarado.

Batendo o pé direito com força no chão ele causa uma explosão, o que faz a rena e o urso polar arregalarem os olhos, e salta interceptando o de cabelo rosa. Isso estava completamente fora das expectativas do primogênito, impedindo-o de reagir a tempo. Com a palma direita de sua mão aberta, e com uma massa escura em espiral nela, Luffy absorve a lâmina e a mão do inimigo dentro de um pequeno buraco negro, que logo é desfeito, arrancando todo o membro dele.

Pela primeira vez a dor realmente nubla os pensamentos de Musshuru, ele não consegue reagir e nem percebe o grito que saí do fundo de sua própria garganta.

Após se livrar do membro arrancando jogando ele em uma parte qualquer da neve, o do chapéu de palha leva seu punho direito de encontro com o rosto do de cabeça cogumelo. Outra explosão acontece, o nariz de Musshuru virou apenas uma massa nojenta de carne e sangue amassada, sua máscara foi destruída e um de seus olhos está tão esbugalhado que parece que vai sair a qualquer momento. Vários dentes quebraram em sua boca ou simplesmente caíram.

Ele dava alguns passos para trás zonzo, seu cérebro chegou no limite e não conseguia mais processar tanta dor. Como golpe de misericórdia Luffy dá um último soco no pescoço dele, mais uma explosão acontece abafando o barulho dos ossos se quebrando, e sem chance de resistência, Musshuru caí ao chão.

Luffy: Uff- ele dá um suspiro de alívio e senta na neve, sangue cobre quase tudo ao redor dele -Essa fruta parece legal também, pelo menos dá pra fazer açúcar infinito. Aposto que a Bonney adoraria isso, shishishi.

Sem se importar com os olhos abismados da rena de nariz azul e do urso polar falante, o do chapéu de palha botou sua mão direita, coberta por escuridão, no cadáver do seu antigo inimigo. Foi apenas uma questão de poucos segundos para ele levantá-la e uma fruta do diabo aparecer em suas mãos. Ela tinha a aparência de um morango, mas era branca e tinha as espirais padrões de akumas no mi. Fechando seus punhos em volta dela, ele sente a onda causada pela essência, ou talvez pelo demônio, passando por seu corpo. Ainda era desconfortável, mas ele estava se acostumando.

Mikita: Parece que o Luffy conseguiu outra fruta interessante.

Disse a dos limões tendo observado toda a luta e o ocorrido. Ela sorria alegre pelo capitão, assim como imaginava se poderia usar o açúcar dessa fruta em suas receitas.

Zoro: Tsc, eu que queria ter lutado com aquele cara.

Já o esverdeado ainda não tinha passado dessa.

Marianne: Agora só falta...

Todos viram seu rosto para encarar o último vivo da antiga linhagem que uma vez governou esse país.

Quando estava em seu auge Wapol nunca teria sido tocado por Dalton, afinal ele tinha todo um exército e os dois melhores guerreiros de Drum em sua disposição. Mesmo que ele tenha passado algumas meses como um pirata ele ainda tinha tudo isso e agora inclusive o apoio de seu irmão. Mas tudo isso foi perdido, seu exército estava morto, seus mais leais homens e seu irmão mais velho, que era sua carta na manga, também haviam sido brutalmente mortos. Ele estava sozinho, era fraco e estava cercado por pessoas que odiavam ele.

O da túnica verde, em sua forma híbrida, desvia facilmente de todos as tentativas do tirano de devorá-lo. Em sua mão estava um outro machado que ele usava para cortar mais e mais o seu antigo rei. O corpo do de cabelo roxo ostentava diversos cortes, alguns mais superficias e outros mais profundos.

Wapol: Dalton... você vai se arrepender disso!

Até em uma situação como essa ele tentava mantes sua pose de superior.

Dalton: Você ainda não entendeu?! OLHA EM VOLTA! TODOS OS QUE TE APOIAVAM ESTÃO MORTOS!

Relutantemente o do queixo de aço observa seus arredores, vendo até mesmo o irmão, do qual ele só estava usando, morto. Ele dá alguns passos pra trás assustado, mas ainda se nega em declarar derrota.

Wapol: EU AINDA TENHO UM EXÉRCITO INTE-

Porém o espadachim o interrompe.

Zoro: A, aqueles caras? Eu matei todos eles.

Disse casualmente.

Finalmente Wapol começou a sentir desespero.

Wapol: Isso é mentira! EU SOU REI DESSE PAÍS! VOCÊS NÃO PODEM TOCAR EM MIM!

Ele parecia lunático agora, praticamente negando a realidade, sem entender como alguém da posição dele terminaria assim.

Sem considerar nada do que esse homem falava, Dalton deu passos firmes em direção a ele. A pessoa que foi a causa de sofrimento de muitos desse reino, a pessoa que destruiu dezenas apenas porque quis, a pessoa que ele obedeceu por tempo demais, e agora seria um homem morto.

Wapol: Fique longe! FIQUE LONGE DE MIM!

Gritando isso ele abre sua boca o máximo que consegue para tentar devorar seu antigo subordinado, mas de repente sente uma mão o puxando para o chão, sua boca se fecha contra sua própria vontade e pela primeira vez desde que comeu sua fruta, ele não sente fome. Quem o segurava contra o chão era Luffy.

Wapol: CHAPÉU DE PALHA?! O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO PIRATA IMUNDO?!

O moreno sequer se preocupou em responder. Dalton estava agora na frente dos dois, seus olhos não saiam do homem que foi responsável por nada mais do que tragédia nesse país. Foi somente nesse momento que Wapol entendeu que essa seria sua morte.

Wapol: ESPEREM! SE VOCÊS ME SOLTAREM EU VOU LHES DAR AUTORIDADE, PODER! PODEM SER MEUS VICE-REIS!

Novamente nenhum dos dois deu atenção a suas palavras. Ele se contorcia e se debatia, mas era inútil.

Wapol: DRUM É ALIADA DO GOVERNO MUNDIAL! SE ME MATAREM VÃO PAGAR!

Naquele momento, quando ia finalmente acabar com a vida de quem tanto fez seu povo sofrer, Dalton tinha uma expressão neutra.

O machado desceu, a lâmina foi pintada pelo carmesim do sangue do último membro da realeza do reino de Drum. Sua cabeça sem vida rolou pelo chão, sua expressão ainda era incrédula, ele morreu sendo tão patético quanto foi em vida. Ambos o pirata e o do cavanhaque estavam sujos do sangue dele, mas nenhum dos dois se importava. Na realidade, pela primeira vez em anos, Dalton se sentia limpo.

Vivi não pode deixar de empalidecer um pouco, ainda não estava acostumado a ver gente morrendo, principalmente de forma tão brutal assim. Porém ela também estava de certa forma aliviada, surpreendendo até a si mesma, sabendo que esse país ficaria bem agora. No fundo de sua mente ela evitava pensar que esse poderia ser o destino de seu pai caso eles falhassem em impedir Crocodile.

O homem mais forte do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora