Me Desculpe

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Sergio desceu do carro ao mesmo tempo que Juliana estacionava na garagem. Ela desceu do carro com os remédios que havia comprado para Valentina.

—Desculpe. A farmácia estava cheia.

—Ela está no sofá. _Sergio olhou para a casa e parou por um momento, um olhar de preocupação evidente em seus olhos.

—O que há de errado Sergio? Ela está bem? _Juliana começou a entrar em pânico.
—Você não pode me deixar aqui sozinha com ela, se ela não estiver bem. Não tenho idéia do que estou fazendo.

—Calma. Ela vai ficar bem. _Sergio assegurou.
—Valentina é uma pessoa muito reservada. A única razão de eu estar aqui é porque sou uma das pessoas em quem ela realmente confia neste mundo. E, aparentemente, agora ela está confiando em você.

Juliana balançou a cabeça lentamente.

—Eu não tenho idéia do porquê.

—Eu também não tenho idéia, francamente. Ela mal conhece você. E um contrato de confidencialidade dificilmente a qualifica para cuidar dela.

—Isso é o que eu tentei dizer a ela! Você tentaria convencê-la?

—Não é minha decisão. _Sergio tirou as chaves do bolso e mexeu nelas.
—Olha, se você precisar de alguma coisa, me ligue primeiro. Vou mandar enviar um pouco de coisas do mercado para vocês amanhã e ligar de vez em quando, mas o que eu acho que ela quer é recuperar sua privacidade. Sem visitantes. E sem fotos de seu rosto. Mesmo que seja apenas para se divertir. Não precisamos de ninguém para acabar hackeando seu telefone e vendendo as fotos para o melhor comprador.

—Entendido. Mas e se sua família aparecer?

Certamente Valentina tinha uma família que queria intervir para ajudá-la em sua recuperação, ou pelo menos vir para verificar seu bem-estar. Juliana não se sentiria à vontade em mandar a família embora dali.

—Ela é filha única. _disse Sergio.
—Os pais dela são divorciados. Ela não é próxima do pai. Nós os avisamos, mas ela já está evitando a mãe, esperando que ela fique longe. ­_ele abriu a porta do carro.
—Vou ligar hoje à noite para ver como ela está.

Juliana esperou até que a porta se fechasse e o carro de Sergio saísse, e então entrou em casa. Encontrou Valentina recostada no sofá. Ela se sentou na mesa de centro e inspecionou o rosto de Valentina de perto, observando sua cor e o subir e descer do seu peito enquanto ela respirava. Ela parecia estar descansando bem no momento. Quando ela estava quase se levantando, Valentina abriu os olhos.

—Precisa de algo? _Juliana perguntou a ela.
—Um copo de água, um cobertor, voltar no tempo?

Valentina não sabia por onde começar. Ela precisava de comida, mais remédios. Ela precisava tomar um banho. Ela precisava lavar o cabelo. Ela precisa chorar.

—Eu estou fedendo. _ela sussurrou.

—Sim, você está péssima. Eu posso sentir seu cheiro daqui. _Juliana disse a ela brincando e segurando o nariz.

— Você poderia me ajudar?

A voz de Valentina soou mais fraca do que no hospital. Ela tentou ser corajosa e agir como se fosse mais forte do que era, apenas para receber alta e ir para casa. Ela estava tão feliz por estar em casa, mas também não tinha força para nada além de respirar e até mesmo isso doía.

—Hmm... _Juliana disse considerando suas opções.
—Que tal eu colocar um saco de lixo em volta do gesso e ajudá-la no banho?

Valentina acenou com a cabeça, com lágrimas se formando em seus olhos. Ela não tinha certeza se concordava, mas ela queria desesperadamente se sentir limpa novamente. As enfermeiras fizeram o que puderam, mas ela ainda tinha sujeira sob as unhas da queda e parecia pegajosa em todos os lugares. Sem mencionar seu cabelo emaranhado e oleoso.

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