Vamos fazer isso

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Três semanas depois, Juliana estava empacotando as coisas do seu pai quando ouviu uma batida na porta. Ela limpou as mãos na camisa e olhou pelo olho mágico.

—Ah, Deus. Você me encontrou.

—Posso entrar?

Juliana abriu a porta.

—Entre.

Sergio parecia diferente.

Ele estava mais magro?

—Então? O que o traz a Nova York?

Sergio colocou uma bolsa de terno no sofá e olhou em volta.

—Olá para você também Juliana. _disse olhando as fotos na parede.
—Você é tão linda quanto sua mãe.

Juliana continuou colocando os livros em uma caixa.

—Vá direto ao ponto Sergio. O que você precisa de mim agora?

—Não, não, não é o que você imagina. _sua voz estava mais suave do que o normal.
—Não tenho certeza do que dizer a você, estando aqui no apartamento de seu pai. _ele apontou para a caixa.
—Posso ajudá-la com isso?

Os ombros de Juliana relaxaram, Sergio não era o seu inimigo. Na verdade, ele poderia ser um bom aliado quando quisesse. Ela colocou os livros de lado e deu a ele toda a sua atenção.

—Tudo bem, me desculpe.

—Bom... _Sergio enfiou as mãos nos bolsos.
—Estou preocupado com você, com sua saúde e com Valentina. Eu espero não ter arruinado a vida de todos nós.

A expressão triste de Juliana se transformou em uma de dor quando ela franziu a testa.

—Acho que ainda não há veredicto sobre isso._ela não conseguia olhar para ele e se voltou para os livros.

Sergio se aproximou dela e a abraçou de lado.

—O que posso fazer?

Juliana agarrou um dos livros, tentando conter suas emoções. Ela não queria chorar na frente de Sergio, mas nunca se sentiu tão abandonada em toda a sua vida. Ela havia perdido seu pai, Valentina e sua confiança nela. Ela estava naquele apartamento tentando decidir o que fazer com as coisas de seu pai, o que doar e o que manter. Cada coisa tinha uma pequena memória. Até as gravatas eram especiais, porque Juliana as havia escolhido para ele. O bom seria guardar tudo nas caixas, ou não... O melhor mesmo era doar a maioria, assim que ela pudesse reunir coragem.

Os dois ficaram surpresos quando Juliana começou a chorar. Sergio apenas ficou ao seu lado com um braço em volta dela.

—Shhh... está tudo bem. Tudo vai ficar bem, vamos consertar tudo isso.

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Sergio pegou a cerveja que Juliana ofereceu a ele.

—É surpreendente, aqui tem uma visão muito boa.

Juliana encostou-se no metal da varanda.

—Fica melhor depois do meio-dia e se você virar a cabeça para a direita consegue ver o rio.

Sergio olhou para Juliana por um momento, ela tinha se acalmado um pouco. Ela até zombou de si mesma e disse que agora se sentia claustrofóbica por estar em apartamentos em Nova York depois de ter estado em uma casa como a de Valentina.

—Valentina está na cidade. _ele tentou agir com naturalidade enquanto esperava pela sua reação.

Juliana endireitou as costas.

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