Eu estarei aqui

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Valentina não podia passar mais um dia se lamentando por todos os cantos impecavelmente limpos de sua casa vazia. Ela passou os últimos dias limpando todos os banheiros e todas as superfícies que podia alcançar. Reposicionando cada gancho em seu armário e isso não ajudou. Ela ainda estava sozinha e podia ouvir todos os sons que fazia sua casa pelas mudanças de temperatura.

E Juliana estava com Natha. E era tudo culpa dela.

—Droga! _reclamou enquanto tomava uma xícara de café.

Estúpida! Isso é o que ela era.

Juliana só queria se divertir no bar. Se soltar um pouco. Suas vidas eram difíceis agora, com seus horários tão puxados.

Por que ela não podia ver isso? Por que ela teve que ampliar a situação pensando que Juliana tinha motivos ocultos?

Ela ligou o sistema de som da casa, tocando a playlist de Juliana.

Quem coloca A Tash Sultana e Taylor Swift na mesma playlist?

Valentina sorriu, Juliana defenderia sua escolha dizendo que elas eram mulheres fortes e independentes à sua maneira. Everything has changed começou a tocar enquanto servia outra xícara de café e parou na janela que dava para a piscina, pensando na vez que havia pego Juliana dançando enquanto limpava os balcões da cozinha. Juliana não se importou, ela pegou a mão de Valentina e começou a dançar com ela, a girando, até que ambas estavam tontas e tiveram que se sustentar uma na outra para evitar cair.

Juliana era como a Luz do Sol.

Valentina piscou para afastar as lágrimas e ela piscou mais forte quando viu um movimento na casa de hóspedes. Ela quase deixou cair à xícara de café quando viu Juliana sair e caminhar lentamente em direção à casa principal, de chinelos e roupão.

Valentina colocou a xícara na mesa e a mão na cintura tentando parecer casual. Não, isso não parecia casual. Então ela colocou as mãos nos bolsos.

Juliana abriu a porta e ficou lá por um momento, olhando para Valentina.

—Você está horrível.

—Você também. _Valentina franziu a testa, porque Juliana não parecia bem.
— Quando... hum...

Valentina observou Juliana se servir de uma xícara de café e ir em direção a porta. Seu coração estava batendo tão forte que ela cobriu o peito com a mão. Juliana estava em casa e Valentina queria a chorar novamente, desta vez lágrimas de alegria. Respirando algumas vezes, ela prendeu os cabelos e saiu. Ela bateu na porta de Juliana e a abriu, deixando a cabeça entrar primeiro.

—Você está bem?

Juliana já estava escondida debaixo das cobertas, tomando seu café.

—Não se aproxime de mim. Acho que estou ficando doente.

Valentina a ignorou. Ela sentou-se na cama e tocou a testa de Juliana para verificar a temperatura dela.

—Você está queimando em febre.

—A primeira classe estava cheia e você sabe que eles colocam todos os doentes na classe econômica. _Juliana tremeu.
—Estou com frio. Você acha que poderia ser Ebola? Ou a peste bubônica?

Valentina tentou não rir.

—Agora, quem é a dramática? já volto. _ela saiu sorrindo de orelha a orelha.

Juliana estava de volta e com suas piadas idiotas novamente. Que alivio.

Poucos minutos depois, Valentina voltou com uma caixa cheia de coisas e o kit médico de Renata. Ela colocou o termômetro na axila de Juliana.

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