Sinto Muito

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É incrível como a vida pode mudar em um estalar de dedos.

Num piscar de olhos você está flutuando nas nuvens pelo amor que sente, porque finalmente encontrou o que queria. No outro você está ferido e grita bobagens no calor do momento, permitindo que seu Ego ganhe uma batalha "falsa". E depois você está...

Valentina e Sergio viraram a cabeça rapidamente.

Em menos de um segundo Sergio se levantou da cadeira e saiu correndo para o pátio, quase quebrando a porta de correr ao abri-la. Valentina não entendia o que estava acontecendo, ela não via o que ele estava vendo. Mas de qualquer maneira ela pegou o seu telefone e o seguiu em direção a piscina.

Ela chegou justo quando Sergio pulou na água sem pensar duas vezes. Com sapatos e tudo.

Mas o que...

O cérebro de Valentina não estava assimilando bem a situação, o choque do ocorrido e a surpresa do som a deixaram atordoada, ela só podia ver uma mala flutuando na beirada na piscina... Era a mala de Juliana, mas ela não conseguia fazer a ligação. Foi depois de alguns segundos que ela viu Sergio nadar, afundar e então erguer algo, e então ela o viu tirar um corpo da piscina...

--- Terceiro clique ---

–JULIANAAAAAAAAAAAAAAAA! _gritou Valentina correndo em direção à borda da piscina e o ajudando a tirá-la.

Eles a deitaram no chão e ela ficou imóvel. Sem cor no rosto.

–LIGUE PARA A EMERGÊNCIA VALENTINA! _gritou Sergio.

Valentina se ajoelhou ao lado de Juliana com o telefone nas mãos e então usou a discagem rápida e o alto-falante.

Valentina pegou o pulso de Juliana, mas não o sentiu. Ela sentia como se algo a tivesse esfaqueado.

–911 Qual é a sua emergência?

Sergio arrancou o telefone dela e respondeu às perguntas da operadora.

Mas Valentina não hesitou e lançou-se à RCP. Trinta compressões torácicas e duas respirações de resgate. Não houve resposta nos primeiros quatro ciclos de 30/2. Valentina estava perdendo a pouca sanidade que lhe restava, mas ela continuou, ela sabia que não deveria parar até que ela pudesse respirar novamente ou a ajuda chegasse. Não havia tempo para transbordar agora.

Enquanto isso, Sergio correu para abrir as portas para quando os paramédicos chegassem, sabendo que Valentina sabia o que estava fazendo. Agradeceu mentalmente a Renata na época por inscrever Valentina em um curso de primeiros socorros anos atrás.

–Vamos vamos. _murmurou

Valentina sentiu que as horas se passaram, quando de repente o corpo de Juliana teve um espasmo e ela começou a cuspir a água. Valentina ajudou-a, sentindo-se um pouco aliviada por ela respirar, mas isso não a impediu de começar a chorar enquanto a segurava a vendo a voltar a ficar imóvel novamente.

Valentina a segurou no colo, observando-a respirar. Mas sem parar de chorar. Ela estava em um estado de entorpecimento do qual não conseguia sair. Ela massageava suavemente o peito dela, tentando ajudá-la, mas Juliana nem mexia as pálpebras.

Ela ainda tem pulso, ela ainda tem pulso. Ela recitou em sua cabeça como um mantra, repetidamente.

Sergio voltou com os paramédicos atrás dele.

–Senhorita, por favor, nos dê espaço.

Valentina não conseguia se mover. Sergio percebeu isso e a empurrou com um único movimento. Levando-a para a cadeira logo atrás dele.

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