Você me tem

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Juliana estava na casa de hóspedes, sentada à mesa da cozinha esfregando a testa. Ela estava tentando decidir o que mais lamentava sobre o que aconteceu na noite passada; suas palavras ou o vinho. Definitivamente era o Vinho, mas também suas palavras.

Três dedos dentro de você? Quem diabos fala assim?

Toda aquela sedução em menos de um minuto fez com que Juliana agisse com toda aquela intensidade de sentimentos. Valentina realmente tentou levá-la para a cama naquela noite ou foi apenas um sonho estranho? Pode ter sido um mal-entendido. Tinha que ser isso, Juliana tinha ouvido mal, certo? Deus, sua cabeça doía tanto. E aquele telefone idiota que não parava de tocar com um número que ela não reconhecia.

Ele tocou de novo e dessa vez Juliana atendeu, pronta para gritar com quem tentasse falar com ela.

–Sim? Fala. _ela se levantou, mas sua expressão caiu quando ela começou a ouvir.

–Não, isso não pode ser. Não, mas apenas... NÃO, NÃO, NÃO. Oh Deus! _Juliana sentou em sua cama em prantos.

–Sim, sim. Vou o mais rápido possível.

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Valentina abriu a porta da casa de hospedes para encontrar Juliana fazendo a sua mala. Ela jogou as mãos no ar.

–Perfeito. Isso é perfeito. E provavelmente você iria embora sem se despedir.

Juliana agarrou o suéter e o vestiu, ignorando Valentina por completo. Ela colocou a mala no chão e olhou para o relógio.

–Droga. _ela sussurrou. Ela finalmente olhou para cima, revelando seus olhos vermelhos e inchados.
–Meu táxi já chegou?

Valentina suavizou o tom ao ver aqueles olhinhos tristes.

–Ok, olha... nós só precisamos sentar e conversar.

–Eu tenho que ir para o aeroporto.

–Então você vai simplesmente fugir? Bem, desta vez não vou implorar para você voltar.

Juliana agarrou sua bolsa e mala, tentando conter as lágrimas. Ela não tinha tempo para isso. Suas lágrimas poderiam esperar até que ela estivesse no avião. Ela puxou sua mala de rodinhas e foi em direção a piscina.

Valentina a seguiu até a porta lateral.

–Por favor, você poderia apenas falar comigo por um segundo? Deixe-me pedir desculpas. Eu sei que o que eu disse a você era inapropriado. Eu estava tão feliz de estar com você, eu fiquei muito animada, eu não devia ter dito aquilo. Eu não quis dizer para fazer você se sentir usada e certamente sinto muito por presumir que você só pularia na minha cama se eu pedisse, realmente sinto muito.

Juliana tentou digitar o código, mas seus dedos tremiam muito. Ela deu um passo para o lado com a respiração acelerada, ela estava prestes a hiper ventilar.

–Por favor, abra a porta.

Valentina balançou a cabeça.

–Não. Isso é ridículo, Juliana, você não pode fugir de mim. Temos que conversar. Temos que...

O rosto de Juliana se contorceu de intensa dor, enquanto um soluço profundo escapava de sua boca. Ela tentou sugar um pouco de ar, era difícil respirar.

–Meu pa..pai... _ela conseguiu soltar antes de se quebrar completamente.

Valentina conseguiu segurá-la antes que ela caísse contra o concreto, amenizando a queda. Ela conseguiu alcançar o telefone do bolso de trás, usou a discagem rápida e colocou no viva-voz. Segurando Juliana com um braço e as pernas.

The ScriptOnde histórias criam vida. Descubra agora