Tempo

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Depois de ter acompanhado Renata até o carro, Valentina voltou para casa e foi direto para o quarto. Ela entrou no chuveiro com roupas e tudo e abriu a torneira, deixando-se escorregar até sentar no chão e então chorou muito, como se nunca tivesse chorado na vida e isso era muito. Naquele momento, ela deixou escapar tudo o que havia sentido e a sufocava.

O que ela pensou foi uma traição, mas acabou não sendo.

Ela quase perdeu Juliana em seus braços, mas a trouxe a vida.

O medo de que ela parasse de respirar, o que aconteceu duas vezes.

Medo de ver sua condição no leito do hospital, medo de que ela não acordasse.

Medo de que ela acordasse e não quisesse vê-la.

Ansiedade por ela partir e... ela foi embora.

Ela perdeu Juliana, literalmente.

Suspiros de amargura, dor e raiva de si mesma. Lamentos de quem perde seu ente querido, suspiros de agonia de uma alma atormentada por seus erros.

E foi assim que uma preocupada Lúcia a encontrou ao chegar na casa da filha. Ela a encontrou sentada como uma garotinha se cobrindo com tudo de ruim que pode estar acontecendo ao redor da água.

—Minha bonequinha... _sussurrou uma angustiada Lúcia.
—Vou entrar. _e foi o que ela fez.

Ela entrou, fechou o registro e ficou no nível da filha. Ela a ergueu pelos ombros.

—Me ajude.

Ele a sentou na cama, sem se importar que ela provavelmente tivesse que trocar os lençóis em alguns minutos.

Olhou Valentina nos olhos e não precisou perguntar para saber que Juliana havia sumido.

—Levante seus bracinhos, boa menina. _sua filha estava irresponsiva verbalmente, ela apenas chorava silenciosamente.
—Vou tirar essas roupas molhadas. _ela tinha visto o suficiente da Dra. Isabella Cove para saber como tratar uma pessoa que estava nas condições da sua filha naquele momento.
—Vou buscar toalhas e roupas secas. _ela se afastou por alguns instantes procurando por tudo e voltou rápido, não querendo deixá-la sozinha.

Ela trocou sua filha como fazia quando era pequena. E depois de secar seu cabelo, pegou uma escova e começou a pentear seus lindos cabelos longos.

—Você quer me dizer algo Valen? _Lúcia perguntou baixinho, esperando nenhuma resposta, mas recebeu uma.

—Sim. _foi tão suave que ela mal ouviu.

—Ok, o que você quer compartilhar com a mamãe?

—Desculpe, mãe.

—Pelo que amor?

—Sinto muito ter deixado sua outra filha escapar das minhas mãos. _ela respiro pesadamente.
—Perdoe-me por não ser capaz de superar meus medos... por desistir.

—Ok, não se desculpe por algo que você ainda pode consertar. Você não está sozinha nisso. Todos nós queremos que vocês fiquem juntas. Você vai consertar isso, amor, eu sei que vai.

—Não, mãe, eu não sei como, sou uma...

—Shhhh, você não é nada disso. Como eu já te disse, aprenda com seus erros e volte mais forte do que antes.

—Ela não quer mais me ver.

—Ela AMA você Valentina. Ela te ama, mas ela precisa de um espaço e você vai dar a ela. Até porque você também precisa estar bem para lhe oferecer o melhor de você, porque o pior ela já conheceu e ainda assim ela te ama.

The ScriptOnde histórias criam vida. Descubra agora