Não me Provoque

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Juliana estava sentada de pernas cruzadas na cama de Valentina, parecendo um pouco ansiosa enquanto tomava café.

Valentina deu a última mordida na omelete e limpou a boca com o guardanapo.

—Eu me sinto tão estranha comendo com a mão esquerda.

—Isso é porque você é desajeitada. _Juliana dobrou a toalha que havia usado para limpar o suco que Valentina havia derramado.
—Quando encontrarmos uma namorada de verdade pra você, ela terá de amá-la pelo seu dinheiro, porque ser ambidestra não é sua praia.

Valentina riu e tentou acertar Juliana com o guardanapo.

—Vai se foder.

—Não. _Juliana piscou para ela.

—Bem, sua próxima namorada pode amá-la por causa do jeito que você cozinha. Aquela omelete estava...

—Pare de me provocar. Apenas me diga... _Juliana a interrompeu.

Valentina tentou disfarçar sua diversão, seus lábios ergueram-se um pouco nos cantos. Ela sabia que Juliana estava pirando, se perguntando se Sergio tinha gostado da idéia.

Entrar em uma série no horário nobre poderia mudar tudo para ela, mesmo que seja um papel curto. Valentina pigarreou e franziu os lábios, tentando parecer séria.

—Ele não gostou da sua idéia.

—Não gostou? _Juliana deixou cair os ombros.
—Droga. _ela sussurrou.

—Não, ele não gostou. Nenhum pouco...

—Eu tinha certeza que...

Valentina reprimiu uma risadinha. Ela queria manter sua pequena farsa, mas Juliana parecia tão arrasada que não teve coragem.

—Ele não gostou, ele amou.

Os olhos de Juliana se arregalaram.

—Você é uma puta de merda! _disse ela, jogando a toalha molhada em Valentina.

Valentina quase caiu na gargalhada.

—Desculpe, mas você tinha que ver a sua cara.

—Cale a boca. Está falando sério? E você, também gostou da idéia?

—É a sexta temporada. Precisamos mudar as coisas um pouco, então isso é perfeito.

A idéia não crescia apenas em Valentina, ela a recebia de braços abertos. Juliana tinha razão, Valentina não teria que sair do armário com um grande espetáculo, e só isso, tirava um peso enorme de seus ombros. Se funcionasse, seria sem tantos acréscimos. Sem entrevistas, apenas um processo natural que seria descoberto diante dos olhos da América. E isso era brilhante.

—Você tem certeza de que eles darão o papel para mim e não a outra pessoa? _Juliana perguntou.

Valentina podia sentir o medo e a insegurança na voz de Juliana, com medo de que ela fosse de alguma forma deixada de fora da equação. Era compreensível, já que isso acontecia em Hollywood. Os atores estavam à mercê dos diretores e produtores e de seus pequenos caprichos. Um dia, você é o favorito dele e no outro, você não tinha um emprego.

—Não se preocupe com isso. _disse Valentina, tentando tranquilizá-la.
—Eles vão pensar que estão me fazendo um favor ao contratá-la para alguns episódios. Depois disso, cabe a nós fazer o público perceber os pequenos olhares que duram um pouco mais e as trocas de flerte que faremos.

—Você vai entrar nisso com tudo? _Juliana esperava com entusiasmo a resposta de Valentina.

Valentina acenou com a cabeça e disse a ela.

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