Me Perdoe

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As coisas estavam ficando cada vez piores. Elas não conseguiam falar uma com a outra sem brigar. Com essa, ia ser a segunda vez que Valentina dizia para Juliana se mudar. Talvez ela devesse mesmo ir. Elas tinham que trabalhar juntas e embora ambas fossem especialistas em se concentrar perfeitamente no trabalho quando o diretor gritava ação, elas não precisavam que toda a equipe percebesse que havia tensão entre as duas.

Juliana se virou na cama e olhou para a mala que ainda não havia sido desfeita. Ela acordou se sentindo melhor, mas encontrar outro lugar para morar a estressava. Ela se arrependeu de praticamente tudo o que havia dito na noite anterior, mas é claro que esse não era exatamente um território novo para ela. Estar machucada por algo e não se comunicar sobre isso, sendo uma total e completa idiota era mais fácil para ela.

Pelo canto do olho, ela viu uma notificação em seu telefone. Ela imediatamente e idiotamente desejou que fosse uma mensagem de Valentina. Não que pudesse pensar em um bom motivo para Valentina lhe enviar uma mensagem, além de "Saía da minha casa de hóspedes", isso era única coisa que ela achava que pudesse receber.

Seu coração se encolheu, mas não foi de um jeito bom. A mensagem era de Natha. Era uma foto da vista de Nova York com as palavras "Eu queria que você estivesse aqui". Ela teria adorado aquela mensagem em outros momentos. Mas hoje, ela não conseguia se livrar da sensação de ter jogado algo importante fora. Ela se levantou e começou a tirar o pijama para tomar um banho.

Com os cabelos úmidos descuidadamente presos sobre a cabeça e o orgulho devidamente guardado no bolso, Juliana caminhou até a casa principal, pronta para se desculpar por suas palavras descuidadas e preparada para fazer e dizer o que fosse necessário para fazer as pazes.

Vou ser honesta. _ela repetia isso em sua cabeça.

Quando ela abriu a porta deslizante, ficou chocada ao encontrar uma total estranha na cozinha de Valentina.

A mulher limpou as mãos em uma toalha e se aproximou para chegar até onde Juliana estava.

—Aqui está você. _disse ela, abrindo os braços e abraçando Juliana.
—Como você está querida? Ouvi dizer que você estava resfriada.

—Hm... muito melhor hoje. _Juliana respondeu timidamente.
—Apenas um pouco fraca ainda. É... com licença, mas...

—Oh! Fiquei tão empolgada em conhecê-la que esqueci completamente minhas maneiras, sou Lucia. Lucia Carvajal. Eu a vi crescer ao longo de sua carreira.

A mãe de Valentina era uma daquelas criaturas raras que não envelhecem. Ela poderia ter quase quarenta ou quarenta e poucos anos ou no final dos seus trinta anos, você não saberia. E seu segredo não era cirurgias, embora em seu círculo social isso devesse ser algo comum. Tinha mais a ver com o jeito que ela era, seu comportamento como uma mulher que sabia sua posição. Como uma mulher que estava completamente no controle. E sua roupa era completamente perfeita.

—É um prazer conhecê-la, Sra. Carvajal.

Lucia tocou a bochecha de Juliana.

—Mas é claro que você ainda se sente fraca, linda. Um resfriado pode transformar seu humor. É por isso que estou fazendo o café da manhã. Valen disse que você não comeu muito.

Juliana assentiu e se afastou, tentando recuperar algum espaço pessoal.

—Ok, deixe-me ir falar com a Valentina e já volto.

Lucia seguiu Juliana pelas escadas.

—Eu vi você crescer na televisão. Foi tão maravilhoso ver como você emergiu de sua puberdade nessa linda mulher. Você sabe, essa idade estranha em que você tem as bochechas mais arredondadas e um pouco de acne.

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