ARQUIVO 30: Fly to my room

1.7K 316 144
                                    


olá

Aproveitem os capítulos do jimin, depois desse estaremos agora no último arco da história

Ou seja... 

|||

JIMIN


Minha memória dentro daquelas câmaras de ar era com o meu pai e com Jihyun.

Não é fácil lembrar da infância, muito menos de detalhes minúsculos que nossa mente acha pouco importante e dispensa com facilidade. Eu e meu pai tratamos de uma roseira usando aquela mesma ideia de câmara de ar, e na minha formatura ele me deu um buquê dessa planta que ajudamos a crescer juntos.

Eu jamais falaria algo assim em voz alta, mas com Jungkook é a mesma impressão.

Cuidar de uma roseira, dentro de uma cúpula de ar, porque o ar comum é sujo demais, as pessoas ao redor pisariam sem pensar duas vezes, atrasadas e apressadas demais com suas vidas e trabalho, ninguém tem tempo para olhar ou cuidar de uma rosa.

Mas quem convive um pouco com ela saberia quando está murcha, seca, ou saudável, vívida, colorida, pálida.

Quando eu falava com alguém do trabalho, ou na verdade quando vinham falar comigo dando os pêsames pela morte de Jihyun, e depois pela morte do meu pai, era uma coisa corriqueira, quem nunca perdeu ninguém? 

Mas eles não entendiam quem era meu irmão e meu pai para mim. Quando Jihyun morreu, eu e meu pai ficamos sozinhos, completamente sozinhos. Taehyung seguia o rumo dele, mas nós não podíamos aceitar que um adolescente tinha sido alvejado no meio de um distrito longe de onde morava, longe de nós dois e da nossa proteção, e que não havia nada que pudéssemos fazer.

Eu sempre fui livre e um pouco inconsequente porque tinha uma cúpula para onde voltar e ser a roseira protegida. Mesmo com tanto sofrimento, minhas conversas com meu pai eram esclarecedoras e tranquilizantes, não importava o que passássemos, eu tinha a ele, ele tinha a mim. O verdadeiro significado de família.

Depois fiquei exposto ao vento tóxico e às pessoas que pisam em roseiras porque estão atrasadas e apressadas.

Eu entendo ambos os sentimentos. De ter e perder, e o de não ter. 

— Não tem ninguém nos corredores. — eu disse, fechando a porta.

Jungkook estava em silêncio no colchão da cama do quarto, deitado como o coloquei. Aparentemente naquele lugar não alugavam quartos com mais de uma cama, e todos os móveis também eram apenas para uma pessoa. Era um hotel do A, então a temática era completamente branca, sem graça e tecnológica, deve ter custado um bom dinheiro, mas Minho recebe bem, tão bem quanto eu recebia.

No caminho vimos várias viaturas rodando as ruas, mas eles nem ligavam as sirenes, jamais iriam incomodar os moradores do distrito rico com coisas alarmantes assim.

Jungkook não disse nada, enquanto estávamos na câmara de ar ele respirou com a ajuda da máscara de oxigênio, me olhando nos olhos.

O tempo que passamos assim foi longo o suficiente para que eu visse cada detalhe de sua íris, iluminada pela luz branca da antiga cabine telefônica, transformada naquela câmara, tão escura que parecia ser cheia de sentimentos secretos indescritíveis, tão quieta, mas expressiva o suficiente para que eu entendesse cada ação dele.

Eu não disse nada, pendurando o casaco e entendendo o clima que ele tinha estabelecido, até ir para o espaço entre a cama e a parede, ficando atrás dele e cuidadosamente desprendendo os cabelos ondulados, desfazendo os nós de vento com os dedos, volta e meia acariciando seu rosto, nuca, ombros.

[CONCLUÍDA] OPIUM (LIMINAR) | Jikook |Onde histórias criam vida. Descubra agora