Capítulo - 04

359 51 35
                                    

JORGE

Alice passa por mim com o queixo erguido. Os cabelos vermelhos  presos em um coque na altura da nunca. Usava um tailer salmão e saltos pretos altíssimos. A roupa parecia ter sido costurada em seu corpo, de tão perfeita que estava. O corpo curvilíneo era o mesmo, mas com certeza sua personalidade havia mudado muito. Ela deu um giro ficando de frente para mim. O rosto, uma máscara de indiferença.

- Então, aqui está o seu dossiê. O que vai fazer agora? Mandar nos prender? - disse petulante - Porque não temos como pagar um terço de todo esse somatório.

Peguei a pasta que ela me estendeu. Para ela ter vindo aqui hoje, com certeza foi um choque para ela saber das ilegalidades que o pai cometeu, ainda mais sendo honesta como era.

- Não sei., vai depender da conversa que teremos, se você vai cooperar ou não. Tudo depende unicamente de você. - digo estudando cada detalhe de seu rosto perfeito.

- O que você quer de mim? Eu não tenho esse dinheiro. - vejo seus lábios tremerem.

- Venha até meu escritório. - ela passa a minha frente e me perco no balanço de seus quadris. Abro a porta, deixo-a passar e vou até o cofre., e de lá retiro alguns papéis. Ela continua de pé. - sente-se!

Parecemos dois estranhos. Em pensar que iríamos nos casar a uns anos atrás. Rapidamente afasto esses pensamentos., me atendo ao meu objetivo principal. Me sento também e coloco uns papéis sobre a mesa.

- O que é Jorge? Vai me mostrar as dívidas do meu pai toda novamente? Ou tem mais alguma coisa que não estava no dossiê? - pergunta impaciente.

- Dentro desse envelope estão todas as promissórias assinadas por ele, como você já viu.

- Tá, e aí? Eu não tenho esse dinheiro. Já te disse.

- Eu não quero seu dinheiro. - digo olhando-a de forma intensa.

- Não estou entendendo.

- Eu já vou explicar. Estas promissórias serão destruídas depois que disser sim a duas propostas que irei te fazer.- seus olhos se expandiram - a primeira. Quero que faça o vestido de minha irmã e acompanhe cada detalhe até o dia do seu casamento.

- Tá louco? tenho compromissos a cumprir. Minha produção já está toda fechada. Isso foi passado a ela quando nos procurou. Gaby explicou tudo a ela meses atrás. - falou impaciente.

- Isso é mais importante que sua família? Do que ver seu pai longe da cadeia? Já que não pode se esforçar um pouco... - meu lado negociador se faz presente.

- Cadeia? Você não teria coragem.

- Sim, eu teria. - respondi sério.

Ela fica calada como que pensando no que falei. Sei que ela preza muito por sua profissão., mas sei também que sua família vem em primeiro lugar.

- Pelo que eu soube sua irmã irá casar na Itália, não vai querer que eu vá pra lá também?

- Certamente que sim. - respondo firme, deixando claro quem manda.

- As coisas não são assim. Tenho minhas responsabilidades. Não posso e não vou decepcionar meus clientes. Tenho contratos, viagens... - enquanto falava, ela apertava nervosamente sua bolsa.

- É pegar ou largar. Sei que se quiser pode dá um jeito. - falei de forma neutra como se sua presença ou decisão não me afetasse em nada.

- Você é mesmo um desgraçado! - ela gritou indignada.

- Sou somente um negociador. - respondo calmamente.

- Tudo bem. Vou ver o que faço. - vê-la morder os lábios como sempre fazia quando estava nervosa, me deixou louco.

Altar da ilusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora