Só podia ser uma brincadeira do destino., assim pensava Maria Alice ao se ver frente a frente com Jorge Aragão, o homem que a abandonou no dia do seu casamento., deixando-a só e despedaçada entregue a própria sorte, para se casar com outra mulher...
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ALICE
- Então Alice, acha que está bom assim?
- Está simplesmente perfeito, Gaby. Fico encantada com seu trabalho. - olho para o corpete todo bordado à mão e fico maravilhada. É uma verdadeira arte.
- Ótimo! Já podemos então entregar para a costureira.
- Faça isso. Vou só acabar de empacotar o vestido do próximo sábado e já te encontro na cozinha.
- Não está cansada? tem trabalhado como louca nos últimos dias.
- Eu estou bem.
- Não, você não está. O que há de errado? - ela se aproxima.
- Por que diz isso? não tem nada de errado. - cuidosamente coloco o vestido dentro da caixa, embalando-o cuidadosamente.
- Não é comum uma mulher abandonar o marido nos primeiros meses de casamento. - Gaby fala enquanto pega a tiara e coloca em outra caixa.
- Eu não o abandonei. E você sabe muito bem o tipo de casamento que tenho com Jorge. - respondi pacientemente - Seja como for, assim como eu, está viajando também.
Como eu defenderia um relacionamento que estava edificado sobre bases tão rasas e precárias? Minha vida era um mentira. Era casada com um cafajeste mentiroso e promíscuo. Já não nos víamos há mais de quinze dias. Após uma semana de minha chegada ao Brasil, ele tinha ligado perguntando quando eu voltaria. Respondi que não sabia, e desliguei em seguida, não querendo escutar sua voz.
Desde o dia do incidente no restaurante, em que saímos de lá antes que ele nos visse, só o vi uma única vez. Além de ter chegado tarde em casa naquela noite, não dormiu na cama, passando a noite em seu "canto".
Logo no outro dia, foi viajar a negócios para Londres, como me disse Nina, que arrumou suas malas. Em relação a Mércia, Júlia defendeu o irmão, garantindo que não era nada, que eu não me preocupasse, que eles apenas estavam tratando de negócios, pois ela era uma de suas fornecedoras. Mas quem trata de negócios em um sábado a noite? Enfim., me senti sufocada ante aquela situação, então decidi vir para o Brasil., além do que, estava com saudades de minha família e precisava resolver algumas coisas pendentes na loja.
- E vai mesmo jantar com Ricardo? - Gaby me perguntou quando chegamos na copa e ela foi preparar o café.
- Sim. Ele vai me pegar lá em casa a noite.
- Tem certeza disso Alice? - colocou uma xícara na minha frente.
- Claro que sim! Ricardo é um amigo querido.
- Mas ele não te ver como "amiga". Você sabe disso. - disse preocupada.
- Não crie fantasias na sua cabeça. Nós dois já conversamos sobre isso e ele entendeu.
