Só podia ser uma brincadeira do destino., assim pensava Maria Alice ao se ver frente a frente com Jorge Aragão, o homem que a abandonou no dia do seu casamento., deixando-a só e despedaçada entregue a própria sorte, para se casar com outra mulher...
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ALICE
Quinze dias se passaram desde o meu casamento com Jorge., e desde então quase não nos vemos e muito menos nos falamos. Se tornou uma rotina dormir e acordar sozinha., não que isso importasse para mim. Saia cedo e chegava tarde. Algumas vezes pude perceber quando tarde da noite, entrava no quarto de forma silenciosa, tomava seu banho, se trocava e saia novamente. Me perguntava onde dormia, pois o seu lado da cama mantinha-se intocado. Esse mistério acabou quando acordei em uma madrugada e o vi entrando no anexo., e assim se seguiu até então. Enfim., isso não era problema meu.
Ele viajou no início dessa semana e até agora nem uma notícia., pelo menos para mim, pois ligava sempre para Nina e Miguel. Eu passava a maior parte do meu dia trabalhando por vídeo com minhas costureiras no meu antigo quarto.. Gaby me passava todos os detalhes e as vezes eu falava diretamente com as clientes.
Hoje iria sair para almoçar com Júlia e Kiara. Seria muito bom, pois eu estava me sentindo só e sufocada dentro daquela casa que não era minha, onde me foi imposto estar ali. Enfim, estava animada, sem contar que gostava muito da companhia das duas. Olhei para o envelope encima da minha penteadeira., me foi entregue por Nina no dia que Jorge Viajou. Nele haviam vários cartões de crédito, bancos e talões de cheques. Do jeito que estavam iriam ficar. Não tínhamos um casamento de verdade, aliás nada era verdadeiro nessa relação. Não queria nada dele., já tinha débito suficiente.
Como já estava bastante frio, optei por usar uma calça de couro e camisa pretas, com bota de cano longo. Um casaco comprido e elegante completava meu visual. Sem nenhuma culpa eu usava as roupas que estavam no closet. Era o mínimo que eu merecia por toda esta situação. Quando tudo acabasse ele poderia doá-las para caridade, mas dinheiro era outra coisa. Escovei os cabelos, deixando-os soltos, passei um batom e desci para aguardá-las. Tinha dito que as encontraria no centro, mas não tinham aceitado, dizendo que passariam para me pegar.
- Está muito bonita querida. - Nina falou quando cheguei na cozinha.
- Obrigada. E Miguel? - perguntei olhando em volta.
- Já almoçou e agora está brincando no quarto. Daqui a pouco vai tirar uma soneca.
- Que bom. - me encaminhei até a janela - Nina, deixa eu te perguntar uma coisa... o que é esse anexo aqui atrás?
- Hã, não é nada importante. - ela desconversou.
- Como nada? já vi o Jorge entrando nele algumas vezes. - me virei para ela - o que ele tanto faz ali?
- Não sei. Isso você vai ter perguntar para ele. Agora deixa eu ver o que Carmem quer. - logo desconversou e saiu.
Isso era muito estranho. Pensei enquanto olhava lá para fora. Será que era alguma coisa relacionada a Aléssia? Esquisito... Afinal por que eu estava me preocupando com isso? ele que vivesse de lembranças.
- Alice, Alice,
- Júlia?! não vi você chegar. - logo atrás dela vinha Kiara.
- Percebi. Por que estava tão distraída? - Kiara perguntou me dando um beijo no rosto.
