Capítulo - 03

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ALICE

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ALICE

Ainda tremendo e surpresa com essa inesperada situação, passo as mãos nervosamente pelas laterais do meu vestido. Olho disfarçadamente para o lado, e Jorge passava o dedo lentamente pela borda do copo. Qualquer gesto que viesse dele, era puramente sexy. Só uma coisa me apavorava mais do que desafiá-lo, era me apaixonar por ele novamente.

Depois de tudo com o que passei com ele, não queria nenhum tipo de contato., então não entendia como ele poderia estar aqui e agora, em um momento tão especial para mim. Sabia que um dia eu estaria novamente a sua frente, mas nunca achei que seria em um futuro tão próximo. Eu pensava que seria indiferente a ele, mas vejo que não. Mesmo odiando-o com todo o meu ser, ele ainda mexia comigo.

Em pensar que no passado, eu cheguei a venerá-lo, de tão apaixonada que eu era, porém hoje, o ódio era bem maior., e eu só desejava escapar dali e esquecer que o tinha visto novamente, que era somente fruto da minha imaginação.

- Ok, tudo bem! Tem a minha atenção. Me diz logo o que quer e suma da minha frente. Você não o direito de estar aqui., então diga o que quer aqui e comigo. - Sem se importar com meu tom, ele me olha minuciosamente e não diz nada. Seus olhos negros observavam cada detalhe e cada pessoa ali presente.

- Onde podemos conversar a sós? - disse se virando para mim.

- Podemos conversar aqui mesmo.

- As coisas não são tão simples como você pensa. - diz mansamente.

- Vamos até meu escritório. Mas que seja rápido. - entramos e fecho a porta.

Era impactante vê-lo em um ambiente tão feminino. A sua masculinidade era gritante., ainda mais todo vestido de negro. Os móveis de meu escritório eram todos brancos com uns tons areia. O papel de parede era uma nuvem de pétalas., deixando tudo extremamente etéreo. Fui para trás de minha mesa, me mantendo em pé.

- Então., pode falar.

Jorge não diz nada. Tira de dentro de seu paletó um envelope dobrado ao meio e com muita calma, coloca sobre minha mesa. Olho para ele sem entender.

- O que é isso?

- Olhe. - é só o que diz.

Sem esperar mais, eu o faço, quase rasgando o mesmo. Vou tirando uma a uma, várias notas promissórias, não acreditando em seus valores, um maior que o outro, uma verdadeira fortuna. 

- Isso é algum tipo de brincadeira? O que eu tenho a ver com isso tudo? - jogo encima da mesa e olho para ele sem entender nada - O que na verdade você quer Jorge? Já não basta tudo o que fez com minha vida e agora depois de tanto tempo e em um dia tão especial para mim, chega e quer tirar minha paz? Chega! Fora daqui! - aponto para a porta. Ele pega uma promissória e estende a minha frente.

- Reconhece essa assinatura?

- Não me interessa!

- Acho melhor você olhar direito.

Inferno! impaciente pego o papel novamente e quase caio para trás se não me apoiasse na cadeira quando reconheci aquela assinatura. Misericórdia! ANTÔNIO CARLOS GOMES DE ALMEIDA. O que o nome do meu pai fazia ali em meio a aqueles imensos valores? Entendendo tudo e muito abalada eu me sentei.

-Por quê? Por quê? - perguntei com minha cabeça entre as mãos, já começando a latejar. O frio em minha barriga fez com que eu baixasse os olhos a espera da resposta.

- Isso., - ele as recolheu colocando novamente no envelope e me estendo outro - é só uma fatia do bolo. Aqui está um dossiê com todos os detalhes da dívida do seu pai para comigo.

- Eu não quero saber disso! Não tenho nada com isso! - me levanto nervosa - Resolva isso com ele.

- Tem certeza que é o que você quer? E sua mãe e irmã, querem que elas vejam isso? - ainda de pé, ele parecia capturar a minha alma - Por mim, tudo bem.

- Não! Espere! - me desespero quando vejo ele se voltando para a porta.

Vou até ele e tomo o envelope com o dossiê que ele havia pego novamente. O seu rosto parece marmorizado, duro. Livre de qualquer sentimento.

- Leia com atenção esses papéis e amanhã eu te aguardo no meu escritório para conversarmos. - me estendeu um cartão.

- Não temos nada para conversar.

- Depois que lê esses papéis, tenho certeza que vai mudar de ideia. - e sai batendo a porta.

Respiro fundo e coloco o envelope na gaveta da minha escrivaninha. Agora não tenho cabeça para mais nada. Já estou totalmente destabilizada com essa repentina aparição de Jorge em minha vida. Por que hoje, meu Deus? a minha noite. O meu sonho... Enfim, sou uma mulher que precisa lidar com os obstáculos e surpresas da vida. Ergo a cabeça e volto para o salão. Logo Estela vem em minha direção.

- Aquele era o Jorge? O que ele queria? - pergunta afobada.

- Cadê papai? - não respondi sua pergunta.

- Outra coisa que preciso te falar. Ele não estava passando bem e foi para casa com mamãe. Alice,

- Agora não Estela. Preciso dá atenção aos meus convidados. - finalizei e me misturei a multidão., pois era o que eu via na minha frente. Permaneci no automático até a última pessoa ir embora. Sozinhas, eu e Gaby entramos em sua sala.

- O que você vai fazer? - havia comentado com ela o que tinha acontecido., pois tinha me visto entrar no escritório com Jorge.

- Sinceramente? não sei! - me jogo em um sofá - mas não tem como fugir. A única certeza que tenho era que não queria ver aquele homem nunca mais na minha frente. E para completar em um dia tão importante.

- Eu sei, amiga. Sinto muito mesmo. - segurou em minha mão - Posso fazer mais alguma coisa por você? Estou pregada.

- Tá tudo bem. Pode ir. Ainda vou ficar mais um pouco. Amanhã nos falamos.

Após Gaby ir embora, voltei para o meu escritório e me sentei. Fiquei ainda algum tempo pensando se lia aquele documento ou não. Enfim abri a gaveta e o peguei. 

Meus olhos passavam por aquela folha e capitava cada palavra ali escrita. Conforme ia lendo meu coração parecia querer saltar pela boca. Não podia acreditar que meu pai tinha caído naquela situação e nós não havíamos percebido. A cada informação eu ficava mais estarrecida. Meu pai não tinha mais nada., a casa, os carros, até a concessionária já não eram mais dele., perdeu tudo em jogos de azar, nos cassinos. Achávamos que ele havia se curado desse vício.  Meu Deus! Como mamãe iria reagir a isso? Por isso ele estava tão inquieto esse tempo todo. E para minha maior surpresa, ou não, Jorge era o credor de toda essa dívida.

Mas como isso foi acontecer? É muito dinheiro.,  e Jorge com certeza, se aproveitou de sua fraqueza. Mas com que intuito? Por qual razão? Achei que esse homem tinha morrido para todos nós. Jorge acabou com minha vida. Por muitos anos tive os mesmos pesadelos, dele sempre me abandonando no altar. Me humilhando. O no final das contas foi isso mesmo. 

Alguns meses depois ele já estava casado com outra mulher e vivendo feliz com ela na Itália. Então fechei meu coração para ele e para qualquer coisa ao seu respeito. E achei que tinha conseguido. E isso agora? como iríamos resolver isso tudo? Por mais que eu não quisesse teria que vê-lo novamente.













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