04 ANOS DEPOIS
ALICE
Com a prancheta não mão ia fazendo o check-list, conferindo se tudo estava de acordo, se não faltava nada. Hoje era a inauguração da nossa loja de noivas. Minha e de Gabriela. Estudei e trabalhei muito para realização desse sonho.
Caminho entre os manequins com os meus vestidos., cada um mais bonito que outro. Tudo criação minha., desde a daminha a noiva. Passo a mão no balcão de acessórios orgulhosa do talento da Gaby.
A minha ex patroa, dona Sônia, se aposentou a cerca de um ano e meio que nos passou o negócio. Hoje não era mais SÔNIA NOIVAS, e sim, O PEDIDO. Nem mesmo o pesadelo que vivi, me impediu de realizar o sonho de muitas mulheres.
- Amiga, o pessoal do buffet já chegaram. Já verifiquei tudo. Quer dar uma olhada também? - Gaby me perguntou fazendo a conferência dela.
A conheci quando um dia fui comprar umas miçangas, logo após o desastre que havia acontecido em minha vida. Antes que eu me desse conta, já estava desabafando e chorando em seu ombro., e ali nos tornamos amigas inseparáveis. Era como uma irmã, e hoje também minha sócia.
- Não há necessidade. - respondi sorrindo - agora vou me arrumar, você já está pronta e linda como sempre.
Gabriela era uma negra maravilhosa, era angolana, e já vivia no Brasil a bastante tempo. Tínhamos quase a mesma idade, e ideais também. Nos formamos quase na mesma época, e de colegas de trabalho, nos tornamos grandes amigas.
- Até parece... e dona Sônia, confirmou se viria?
- Acho que não vem, coitada. Ontem estive na casa dela e ela estava bem caída., e Ricardo me disse que ela está assim a semana toda. Então não ficarei chateada se não vier.
- Tá certo então. E você e Ricardo., resolveu dá uma chance ao coitado? - disse sorrindo.
- Não sei, sabe? Acho que estou muito focada no meu trabalho no momento. Não quero dá falsas esperanças a ele. Acho que não vai rolar., não agora. - respondi desanimada, pois não consigo me abrir para ninguém - depois penso nisso. Agora tenho que me arrumar mesmo., daqui a pouco isso aqui vai estar cheio.
Me encaminhei para a sala de noivas e comecei a me despir. Já havia escovado meus cabelos, que caiam lisos abaixo do ombro. Coloquei o vestido por baixo para que não estragasse minha maquiagem. Ele era composto de duas peças. Um tubinho na cor púrpura até os seios, que descartava o uso de sutiã e um sobreposto de renda em tom mais suave, uns dois dedos mais comprido., terminando na altura dos meus joelhos. As sandálias de saltos altíssimos e tiras finas, completava meu visual. Pronto! Me olhei satisfeita no espelho que tomava uma parede de ponta a ponta. De repente este momento, me levou a pensamentos a muito esquecidos e que volta e meia povoaram a minha mente, mas logo tratei de afastá-los.
O salão estava cheio. Alguns fornecedores, colaboradores, amigos, nossas famílias e também a imprensa. Avistei meus pais a um canto, Estela conversava com a namorada, Lídia. Tirando minha saudosa vozinha, as duas eram as minhas maiores incentivadoras. Lídia, era médica pediatra, vinha de uma família riquíssima, até nos ofereceu ajuda financeira, mas rejeitei, era um projeto meu. Tinha que ser com meus esforços. Meu pai tinha uma concessionária conhecida na cidade, vivíamos com conforto, mas não podíamos ser considerados ricos, então tudo foi com muita luta mesmo. Mas valeu a pena, tudo estava como sempre sonhei.
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Altar da ilusão
RomansaSó podia ser uma brincadeira do destino., assim pensava Maria Alice ao se ver frente a frente com Jorge Aragão, o homem que a abandonou no dia do seu casamento., deixando-a só e despedaçada entregue a própria sorte, para se casar com outra mulher...