Só podia ser uma brincadeira do destino., assim pensava Maria Alice ao se ver frente a frente com Jorge Aragão, o homem que a abandonou no dia do seu casamento., deixando-a só e despedaçada entregue a própria sorte, para se casar com outra mulher...
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ALICE
- O que deseja aqui? - perguntei erguendo o queixo. Ela vestia um conjunto vermelho abaixo dos joelhos com um casaco preto e longo por cima. Os cabelos estavam soltos. - Como vê ainda não estamos abertos.
- Aqui não tem nada que me agrade. - respondeu olhando em volta com desdém.
- Então creio que não posso ajudá-la. Por favor queira se retirar. - aponto a porta - Tenho muito o que fazer.
- Ainda não. Preciso discutir um assunto com você.
- Não sei o que podemos ter para conversar. Achei que andasse só atrás do meu marido.- respondi segurando a porta.
- Não estou atrás de você. Não estaria aqui se não fosse algo importante.
- E o que seria tão importante assim? - enfrentei o seu olhar - Posso saber?
-JORGE! - responde naquele seu jeito petulante.
- É muita cara de pau da sua parte. - escancarei a porta - Saia daqui! Agora!
- Você é tão previsível.
- Já disse para sair! - digo indignada.
- Calma querida, só vim conversar. Vim te fazer uma proposta. - disse enquanto tirava um envelope de sua bolsa.
- Deixe a mim e meu marido em paz.
- Ah, agora ele é "seu marido", né? Como disse, vim te fazer uma proposta.
- Quero que você e sua proposta vão para o inferno.
- Até pouco tempo não queria nada com ele., não queria saber se estava vivo ou morto. Se não se importa, por que está tão nervosa assim? O que foi que mudou? Ele resolveu te dá um pé na bunda? Já não era sem tempo.
- E você está louca por isso, não é? - devolvi estreitando meus olhos.
- Por que não estaria? - ela cruzou os braços - Você se casou com ele, mas não quer saber dele. Porém não quer perder o controle sobre ele. Mas estou cheia, cansada de esperá-lo enquanto você brinca com ele. Afinal, eu tenho minhas necessidades.
- Vou quebrar a sua cara! - gritei.
- Eu quero um acordo.
- Acordo? Eu já disse o que penso de sua proposta, acordo, seja o que for. - balanço a cabeça sem consegui acreditar em tamanha petulância.
- Sim, um acordo. E você não tem muita escolha. - disse sem titubear - Por enquanto pode continuar a posar de esposa perfeita do lado dele, pelo menos de aparência., e o deixa em paz como antes. Eu tenho o que ele quer., e você fica livre dele.
Senti meu sangue ferver tamanha petulância dessa mulher. Perdi totalmente o controle e fui para cima dela com toda a minha raiva e lhe dei vários tapas na cara tão forte que a fez tropeçar em seu salto devido ao susto, perdendo o equilíbrio e caindo como uma jaca no chão.
