Capítulo - 05

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ALICE

Olhando para as nuvens através da janelinha do avião, relembro a conversa que tive com meu pai., infelizmente a situação era pior do que eu pensava. Depois que saí do escritório do Jorge, segui direto para casa, e coloquei para minha família tudo o que estava acontecendo e principalmente para o meu pai, as consequências de seus atos e escolhas. Até nossa casa ele havia hipotecado e agora já não era mais nossa "casa"., tudo, mais tudo mesmo, pertencia ao Jorge, e agora estávamos literalmente em suas mãos.

Diante da esposa e das filhas, meu pai foi se abrindo e nos revelou que seus negócios já não iam bem a muito tempo, e não tendo mais crédito nos bancos, viu em Jorge, sua única saída. Triste e envergonhado, nos pediu desculpas admitindo que precisava de ajuda. Minha mãe, que não sabia de nada dos negócios do marido, ficou chocada., chorou bastante. Não escondi deles quais os termos de Jorge para que liquidássemos a dívida com ele. Papai ficou louco, dizendo que não aceitasse, que ele daria um jeito. Infelizmente, não havia jeito. Então com muito custo, consegui convencê-los de que tudo, no final, daria certo. Quem não gostou, e ficou muita preocupada, foi Estela. A entendia, pois foi o meu ombro amigo e consolador quando fui covardemente abandonada no altar por esse homem que eu achava nunca mais ver pela frente, e que hoje, pelo menos por algum tempo, ditaria o meu futuro. 

Corri como louca para poder me afastar do trabalho por uns dias. Não tinha mais conversado com Jorge, e também não via motivo para tal. Júlia me enviou suas medidas por mensagens e também conversamos algumas vezes por vídeo chamada. Falávamos o estritamente importante, mesmo ela tentando uma intimidade maior, eu não dava abertura.

Na manhã seguinte, do meu último contato com Jorge, no escritório do seu hotel, recebi no ateliê, um envelope contendo passagens aéreas de primeira classe, não questionei, pois era o mínimo que eu merecei por toda essa confusão. A partir dali minha rotina virou uma loucura, não me dando tempo para lamentar e nem pensar no desastre que ela se encontrava. Comigo, cuidadosamente embalado, ia para a Itália, um dos mais belos vestidos que eu já havia criado.

Agora que me vinha a realidade do tamanho da crueldade de Jorge para comigo. Já não bastasse tudo que passei no passado, hoje o tamanho do estrago poderia ser bem maior se eu não me blindasse. Ele voltava hoje na minha vida com uma bagagem muito grande. Viúvo e com um filho. Que Deus me ajudasse, pois eu iria precisar. 

Despertei de meus pensamentos quando o comandante nos comunicou que logo iríamos pousar. Ia para Bérgamo, uma pequena cidade a mais ou menos 60 km de Milão. Era compostas por vilas num estilo medieval. Não conhecia, mas pelo o que vi nas imagens, era lindíssima. O casamento seria realizado em um castelo., "Catello San Vigillio", que tinha uma arquitetura muito rica e interessante. Era um espaço aberto a visitação, no entanto na próxima sexta feira seria fechado para a realização da cerimônia e também para as festividades do mesmo. 

No Desembarque, fui recebida por uma elegante senhora de seus quarenta e poucos anos, magra e alta, que se identificou como assistente do presidente do grupo ARAGÃO, no caso Jorge. Milena era muito falante., com um inglês bem fluente, ao contrário do meu. 

Mesmo tendo vivido a vida toda na Itália, e por ter um pai brasileiro, Jorge falava um português perfeito, sem nenhum sotaque.

- Este é o Ítalo. É o motorista particular do Sr. Aragão, que esses dias estará ao seu dispor. - ela o um rapaz alto e bem apessoado.

- Senhora, 

- É um prazer Ítalo. Só Maria Alice, por favor. - apertei sua mão e seguimos para pegar as bagagens.

Já na estrada, em um carro grande e luxuoso, Milena me informou que o chefe não pôde me buscar pessoalmente, pois no momento estava viajando a negócios. Apenas sorri.,  não tinha nada a dizer. E estava longe das minhas expectativas que isso pudesse acontecer. E aproveitando ensejo, esclareci alguns pontos.

Altar da ilusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora