Não esqueça de deixar a estrelinha e o comentário.Capítulo 20
Dante
A porta da frente se abre com um baque surdo, quebrando o silêncio que Alana e eu compartilhamos. Vitor e Fabian entram, carregando sacolas, e Alana se afasta de mim de imediato, escapando da pergunta que eu acabara de fazer.
Droga, Dante, tinha mesmo que pedi-la em namoro desse jeito? Sem mais nem menos? Agora ela deve achar que eu sou um desesperado qualquer.
— Chegou a comida! — Vitor anuncia com entusiasmo, colocando as sacolas na mesa de centro.
— Estou faminta — Alana responde, apressando-se em abrir as embalagens e organizá-las na mesa. Fabian aparece com pratos, talheres e copos, completando a cena de um jantar improvisado.
Nos acomodamos ao redor da mesa. Preparo um prato e, antes de me servir, entrego-o para Alana. Ela me encara surpresa, mas logo esboça um sorriso e murmura um “obrigada”. Retribuo com um aceno discreto e sirvo o meu próprio prato, enquanto escuto a conversa animada entre ela, Vitor e Fabian.
— Precisamos de uma vingança à altura — diz Vitor, sorrindo de lado, irônico.
— Tem que ser algo grandioso, para que ela entenda de uma vez por todas quem somos — Fabian completa, em um tom sério.
— Já tenho um plano — Alana fala, o rosto dela se ilumina com uma expressão maliciosa.
Ergo a sobrancelha, curioso. A determinação no olhar dela me intriga.
— E qual seria? — pergunto, já envolvido pela tensão que começa a crescer.
Ela se inclina um pouco, e seu olhar brilha com uma intensidade quase perigosa. — Vou atacar a “princesa” onde mais dói. Vou tirar as seguidoras dela, destroná-la. E, quando ela estiver no chão, achando que já perdeu tudo… eu vou pisar com ainda mais força.
As palavras dela deixam o ambiente tenso, e eu não consigo evitar o sorriso de aprovação.
— E como vai fazer isso? — pergunto, apoiando o prato na mesa para ouvi-la melhor.
Alana me lança um olhar afiado, o tipo de olhar que promete segredos. — Eu tenho meus meios — responde, com o sorriso dela se alargando.
Faço que não com a cabeça, mas deixo escapar uma risada discreta.
Entre risos e provocações, a tensão desaparece aos poucos. Fabian pega o controle remoto e coloca num canal de esportes. Um jogo de futebol vai começar.
— Finalmente! — Vitor se joga no sofá, claramente animado. — Depois do dia de hoje, eu mereço.
— Ah, porque ver futebol é a sua meditação, claro — provoca Alana, rindo e mordendo uma batata frita.
— Vocês são obcecados, admitem logo — diz Fabian, sorrindo de canto.
Observo a interação deles enquanto dou um gole na minha bebida. A leveza no ambiente faz parecer que, por um momento, o mundo lá fora não existe.
O jogo começa, e em poucos minutos, estamos todos imersos. Cada jogada parece provocar uma reação exagerada. Vitor e Fabian comentam com um drama digno de novela, e Alana finge ser especialista em futebol.
— Se fizessem uma linha de defesa ali, não perderiam a bola — comenta Alana, como se fosse a treinadora do time.
Fabian e Vitor a encaram com sobrancelhas levantadas.
— Ah, claro, técnica infalível — responde Fabian, sarcástico, arrancando risadas de todos.
Com o passar do tempo, o ambiente fica cada vez mais descontraído. As risadas e piadas constantes criam uma bolha de paz ao nosso redor. Eu observo Alana, rindo e se divertindo, e sinto uma paz que não sentia há muito tempo. Mesmo com toda a confusão e as incertezas ao nosso redor, tudo parece tão… simples.
Como eu senti falta disso.
Senti falta dela. Falta de tê-la por perto, de senti-la parte da minha vida… Se ela soubesse o quanto me fez falta, o quanto passei noites em claro esperando por um momento como este. Maldita Alana. Se ela soubesse uma fração do que sinto… uma fração do vazio que ela deixou.
Que merda de escolha foi essa?
O sangue ferve nas minhas veias. A raiva queima cada parte de mim. Maldição. Ela simplesmente… me deixou! Me apagou da vida dela, como se eu nunca tivesse sido o centro do mundo dela.
Queria pegá-la pelos braços, sacudi-la, gritar até esvaziar tudo que está preso na minha garganta. Dizer que ela é minha. Que foi comigo que ela viveu tudo, que era comigo que ela se entregava, noite após noite, como se nada mais importasse. Ela era tudo… e então me deixou, como se eu não fosse nada, depois daquele maldito acidente.
Cerrei os punhos, e a fúria transbordou. Sem me importar com os olhares, levanto-me de repente e marcho para fora da sala, passos duros e pesados. Estou cego de raiva, à beira de perder o controle.
Porra, Alana, por quê? Por que me esqueceu? Por que seguiu em frente sem olhar para trás? Cada vez que a via com aquele desgraçado… cada vez que eles sorriem como se o mundo fosse deles, era como se uma lâmina atravessasse meu peito. Dói. Dói pra caralho.
E, naquele instante, percebo que não sei quanto tempo mais vou aguentar.
Com a raiva pulsando dentro de mim, saio do prédio como um furacão. No estacionamento, a moto me espera, e sem hesitar, monto e ligo o motor. O rugido do motor é como um grito de liberdade que atravessa o vazio da noite. Acelero, deixando para trás o peso de tudo que estou sentindo, e cada metro que percorro parece me afastar da dor, pelo menos por um instante.
A estrada se desenrola à minha frente, e a chuva começa a cair, fina e insistente, escorrendo pelo meu rosto, pelas minhas roupas. Tudo ao meu redor se torna um borrão, apenas velocidade e fúria. A adrenalina domina o cansaço e a amargura, preenchendo o vazio.
Mas então, noto algo estranho. Faróis de um carro aparecem no meu retrovisor, e o veículo parece estar me seguindo. Acelero, tentando deixá-lo para trás, mas ele me acompanha, igualando a velocidade. A ideia de alguém estar na minha cola, seja quem for, só aumenta minha raiva.
Puxo o acelerador ao máximo, e a moto responde com um ronco grave, mas o carro também aumenta o ritmo. A chuva agora cai pesada, o asfalto brilha sob os faróis, tornando tudo mais perigoso. Tento zigzaguear pela estrada para despistá-lo, mas o carro faz o mesmo, me imitando em cada curva, cada manobra.
De repente, o carro acelera com tudo, passando ao meu lado e depois à minha frente. Em um segundo, vejo o carro frear bruscamente e fazer um cavalo de pau, cruzando meu caminho. Fico sem escolha a não ser frear também, a moto derrapando no asfalto molhado, quase me jogando ao chão.
Com a respiração ofegante, tento entender o que está acontecendo. Quem é essa pessoa? O que ela quer?
Tudo o que sinto agora é raiva e surpresa. O motor da moto ronca baixo enquanto me mantenho parado, encarando o carro diante de mim, esperando o próximo movimento. O silêncio pesado da noite é interrompido apenas pelo som da chuva e do meu coração martelando no peito.
Continua...
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Only Love Can Hurt Like This
RomanceAlana Volkov, marcada como a ovelha negra em sua rígida família búlgaro-mexicana, é enviada para a distante Imperial College London após uma tragédia pessoal. Lá, ela é forçada a compartilhar um dormitório misto com três garotos, incluindo o enigmát...