capítulo 18

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: Alana Volkov

Prendo os cabelos em um coque solto. A maquiagem no meu rosto é leve, quase inexistente, apenas realçando meus traços naturais. Ajeito o colar de poção de beladona que Dante me deu no dia em que saímos do hospital. Dou uma última olhada no espelho antes de me virar e sair do quarto.

Hoje é o dia do desfile da coleção de inverno da Zulema, que será em Londres. Pela manhã, recebi o vestido exclusivo que ela desenhou para mim. Quando o desembrulhei, senti uma vontade imensa de rasgá-lo, de queimá-lo, mas onde estaria a graça nisso? Destruir um vestido de centenas de dólares não seria suficiente. Pensei e repensei por longos minutos até chegar à conclusão de que a humilhação pública seria a melhor vingança.

Liguei para a estilista Zaid Mohr e pedi um modelo exclusivo, com a sua assinatura, é claro. Ao meio-dia, ela postou fotos do vestido no seu perfil pessoal e no da sua marca e, em seguida, mandou entregar no apartamento de Dante. Não posso negar que o modelo de Zulema é mais bonito, mais elegante e luxuoso, mas o vestido de Zaid servirá bem para o que planejo.

Minha mãe é uma narcisista egocêntrica. Seus desfiles são grandiosos, luxuosos e cheios de celebridades, fotógrafos e toda essa parafernália do mundo da moda. Imagino o evento agora: o tapete vermelho, os flashes dos fotógrafos, as redes de televisão e blogs, e a filha da prestigiada estilista Zulema Hernandes chegando com o modelo da sua rival.

"Céus, consigo sentir meu peito vibrar. A vingança pode ser mais prazerosa do que um orgasmo."

Dante abre a porta do carro e me oferece a mão. Seguro-a e deslizo para fora do carro. Respiro fundo e começo a caminhar sobre o tapete vermelho, sob os flashes dos fotógrafos e as câmeras de televisão que cobrem o evento.

Os flashes explodem ao nosso redor, transformando a noite em um espetáculo de luzes. Sinto o olhar dos presentes sobre mim, cada clique capturando a tensão que antecede o grande momento. Mantenho a cabeça erguida e o olhar firme, como se estivesse prestes a desfilar em um campo de batalha.

Os murmúrios começam enquanto avançamos pelo tapete vermelho. Posso ouvir os sussurros curiosos, os jornalistas especulando sobre minha escolha de vestido. Cada passo é uma afirmação, uma declaração silenciosa de desafio.

Dentro do salão principal, a opulência é avassaladora. Lustres de cristal pendem do teto, lançando um brilho suave sobre a multidão. Os convidados, um mar de rostos conhecidos, se movem com graça calculada, seus olhares ocasionalmente voltando-se para mim, curiosos e perplexos.

Finalmente, vejo minha mãe. Ela está cercada por um pequeno séquito de admiradores, sua presença dominando o espaço ao redor. Nossos olhos se encontram e, por um breve momento, tudo ao nosso redor parece desaparecer. Vejo a confusão em seu olhar, seguida de uma faísca de reconhecimento. É aí que sei que ela percebeu o vestido que estou usando.

Ela disfarça rapidamente, um sorriso frio e calculado se formando em seus lábios. Aproximo-me dela, sentindo cada fibra do meu ser se preparar para o confronto.

— Alana, querida, que surpresa agradável — ela diz, sua voz gotejando falsa doçura.

— Zulema — respondo, usando seu primeiro nome para acentuar a distância entre nós. — Não poderia perder seu grande evento.

Ela olha para o vestido novamente, suas sobrancelhas arqueando em uma expressão que mistura desdém e curiosidade.

— Vejo que fez uma escolha interessante de guarda-roupa.

Sorrio, inclinando-me levemente para frente.
— Achei que fosse apropriado. Afinal, é um evento de moda. Devemos sempre nos esforçar para surpreender, não é?

Only Love Can Hurt Like ThisOnde histórias criam vida. Descubra agora