EMILY

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- Me chama depois? – pergunto a Johnatan quando estaciona o carro em frente à minha casa.

Ele me olha e sorri. Aproxima seu rosto da minha boca e beija meus lábios.

- Assim que eu estiver em casa.

- Nos encontramos na escola hoje? – pergunto, mexendo em seus cabelos loiros, descontraída.

- Claro, claro. – Mais um sorriso lindo.

- Obrigada pela noite de ontem, John, foi incrível. – Agradeço com delicadeza. Ele beija meus lábios finos e acaricia minha pele do rosto.

- Eu também adorei, Em. Foi... especial. – Quero agradecê-lo por não ter tido dó de mim. Quero agradecê-lo por ter me feito esquecer, por uma noite inteira, que eu tenho uma vida dolorosa para lidar. Quero agradecer por ter me reconfortado sem precisar sentir dó de mim, mas não faço, pessoal demais. – Agora, se você não correr pra se arrumar, nós vamos nos atrasar. Nos encontramos na escola. – Ele diz. Dou-lhe mais um beijo e deixo o carro. Paro em frente à porta de entrada, aceno e espero seu carro virar a esquina.

Odeio admitir.

Mas droga, acho estou caidinha por ele.


QUANDO ENTRO EM CASA, minha mãe pega sua bolsa preta e me olha,

- Onde dormiu essa noite? – ela pergunta.

Primeiro paro e penso. Se eu dissesse a verdade, ela me bateria e me chamaria de vadia por ter me entregado ao John, ou ela agiria normalmente como toda mãe deveria agir?

- Eu dormi na casa de uma amiga – era uma meia verdade. Uma verdade incompleta. Decidi mentir porque eu sabia como minha mãe agiria com indiferença se eu a contasse sobre, assim como agiu quando contei sobre minha primeira vez, então, preferi guardar para mim.

- E por que não me avisou? – ela pergunta, se aproximando.

- Eu esqueci. Mas prometo avisar da próxima vez. – Sorrio para ela e subo as escadas. Depois só ouço a porta bater e o carro ligar.

Entro no quarto, uma lufada de vento atravessa o cômodo. Meus cabelos voam para cima. Lembranças.

As palavras sobre a notícia da morte de Jeniffer ecoam na minha mente.

Porque eu precisava lembrar-se disso logo agora?

O repórter continua dizendo o que aconteceu.

O jornal que entregam aqui todas as manhãs narra o que aconteceu.

Seu corpo ensanguentado dizia exatamente o que aconteceu.

O crime bárbaro chocou a população da cidade. Uma adolescente de 16 anos foi brutalmente agredida e estuprada no dia 12 de fevereiro.

De acordo com as polícias civil e militar e alguns relatos de parentes, a garota teria saído para trabalhar em uma casa noturna alguns quilômetros da zona urbana, quando foi rendida por cinco pessoas, estimam-se.

Ainda hoje a polícia procura os assassinos, todavia ainda não possuem nenhuma suspeita considerando que não ouve testemunhas e não havia nenhuma câmera de segurança no local onde ocorreu tal ato.

A vítima foi encontrada algumas horas depois do crime, já morta e com grandes ferimentos. Conforme o chefe de delegacia da polícia, a adolescente teve esmagamento da face do lado esquerdo, lesões pelo pescoço e traumatismo torácico. A garota não resistiu em decorrência das hemorragias.

Não olhe para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora