Capítulo 8

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1 de outubro

Domingo. Dia de visita a Hogsmeade. Harry acordou com as carícias de Draco em seus fios morenos. Sorriu e esfregou os olhos, ainda com sono. Eram oito e meia da manhã. Ainda teriam mais uma hora e meia até a saída para o vilarejo. Harry virou-se, de modo que ficou olhando para Draco diretamente nos olhos. Agarrou-se à barriga do loiro e apoiou seu queixo nela.

-Bom dia, Bela Adormecida. -Falou Draco.- Dormiu bem?

-A loira oxigenada aqui é você, não eu. -Respondeu Harry, em tom de brincadeira.- E, sim, dormi bem sim. E você?

-Incrivelmente bem.

Draco sorriu e deu uma piscadinha para Harry, que retribuiu com um sorriso bobo.

-Quando voltarmos de Hogsmeade posso começar a te ensinar legilimência. Vai querer?

-Óbvio! -Exclamou Harry, alegre.- Obrigado, amor.

-Você mereceu.

Depois do momento de felicidade de Harry, o menino deitou-se de volta na barriga do loiro, pensativo. Draco percebeu, e levantou os olhos verdes em direção aos seus olhos azuis gelo.

-O que foi, Hazzy?

-Eu só... queria saber por mais quanto tempo vamos... sabe? Ter que esconder isso.

-Não sei, amor. De verdade, eu não sei. Espero que por pouco tempo. Acho que mamãe aceitaria tranquilamente, mas papai...

-E você precisa sempre da aprovação do seu pai, Draco? -Falou Harry, irritado, levantando da cama.- Porra, ele nunca se agrada com nada que você faça. É realmente necessária a porra da aprovação dele pra tudo?

-Não quero ser deserdado, porra!

-Então seu dinheiro e seus bens importam mais que eu pra você?!

-Não é isso, Hazzy. Mas se ele me deserdar eu fico até sem sobrenome, porra! Você não entende por que seus pais não estão aqui!

Harry paralisou, olhando fixamente para Draco. O loiro percebeu imediatamente a besteira que tinha falado, querendo retirar o que disse imediatamente.

-Hazz, eu não quis...

-Ah, quis sim. -Disse Harry, começando a se vestir com raiva.- Quis sim. Eu vou embora. Vou para Hogsmeade com meus amigos. -Agora ele já vestia o casaco e se dirigia para a porta.- Parabéns. Se seu intuito era me magoar, você conseguiu.

-Harry, por favor, -Disse ele, postando-se defronte para o garoto.- vamos conversar.

-Não, Draco, eu não vou conversar. -Retrucou Harry, desviando-se dele.- Obrigado por me lembrar mais uma vez que meus pais estão mortos. Você não muda. Espero que você fique bem com seu monte de dinheiro. A gente acaba por aqui, Malfoy.

Harry bateu a porta do dormitório com força e Draco ouviu o moreno descer a escada. Puxou os cabelos e chutou o primeiro móvel que viu à sua frente.

-Porra! -Exclamou com ódio de si.-

Começou a praticamente destruir o dormitório, quebrando tudo que via pela frente. Gritava para expulsar a repulsa que sentia de si mesmo. Como ele pôde falar aquilo para Harry, sabendo que o passado dele o afetava tanto? Sentou-se num canto e começou a chorar, intercalando com gritos de raiva e puxões nos próprios cabelos. Ouviu passos rápidos na escada e logo depois a porta de seu dormitório se escancarou. Pansy adentrou o cômodo e ajoelhou-se ao lado do amigo, abraçando-o em sinal de conforto.

-O que aconteceu, Draquinho?

-Eu... e-eu estraguei tudo, P-Pan. -Começou ele, entre soluços.- Tudo é m-minha culpa. Se ele n-não me p-perdoar, t-tudo bem. Eu entendo comp-completamente.

Draco chorava desesperadamente no ombro de Pansy. A amiga passava a mão que não acariciava as costas do garoto pelos fios loiros dele, que estavam tomados por uma bagunça que ele mesmo causara.

-Primeiramente, se vista. Coloque pelo menos uma calça. Segundo, respire fundo e me explique o que aconteceu.

O loiro assentiu positivamente e pegou sua calça de moletom cinza, uma camisa preta apertada e calçou sua sandália slide preta. Sentou-se na cama, ficando de frente para Pansy ainda sentada no chão. Enxugou os olhos e deu uma forte inspirada antes de começar a explicar como magoara Harry. A garota ouvia atenta. Quando Draco terminou de falar, Pansy sentou-se ao seu lado e segurou suas duas mãos, obrigando o menino a virar-se de frente para ela.

-Olhe, Draquinho. Não posso fazer muita coisa por você além de te aconselhar. Mas você não acha que amor vale muito mais que dinheiro?

-Eu não amo ele, Pan.

-E eu sou da Grifinória. Pelo amor de Deus, Draco. Cadê aquela câmera?

Draco apontou para o móvel que chutara e Pansy se levantou em direção à ele. Pegou o objeto e o levou de volta para a cama. Apertou alguns botões e mostrou a Draco uma foto dos dois em Hogsmeade.

-Olha o jeito que você olha pra ele, Doninha. -Ela deu zoom no rosto de Draco, que olhava Harry apaixonadamente enquanto o moreno ria.- Felizmente, você não é o único. -Pansy apertou mais alguns botões e deu zoom no rosto de Harry dessa vez que olhava para Draco, do mesmo jeito que o loiro o olhava, enquanto a figura alta à sua frente dava a língua para a câmera.-

-Nem lembrava dessa foto. -Disse Draco, sorrindo.- E o que eu faço, Pan?

-Revise suas prioridades. E dê tempo a ele. Mas não desista do amor por causa do seu pai, Draco. Em dezesseis anos ele não soube te amar como Harry fez em um mês. Não desista do amor por causa de alguém que não soube te amar.

Draco abraçou Pansy, apoiando seu queixo confortavelmente no ombro da amiga. Minutos depois, os dois saíam do dormitório para encontrar Blaise. Ainda tinham o dia inteiro em Hogsmeade pela frente.

                                                                                                   ⋆

19 de outubro

O Baile de Halloween se aproximava e todos os alunos de Hogwarts estavam animados, com expectativas para o evento. Tratavam de arrumar seus pares e encontrarem roupas a rigor que estivessem à altura do baile. Menos Draco Malfoy. Nas últimas semanas ele tem estado muito quieto, mais pálido, os olhos sempre inchados e com olheiras, mais magro, se isso era possível, e agora andava sempre mais desarrumado. Sua concentração diminuíra, assim como as perguntas dos professores direcionadas a um dos melhores alunos da turma. Mas ninguém sabia o motivo além de Pansy e Blaise. 

Estavam almoçando no Grande Salão quando Draco viu Cedric Diggory atravessar o lugar em direção a Harry. Viu o garoto dizer alguma coisa para o moreno, que balançou a cabeça em concordância. O loiro apoiou a cabeça entre os braços em cima da mesa; sentia vontade de ir para o dormitório e chorar. Sentiu os braços pesados de Blaise passarem por suas costas e escutou murmúrios de conforto saindo da boca do amigo.

-Draco! -Exclamou Pansy, animada.- Acho que tem um jeito de Potter te desculpar! Mas teríamos que nos envolver com Granger e os Weasley?

-Os Weasley? -Indagou Malfoy.- Como assim?

-Fred e George, seu bobão. Só eles sabem controlar Pirraça.

-Pirraça?! -Draco falou, em um tom ligeiramente alto.- Você enlouqueceu, Pansy?

-Claro que não, porra! Escute o que eu estou falando. Vamos encurralar os quatro quando estiverem saindo do Grande Salão. Potter acabou de sair com McGonagall, provavelmente para o escritório de Dumbledore. E vocês sabem que ele se demora por lá.

-Pan... -Começou Draco, hesitante.- Isso não vai dar certo.

-Vai dar. Tem que dar.

-Pensa positivo, Draco! -Exclamou Blaise, com raiva.- Porra! Recupera aquele filho da puta do teu namorado. Você é melhor que Diggory!

Draco encarou o amigo, absorvendo as palavras que acabaram de sair da boca dele. Ele realmente é melhor que Cedric Diggory. Harry é dele. Levantou-se decidido da mesa, seguido por Pansy e Blaise.

-Rápido. -Disse ele, encarando o quarteto que saía do salão, conversando.- Eles estão saindo.


PS: Não Odeio Você - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora