Capítulo XIII

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Capítulo XIII - Morte pelo Glamour¹

- Na verdade, não. É só "Floresta dos Cedros" mesmo. - Complementou Fahbrica, um tanto hesitante quanto as veias esverdeadas subindo pelos braços de Oliver. - Que história é essa de chihuahua?

- Han? - Aquela fera monstruosa de um olho só era tão penetrante quanto uma broca, terrível e agonizante, que Oliver somente voltou a realidade quando Fahbrica estalou os dedos à frente de seus olhos. - Chihuahua? Q-Quê... É Humwawa!

- Dá no mesmo! O que diabos é isso?

- É... - Um tremor foi suficiente para atrair os olhares dos dois. A apenas alguns poucos metros, o novo Leo corria pela água, bufando ruidosamente. Era uma cena perturbadora, o suficiente para dissipar quaisquer pensamentos voláteis dos dois. Só saiu do seu novo transe quando sentiu seu ombro ameaçar ser deslocado após o tanto de vezes que Fahbrica o chacoalhou.

- Acorda, porra! A gente vai morrer!

- Ah, é. Okay! Desculpa! - Seu coração, temeroso ou não, estava congelado. E não só pela criatura lá fora.

Ao entrar na nave e comandá-la por alguns segundos tão majestosamente, nem ao menos pensou sobre os controles ou como fazê-la se mover. Agora, em meio ao pânico, sob a ameaça de um titã furioso esmigalhá-los - ou do chão abaixo desabar -, tudo se tornava colorido e confuso... Até que pôs as mãos de volta aos encaixes no teclado. Assim, tudo clareou. Não sentiu quando puxou a alavanca de propulsão, sequer tencionava à coisa esverdeada que escalava seus braços. A sensação era de pura intrusão, como se estivesse no corpo de alguém.

Fahbrica, no entanto, ficava cada vez mais encabulada. Se já não bastasse a estranheza de como Oliver conduzia a nave com perfeição, desviando das garras diabólicas e escamosas do "olhudo", os próprios olhos dele brilhavam em verde-florescente, quase como se um lightstick verde-limão bruxuleasse por trás de suas orbitas. Era a personificação perfeita da palavra "alienação": uma pessoa toda boboca, com os olhos queimando e fazendo coisas que, Fahbrica supôs, nunca tinha feito e nem sequer sabia.

Ela até gostaria de acordar Oliver de seu terceiro transe, mas acreditava que, fazendo isso, acabariam por cair num dos imensos lagos a uns 70 metros abaixo, no mínimo.

- WOOOOOOO!!! - Bradou a criatura, furiosa pela mosca impertinente que lhe escapava copiosamente. Por mais que se afastasse, ela voltava, ignorando seus rugidos. Não viu outra opção se não estufar os pulmões e recolher todo o ar ao seu redor. Com um sorriso de dentes trincados, disparou da boca um cegante feixe de luz. Uma fita-métrica brilhante e imbatível incendiou os ares até chegar a pequena nave, sendo recebida pelos olhos arregalados de Fahbrica, e o olhar zumbi de Oliver.

- Canhões de laser! Intensidade máxima! - Entoou o garoto para seu reflexo na coifa. Até mesmo sentiu os canhões giratórios surgirem das laterais da nave através do suor escorrendo às dobras de suas pernas. Era quase um "Eu te entendo, nave" saindo de seus lábios ao invés de "Fogo".

Nisso, o vidro foi tomado por uma atmosfera luminosa, se não pelo vômito de energia do ciclope, pela saturação verde que a nave irradiou antes de liberar um feixe duplo de lasers.

Fahbrica perdeu a voz perante aquela loucura, tendo como única alternativa se segurar fortemente no painel de controle como se sua vida dependesse disso. O que fizera de mau pra estar confinada a uma lata de atum radioativa com um piloto-zumbi, no meio de uma luta com um boss gigante!? Nada! Nem um Basilisco conseguiria, em seu máximo furor, soltar uma labareda de energia como aquela coisa fez, o que a deixava com sérias dúvidas se aquela navezinha conseguiria entregar algo de igual eficácia.

Pássaros Quebrados - Livro III - Estrada de EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora