Capítulo VIII.

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Capítulo VIII. – De repente 18

    Fahbrica e Aruã recortavam por aquele mundo de gente do Conglomerado, todos configurados para o código “medieval-mas-não-tão-medieval-assim”.

    Fahbrica, quase se camuflando entre eles, retornara ao seu “estilo Conglomerado”, até mais confortável que as roupas de mundo externo, enquanto Aruã era sempre mais aventureiro - e rebelde -, sendo visto muito raramente com tais túnicas e cadarços. Porém, em contrapartida, era um completo distraído quando imerso na “Enciclopédia do Fim-Do-Mundo”. Prova disso foi, ao parar seu andar, a Carvalho mais-velha sentiu o choque de seu irmão em suas costas.

    “Que merda, hein, Fahbrica. De novo com isso de parar quando eu não tô vendo!?”, disse em libras, com a expressão rugosa de raiva. Fahbrica riu, pondo as mãos na cintura.

    – Garoto, tu vai ficar com essa roupa até quando!? Já faz três dias que você tá com ela, desde que a gente chegou. Até ele tá vestindo essa roupa, viu? – Fahbrica apontou para um garoto de túnica bege, apertada por um cinto, e calças do mesmo tom de café-com-leite. Estaria completamente no modelito se um tênis com uma estrela na lateral não tirasse tal ar medieval. O garoto, ao vê-los, se aproximou com um sorriso. – Claro, não tá tooodo no personagem, mas tá tentando, né, Oliver!?

    – Desculpa, Aruã, mas é melhor que aquelas roupas que você me deu. Eu me sinto em Game of Thrones, sério!

    – “Game of” o quê!? – Fahbrica exclamou, e Aruã compartilhou da mesma confusão.

    “É um tipo diferente de livro?”

    – Mais ou menos, Aruãzinto. É mais uma série. Depois eu te vejo um exemplar... Se os Tracius ainda não devoraram a biblioteca do shopping inteira.

    – Tracius? Nunca vi um na vida. – Informa Fahbrica, mantendo a confusão no rosto.

    – Nunca foram numa livraria depois que esse inferno começou!?

    – Não. A gente só sai pra fazer missões maneiras. Se lembra da vez que a gente quase foi comido por aquele Leviatã, Aruã?

    “Lembro. Bons tempos”, disse, recuperando os manuscritos de seu livro do chão.

    – B-Bem, a livraria tem..? – Perguntou Oliver, imitando suas professoras do primário que diziam algo como “Quatro mais quatro dá...?”, mesmo que elas já soubessem a resposta.

    No entanto, Aruã e Fahbrica continuaram com cara de paisagem.

    – ...Livros, né, gente! Esperavam que tivesse o quê!?

    “Tá, e?”

    – “E” que lá tá cheio de livros pra vocês lerem. Principalmente você, Aruã, que quer ser o novo Stephen King. – Oliver sentiu a confusão pairar, novamente, sobre eles, fazendo questão de pontuar antes de qualquer coisa. – Aff... E Stephen King é... era...um autor muito famoso. Escreveu vários livros que valem a pena ler.

    “Uhul! Onde a gente acha uma biblioteca?”

    – A biblioteca eu não sei, mas que eu achei minha Alexandria, ah, eu achei. – Gilgamesh abraçou a cintura de Oliver por trás, espalhando um rubor no rosto do outro. – Foi uma boa cantada pra ti?

    – Bem mais ou menos, mas foi o suficiente.

    – Ah, então é oficial, é? – Fahbrica perguntou aos dois, e foi a vez de Oliver olhar, confuso. – A relação de vocês. Tão namorando oficial?

    – Sei lá. Estamos, Gilgas?

    – Estamos, Sr. Sorvete?

    Havia um claro impasse, por mais que ambos já soubessem da resposta.

Pássaros Quebrados - Livro III - Estrada de EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora