Pássaros Quebrados - Livro III - Estrada de Estrelas

Capítulo X. (Parte 2)

Capítulo X - Laranja (Parte 2)

"Hey, Fahbrica. Ouviu o que eu acabei de ouvir?", perguntou Aruã, em libras.

"Mais ou menos. Temos que destruir essa nave!", alertou. A garota pegou um elástico do bolso e prendeu seus longos fios cacheados num coque. Deveriam servir por hora. Agora, na lateral daquela lata velha gigantesca, precisariam arrumar um jeito de se infiltrar sem chamar atenção do homem com cara de leão ou do traíra do Gilgamesh.

Por sorte, Oliver estava saindo melhor que a encomenda.

- Oh, não! A Terra! Será destruída! Não! - Fahbrica viu Oliver ajoelhar-se no chão, totalmente indefeso, enquanto o Cara-de-gato se preparava para apunhalá-lo com o que chamavam de "Bastião". Oliver estaria morto caso um vulto peludo e avermelhado não tivesse saltado de uma pilha próxima de escombros e derrubado o general.

- Ah, o que diabos é isso!? - Reclamou, tentando lutar contra o peso da fera sobre seu peito. De relance, Fahbrica viu Gilgamesh se agachar e conversar com Oliver. Essa era a deixa!

Fahbrica segurou o pulso de Aruã, arrastando-se por debaixo da grande nave, sentindo a grama fustigar seu rosto, até conseguir entrar na nave pela esteira levadiça, ou o que quer que fosse aquilo.

...

- Quanto mais ficaremos nesse planeta? Marduque deixou de ter sentimentos por Velha Ki faz eras! Por que isso agora? - Interroga um alienígena com olhos de lesma e pele púrpura. Vestia a mesma roupa sintética que o General, mas parecia ser de uma patente menor. Todos os outros três naquele cômodo ínfimo usavam a mesma roupa, o que fez Fahbrica se perguntar se Gilgamesh era realmente relevante nessa equipe.

- Sei lá, Orti! Trás logo esse néctar de Qi'zs, cara! A partida de Bloorg já vai começar, e sabe que o sinal aqui é uma porcaria! - Do canto que assistia a cena, Fahbrica não soube dizer se o alienígena na poltrona de ferro era um javali-azul com pernas de flamingo, ou se só estava alucinando, mas sabia que estava com muita vontade de vomitar o bolo de aniversário do Oliver ali mesmo.

- Aff, Timus! Tú é um fanfarrão, isso sim! Que você pegue seu próprio néctar de Qi'zs! Eu vou ficar na entrada da nave pra nenhuma escória subdesenvolvida, exceto o mascote do Leo, entre.

- Tá, tá.. aliás, qual o nome da nave mesmo? - O alienígena sentado se virou para o tal Orti, comprovando que Fahbrica não estava alucinada... Ainda. Ele tem o tamanho de uma prateleira do Armazém da rua Sorento, e tem presas de marfim dourado que giram e giram até acabarem numa ponta afiada. Os olhos gelatinosos do chamado Timus fecharam, em contraste ao seu sorriso, aberto, de dentes cromados e assustadores. - Eu meio que esqueci.

- Aff... Tá, Timus. É Utu-Mesquianguegaser. Agora, não pergunta isso pro General. Se ele ficar nervoso, o próximo disparo da Tiamat vai ser no seu planeta!

- Ah, eu sei, eu sei! Desculpa! - O alienígena voltou-se para um televisor que mais parecia um cristal quadrado sobre uma mola de cobre. A única pista de que aquilo transmitia alguma coisa era campo refletido na tela, com vários alienígenas organizados esperando alguma coisa acontecer. "Bizarro", pensou Fahbrica, consigo mesma.

Oorti saiu da sala, e graças a escuridão do corredor que estavam, passou direto por eles. Pelo que parecia, a nave tem dois pisos. O inferior, onde Fahbrica e Aruã estavam, possuía um corredor elíptico cujo centro terminava na grande porta-esteira que vieram. No andar acima haviam mais alguns cômodos, o "Berçario das Hookers" e a câmara de comando. Via tudo isso numa planta, colada na parede do corredor.

- Droga! - Fahbrica resmungou sob a luz avermelhada da lâmpada, acima do pequeno cartaz. Havia um elevador que intercedia entre os pisos, mas pra isso deveriam dar a volta na nave e chegar no ponto contrário ao que vieram. O problema é que Fahbrica imaginava um grande tráfego de alienígenas na parte de cima, principalmente se "Hookers" fosse o nome daqueles foguetes do apocalipse lá fora.