Capítulo II. (Parte 2)

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Capítulo 2 - Wander ( Parte 2)

Wander e Oliver voaram pelas escadas, e ao chegarem no segundo andar, viram frestas sendo feitas nas portas por mais daquelas aberrações. Uma porta simplesmente estourou, soltando de lá uma fusão bizarra entre o corpo de um lobo, o pescoço e a cabeça de uma naja. Wander já havia enfrentado alguns deles, mas não se preocupou em dar nomes. Já Oliver...

- Canino Veneno... - Murmurou, fitando a criatura.

- Para de dar nomes pra essas coisas!

- Desculpa, é mais forte que eu!

Uma porta próxima à escada explodiu em farpas por todos os lados, depois de muito tremer, saiu do quarto da mãe de Oliver algo que, enquanto humanoide do torso para cima, tinha os membros inferiores de um cavalo, ambas as partes tonificadas do mesmo azul. No ventre de cavalo, um par de olhos e uma boca grotescamente dentada brotavam, soltando um som que mais parecia um arroto abafado.

- Ótimo, estamos cercados... - Disse Oliver, colando as costas nas de Wander.

O garoto não respondeu, apenas agiu de modo rápido, não era a primeira vez encurralado e, por sorte, não era a primeira vez contra um "Canino Veneno".

Ao correr na direção da criatura, ela fez o mesmo, executando um pulo com suas garras projetadas para frente, Wander deslizou pelo piso e teve o reflexo de segurar suas patas dianteiras, arrastando o corpo para o chão, ela sibilou de dor, no entanto, com seu pescoço flexível, ainda conseguia atacar. Esse foi um erro que matou um motoqueiro de sua rua. Por mais que Wander tivesse copiado o mesmo movimento de um homem morto, agregou à imobilização ao prender o pescoço da serpente com o pé.

Essas criaturas têm um sinal vermelho, uma mancha, no pescoço. Uma vez acertadas ali, tchau-tchau, canino-veneno. O porém era que sua faca estava longe demais, e suas duas mãos estavam ocupadas, normalmente, atacaria o sinal com a faca na boca, mas acabou se esquecendo quando viu que o salto do monstro terminaria sobre Oliver. Era o padrão de ataque deles: saltar, imobilizar, devorar.

Aliás, falando em Oliver...

- Oliver, vem cá! - O garoto virou-se para Wander, já do seu lado para ver sua captura, e, nossa! Como Wander era autossuficiente! Estava prendendo no chão um bicho com o dobro da altura dele. - Tá vendo o sinal vermelho desse bicho?

- Canino-veneno.

- Dane-se! Fura logo!

Cascos chapinharam no chão, mudando o foco de Wander para trás: o bizarro centauro azul. Ele preparava uma investida, no mínimo, poderosa. Uma daquelas que, se fosse um touro numa tourada, teria matado o toureiro antes do impacto real rolar.

A criatura decolou. Os olhos de Wander, arregalados de pavor, tornaram-se, porém, de confusão, ao sentir a resistência da criatura imobilizada se perder. Estava morta, com um pedaço de ferro encravado pescoço, infelizmente o Canino-veneno virou peixe pequeno.

O centauro se aproximava mais naquele corredor mínimo, e em menos de dois segundos, Wander e ele estariam moídos em breve. Oliver olhou para trás e viu a porta do banheiro escancarada, provavelmente pelo finado Canino-Veneno. Arrastou Wander numa corrida até o banheiro, e se jogou junto dele no azulejo frio do cômodo, Oliver sentiu uma pequena brisa nos cabelos quando um vulto azulado rasgou pelo corredor.

Pássaros Quebrados - Livro III - Estrada de EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora