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«Ethan»

Incrível como uma pessoa pode esquecer tão rápido de algumas coisas, e guardar aquelas que deveriam esquecer. No meu caso, eu deveria ter esquecido aquela maldita foto de Alex. Encontrei no bolso de Jimmy, quando fui queimar suas roupas, a foto caiu e então fiquei curioso para saber o que era, e lá estava ela, Alex Martin Eingenberg, com seus cabelos pretos bagunçados após a brisa bater de fora da janela em direção ao seu rosto.

Ela é linda, incrivelmente linda.

Desde então, aquela imagem não sai da minha cabeça. Fiquei tão limitado a isso que no dia do enterro do babaca, a segui para apenas observar. Cada movimento seu, cada lágrima que descia pelas suas bochecas, também pude sentir sua tristeza após perder alguém que era importante, mesmo não devendo ser.

Ela não deveria sofrer por um idiota como o Rick.

E então minha rotina foi acompanhar cada passo de Alex, a seguia desde seu apartamento, até sua faculdade, desde a faculdade, até as festas que ela começou a frequentar bastante nesses últimos 10 meses. Ela não estava bem e isso era nítido, Alex precisava de ajuda o mais rápido possível. E eu queria ajudá-la, mas a única coisa que tinha era uma foto, e eu não iria mover céus e terras apenas para descobrir mais sobre a mulher que não sai da minha cabeça. Afinal, não sou um psicopata obsessivo.

Então decidi fazer algo simples, mas que me ajudaria bastante. Mandei Jane, que frequentava o mesmo bar que Alex, ir atrás de informações. O trabalho era simples, espere ela ficar bêbada, a arraste para dançar e pegue sua carteira.

Alex não se importava muito com sua segurança, isso eu pude perceber em pouco tempo. Suas coisas ficavam jogadas em qualquer lugar, contava a metade de sua vida para alguém que acabou de conhecer - isso pelo fato de estar alcoolizada - e por muitas vezes, aceitava carona de estranhos. Em todas as vezes, os segui para garantir que Alex chegaria segura e não cairia nas mãos de babacas novamente.

Meu plano foi um sucesso, ela não demorou muito para cair nos charmes da loira. Jane sabia fazer seu trabalho muito bem, e por isso, trabalha para mim a anos.

Já com a maioria das informações de Alex, tudo ficou mais fácil. Agora já tenho acesso aos seus gastos, registros, dados pessoais e mais milhões de coisas que nem ela mesma deve saber que tem. Enquanto vasculhava boa parte de sua carteira, não pude deixar de reparar na pequena foto, quase rasgada, que havia em um dos espaços. Na imagem, tinha Alex abraçando um cachorro todo alegre por estar ao seu lado. Ele usava um chapeuzinho de aniversário escrito ''Potis'', e então deduzi que esse era o nome do cão.

Hoje com certeza seria dia de chegar tarde em casa para Alex, uma sexta com bares funcionando 24horas. E claro que ela iria no mesmo, o mesmo bar que frequentou quando Jane a roubou, e esse foi o meu destino após sair do escritório.

[2 horas depois]

Depois de longas uma hora e quarenta e três minutos que Alex ficou alí, bebendo, um homem qualquer aparece e como de rotina, oferece carona, ela aceita, ele a acompanha até seu carro - não evitando tocar nela - e seguem até o apartamento que ela mora. Não podia ser diferente do costume, mas aquele cara tinha alguma coisa de estranho, eu não sabia o que, mas ia descobrir.

Ele segue o trajeto até a casa de Alex e estaciona o carro. Porém, ela demora a sair e já fico em alerta. Então pude ver saltos tocando a calçada, só podia ser de Alex, e tenho a certeza quando ela se levanta, um pouco atordoada. Pensei que apenas estava cansada, mas é aí que me enganei.

As mãos do homem que a acompanhou puxam sua cintura com voracidade, e Alex é jogada novamente para dentro do carro. Sinto meu sangue ferver e a vontade de acabar com aquele desgraçado invade toda minha mente. Sem esperar nem mais um minuto, saio do carro e vou em direção ao homem.

Em minha frente, posso ver esse estúpido agarrando Alex, tocando cada parte de seu corpo, e então não demora muito até que eu o puxe pelas costas, o jogando no chão. Ele surpreso, não reage, o que me ajuda a não perder tempo para começar a desferir socos em seu rosto. O sangue mancha toda a minha mão, e só aí me dou conta de que ele já está imóvel, então corro para ver Alex. Ela está apagada, seu vestido está torto e sua boca começa a ficar com uma tonalidade roxa.

O desgraçado a dopou.

Ajeito sua roupa e a coloco delicadamente em meus braços. Subo em direção a seu apartamento, entrando a coloco em sua cama. Ela resmunga alguma coisa ininteligível mas ignoro. Retiro seus sapatos e sua roupa, arrumo seu corpo e sua cabeça no travesseiro, para ela ficar mais confortável.

Por um segundo, percebo que ela abre os olhos, mas logo os fecha novamente.

Um lado meu queria muito deitar ao seu lado e apenas ficar alí, mas algo me dizia que não era certo. Ela não sabe nem meu nome, e acordar com alguém que você não faz a mínima ideia de quem seja, deve ser bem assustador.

Decidido, saio do apartamento, não antes de checar se tudo estaria seguro para Alex, e inclusive deixar um remédio com um bilhete escrito: ''Quando acordar, tome isso, você se sentirá melhor.'' .

Quando estava prestes a fechar a porta, um cachorro vem correndo em minha direção, parecia triste. Ele chorava enquanto lambia a ponta dos meus sapatos. Como Alex não para em casa, penso que ela deve não ter dado comida ao animal, e então faço eu mesmo.

O cachorro parece satisfeito, pois logo deita em sua pequena cama que fica ao lado do sofá.

E quando finalmente me viro para ir embora, escuto passos vindo da escada.

Puta merda, só pode ser a Alex.

-- Quem é você?

|Notas do Autor|

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