Jardim de Cicatrizes

5

«Ethan»

-- Quem é você? - Alex pergunta assustada.

Agradeço mentalmente por estar de costas para ela nesse exato momento, mas não iria adiantar muito, ela já sabia que alguém estava aqui. Só não sabia quem.

-- Volte para seu quarto. - Ordeno, ainda de costas.

-- Se não sair, chamarei a polícia!

-- Se você ao menos lembra-se onde está seu celular. - Fico de frente a Alex. -- Mas acredito que não saiba.

Percebo que a mulher em minha frente está um pouco perdida, e não é pra menos.

Alex coloca uma de suas mãos na cabeça, lidando com a tontura que sente em seu corpo.

Em um piscar de olhos, ela apaga. Corro para segura-la e consigo. Novamente estamos assim, Alex desmaiada em meus braços.

Como fiz a dez minutos atrás, a levo até sua cama, dessa vez tendo certeza que ela não irá acordar.

E então minha tentativa de sair do apartamento de Alex sem ser interrompido funciona pela segunda vez.

Desço até a entrada do prédio e posso ver uma multidão de pessoas em volta de Simon. Seu corpo machucado continua lá, largado na calçada.

Ignoro e sigo em direção ao meu carro, estacionado atrás do seu. Mas sou parado por uma paramédica que chega no local.

-- Senhor, viu o que aconteceu aqui? - Ela pergunta abrindo sua maleta de primeiros socorros.

-- Não faço a mínima ideia. - Minto descaradamente.

-- Obrigada. Tenha uma boa noite.

[No dia seguinte]

Preciso passar um tempo na cafeteria, se não irão desconfiar a mudança de trabalho muito rápido.

Você se pergunta, cafeteria Ethan?

Sim, eu tenho uma cafeteria, a Harper's. Dei esse nome em homenagem ao meu irmão, Jay Harper. O sonho dele sempre foi abrir um estabelecimento que pudesse confortar as pessoas, e nada melhor que ser uma cafeteria. Como ele não teve tempo suficiente para realizar esse sonho, eu mesmo o realizei para ele.

Mas as coisas lá vão de mal a pior, funcionários novos que atendem os clientes sem nenhum ânimo. Pelo contrário, parecem que vão morder a qualquer momento. Já tenho recebido muitas reclamações e isso está me dando nos nervos, por isso, hoje irei dar uma forcinha para eles.

Normalmente fico apenas na parte de dentro da cafeteria, mas hoje irei ficar no balcão, apenas supervisionando o atendimento.

Acho que está funcionando, pois já atendemos uma boa parte da clientela e parece que gostaram da "recepção".

Decido entrar um pouco para ver o que acontece na cozinha, e por as coisas no lugar. Posso deixar James cuidando do atendimento, já que ele se mostrou bem competente nessa manhã.

-- Senhor Jay, o número 3 está sendo mais pedido que o número 7. Podemos trocar os cardápios? - Um funcionário me pergunta.

-- Claro. - Respondo educadamente.