«Ethan»
Quatro semanas. Fazem quatro semanas que Alex está entubada, respirando com a ajuda de aparelhos. Quatro semanas que ela está deitada naquela cama que eu tanto odeio. Fazem quatro semanas que Alex não se move nem um centímetro. Os médicos disseram que há a possibilidade dela estar vivendo um colapso nervoso dentro da sua mente enquanto não acorda.
Eu disse aos especialistas que ela perdeu uma pessoa muito importante para ela. Eu disse que ela o viu morrer. Mas não disse que ela que o matou.
Que mundo estranho. Se me dissessem que Alex iria atirar em Rick e fazê-lo sangrar até a morte, eu diria que era uma bela piada. A questão é... Eu não queria que ela tivesse matado ele, era para esse trabalho ser meu.
A um mês atrás, dei fim ao corpo de Rick e de sua mãe. Não fiquei satisfeito, já que não fui eu quem acabou com ele, e sim Alex. Quando voltei para a casa de Nessa, ela já estava morta. Talvez não tenha aguentado e sangrou até secar.
Tive 1 mês inteiro para dar um jeito nas coisas. Depois dos corpos, fui até o chefe de Alex e me "entreguei". Sim, eu confessei o que tinha feito com Rick. Já que a parte do "assassinato" não estaria mais na minha ficha, visto que, ele não tinha morrido na época, decidi contar tudo. Tudo, tudo e tudo. Todos os detalhes e todas as mentiras. Ele não ficou surpreso, o que me deixou surpreso. Ele apenas me disse oito palavras, que são elas: "Você ainda vai acabar com a vida dela".
Depois disso, ele apenas me acompanhou até a saída, me entregando uma caixa com os pertences de Alex. Simples assim. Ele não me algemou, não me interrogou e nem mesmo pegou meu número para caso se arrependesse de deixar para trás seu maior caso, me ligasse e dissesse que estava indo até minha casa me prender.
Eu não fui até o distrito com a intenção de me colocarem atrás das grades, por mais que eu estivesse confessando tudo. Eu sabia que isso não era uma possibilidade. Na verdade, me entregar nunca foi algo do meu feitio. Mas, nas noites passadas naquele sofá desconfortável, na esperança de Alex abrir os olhos a qualquer segundo, me fez pensar que não era essa a situação que eu queria estar. Não é essa situação que eu queria que Alex estivesse. Eu tinha que fazer alguma coisa, eu tinha que colocar o trem de volta nos trilhos. E foi isso que fiz. Decidi mudar por ela, pela minha Alex.
Dito e feito, confessei todas as coisas ruins que fiz para o sargento. Alex perdeu seu emprego - o que vai ser bom para focarmos em nós - e suas coisas já estão na minha casa, digo, nossa casa. Até Potis já se acostumou comigo. Alex só precisa acordar e voltar para casa comigo. Finalmente daremos início ao "nós".
Nunca pensei que, com a vida que eu levava, machucando pessoas, desejaria, um dia, nunca querer machucar uma pessoa em específico.
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1 mês depois
-- Ei? - Alex me chama sonolenta, me fazendo levantar rapidamente do sofá do hospital. -- Olá?
-- Ei, estou aqui. - Passo a mão pelo seu rosto, afastando uma mecha de cabelo que caia em seus olhos. -- Tá tudo bem, você está bem.
-- Perdão? Quem é você? - Meu rosto se fecha em uma expressão confusa, ela... Como...
Quem é o que?
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Jardim de Cicatrizes
RomantikAlex, uma garota doce e inocente, perdeu o amor de sua vida em um incêndio, mais tarde revelado ser criminoso. Após achar que sua vida não teria mais sentido sem ele, decide se autodestruir. Quando está a um passo do fim, uma pista cai em suas mãos...