CLASSE NOTURNA [taekook]

19. Persona

Depois de se frustrar completamente, Jungkook deixou tudo pra lá, queria se esquecer que não conseguira pedir o Kim em namoro naquela noite, esquecer de que não soube se expressar quando mais precisou. Querer esquecer não significava conseguir, sua chateação era notável, passando pelos lugares como uma nuvem negra que anuncia a tempestade. O semblante do Jeon estava mais carrancudo essa noite, Namjoon pôde notar de longe, o gritava pelo corredor após vê-lo passando de frente à sala na qual estava aplicando provas. O biólogo até mesmo deu uma colher de sopa para que a turma colasse, saindo de sala no meio de uma prova e indo averiguar o cheiro de confusão.

— Jungkook!

O próprio olhou para trás com tamanho desdém soltando um arzinho pelo nariz e seguindo em frente, como se não fosse com ele. Namjoon ficava vermelho de raiva, apenas Jungkook conseguia tirar do sério o homem tão centrado, que era quase um Buda, de tamanha paz.

— O que você fez dessa vez, Jungkook?! — Kim Namjoon grunhiu apressando os passos.

— Cai fora, Namjoon.

Numa corrida para o alcançar, Namjoon segurou-o pelo braço e o parou.

Aí o tempo fechou de vez.

Jungkook trincou o maxilar e foi virando a cabeça lentamente para trás, olhando-o por cima dos ombros, furioso por aquele aperto em seu braço. Kim Namjoon engoliu em seco e por um momento cogitou largá-lo, mas sentia que tinha de fazer alguma coisa.

— Por que caralhos está me tocando, hm?!

— Eu sou seu professor, abaixe o tom, e me importo com você, seu mal agradecido!

— Abaixo porra nenhuma, e na boa, pega essa importância e enfia no seu cu — num arranque, Jungkook puxou o braço bruscamente, seguindo andando.

Namjoon ficara um pouco deslocado, sendo deixado no corredor sem a mínima moral. O professor de biologia não poderia fazer nada, conhecia muito bem a peça e, em outra hora, o abordaria com a paciência redobrada. Era sempre uma questão saber o que o Jeon estava fazendo, de errado ou não.

Jungkook gastar horas naquela instituição significava ser vigiado, e para muitos, como para Namjoon, vigiar a bomba-relógio era sempre importante.

[...]

Chegando na sala dos professores, Taehyung encontrou toda a agitação que não havia encontrado durante o semestre inteiro de trabalho.

Um grande caos!

Certamente, as provas estavam deixando todos os alunos à flor da pele, mas não só eles, os professores também. A sala cheirava à café. Hoje, o cheiro exalava com maior intensidade, comparado ao nível impregnado da direção. A cafeína corria solta e, por sorte, ou por responsabilidade, Taehyung não estava tão pilhado quanto seus colegas de trabalho. Seu rendimento foi bom como professor, a maioria de sua turma estava bem focada e, por mais que não tivesse corrigido as provas ainda, estava certo de que tudo corria bem em Artes Visuais. Em uma das provas, Taehyung até recebeu escrito no fim da folha "melhor prof", enchendo seu coração de amor quando deu uma rápida conferida, notando o elogio em rabisco. De certo, todas as duas turmas o pegaram para criar, gostavam muito dele e Taehyung ficava bem contente percebendo isso.