CÁPITULO II

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Vida longa ao Principe

É costume esta época do ano chover muito, mas na noite do dia 13 de março o céu parecia desabar sobre as cabeças dos moradores de Londres.

- Respire fundo, e empurre. _A parteira clamou.

- AAARG!_ o amargo som expelido da voz de Thamiris ecoou pelo quarto. Na medida em que ela forçava a matriz do seu corpo, sentia como dez mil facadas em suas entranhas, suava frio e quente ao mesmo tempo, mal podia abrir os olhos, seu coração batia tão forte que pensou ser seu dia de partida desta terra, Oh por Deus! . 

-Força mulher!_ gritou novamente a parteira. E Junto de sua voz, esbravejou um trovão. 

Thamiris preferiu mil mortes a ter que passar por aquilo de novo, mas buscou forças ela não sabe ao certo de onde, para empurrar e expelir de vez de seu ventre a encomenda da rainha. E num só segundo, toda aquela dor avia sumido, e junto desta sensação tranquilizante, o choro forte do pequeno Herdeiro Vendido.
- Lindo!_ exclamou a parteira ao pegar o menino no colo e embrulha- ló com um pano, ela fazia muitos partos, via muitos bebes, mas aquela criança era de uma beleza inigualável. Sua pele, apesar de suja pelo sangue da mãe era macia e branca, sem se quer uma marca, exceto uma em seu pulso esquerdo, tinha o formato parecido com um raio, como os que trovejou aquela noite, mas ela não deu muita importância. Afinal deveria ser pelo atrito do parto, outras crianças vivem nascendo manchadas também, o bebê não demorou para abrir seus olhos revelando um brilho intenso, como o céu estrelado, seu nariz e boca eram tão pequenos e delicados, que ela teve de verificar se avia nascido um menino mesmo. Mas de fato ele tinha sua masculinidade entre as pernas. 

- Saudável, parabéns mamãe._ exclamou a parteira. Entregando a criança nos braços de Thamiris, a mesma tomou a criança sem jeito, na verdade, sua mãe já estava a caminho, mas a parteira tão pouco sabia da trama, então thamiris fingiu estar contente. 

Ela não desejava arriscar-se a mirar a criança, temia que ao vê o rosto de seu filho não pudesse entrega-lo. Mas a parteira estava bem ali com um sorriso de orelha a orelha, maravilhada com mãe e filho, ela teria de se livrar do olhar da parteira, mirando seu filho. 

A criança que berrava  constantemente, se calou ao ter os olhos da mãe fixados nos seus.

 -Maldição._ Thamiris praguejou baixinho, ao se deparar com a marca no braço da criança. Ela não poderia sentir o que sentiu, como se sua vida dependesse daquele pequeno ser vivo, que mal sabia de sua própria existência. Por Deus ela daria tudo por ele! engoliu seco e puxou o ar, e neste momento lembrou da ultima vez que vira Vicente. 

Thamiris havia ido a feira a duas semanas atrás, sua barriga já era redondamente grande, a mesma evitava sair de casa pois os murmurinhos pela vila a seu respeito, eram terríveis. Afinal ela é uma mulher solteira que espera um filho. Mas naquele dia tudo que Thamiris queria era um abacaxi. E sua mãe sempre muito ocupada no casarão, Thamiris roía as unhas dos dedos pela fruta! Então arriscou - se.  

Não era novidade que ela esperava um filho, pois sendo filha de quem é ,sua mãe mesmo deixou escapar para um e outro, enquanto bebia em qualquer taverna por ai, mas o que ninguém sabia era, a grosso modo, quem botou a criança nela. Entre um olhar de desaprovação e outro, Thamiris colocava em sua cesta o abacaxi maior que encontrará sobre a mesa de oferta. 

- Thamiris?_ A voz suave e conhecida ecoou pelos seus ouvidos, ocasionando um disparo em seu coração.

Ela virou- se para trás. - Vicente_. disse quase num sussurro. Ele a olhou de cima a baixo, e com certeza era um dos poucos que não sabia sobre a gravidez da mesma. pois  morava um pouco longe da sua casa, e vivia pintando telas, mal tinha tempo pra saber das fofocas e tão pouco se interessava, mas talvez essa em específico, fosse de teu interesse.

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