CAPITULO IV

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De volta a Londres

No ano de 1825, o comércio casamenteiro estava em alta. Tudo era mágico para as moças, ou para a maioria delas. Elisa fazia parte da pequena porcentagem que se negava a debutar naquele ano em que completará 16 anos.

- Com seu irmão se tornando inventor nossa família pode finalmente entrar na alta sociedade! Por Deus Elisa, vá a este baile!

- Não. _Disse Elisa cruzando os braços.- Por Deus mamãe, eu no máximo serei vista como uma dama, eles acham que sou
Inferior, não me prestarei ao ridículo.

- Prefere continuar sendo uma pobretona ao se casar com um bom dote?

- Basta mulher, essa garota não vai servir nem pra isso._ Disse a voz embriagada de Leônidas, pai de Elisa.

- Eu já tenho planos para essa noite. Disse ela.

Fazendo sua mãe revirar os olhos.

- Está menina já deve estar vendendo a honra por aí e você nem sabe, mulher estúpida!_ Disse o bêbado rindo alto.  Suspirou a mãe.

Elena era uma boa mãe e se preocupava com a filha, mas as duas tinham ideias muito diferente sobre a vida.


- Nunca me importei. _Elisa deu de ombros.

Elena não entendia porque a filha, sendo mulher, tinha esse comportamento tão rebelde.

Elisa havia visitado o irmão em sua casa nova, no centro da cidade na semana passada. Ele a acompanhou até uma modista para que ela pudesse escolher um vestido, já que iria debutar em breve, mas Elisa sempre foi muito conversadeira, e logo fez amizade com a modista, mostrando seu melhor talento, sua voz, era doce e muito bem afinada, cantava tão lindamente que qualquer um que a escutasse se sentiria hipnotizado. A modista encantada por sua bela voz, a entregou um panfleto, onde escolheriam uma cantora para cantar no salão real.

A verdadeira paixão de Elisa era sua própria voz, ela tão pouco se importava com homens, sendo ricos, duques, condes, tudo que ela queria era poder mostrar a todos esse dom divino que tinha.

Mas sua mãe não compreendia. - Ora por Deus, sabe o que falam dessas cantoras de salão Elisa? Não passam de meretrizes._ Disse a mãe.

Elisa não concordava, era meretriz quem queria ser, ela era cantora ou ao menos queria ser.

- Não quero uma meretriz suja dentro de casa não, Elena!_ Gritou o pai.

- Ora homem, a nossa filha é moça direita!

O pai gargalhou em ironia. Elisa revirou os olhos e foi por o vestido que havia comprado da modista.

- Minha filha você está como uma dama real, imagine...

- Servir mulheres ricas e ser humilhada todos os dias? _Ironizou Elisa.

A mãe logo fechou a cara em desgosto. - Bom, se acha que assim terá respeito dos homens, está muito enganada, uma mulher que se preze deve servir seu marido.

Elisa não se atrevia a responde a mãe, mas ela certamente se negava acreditar que o valor de uma mulher estava em seu marido, embora isto fosse um fato da sociedade.

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