Capítulo 23

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Sophia

   Eu estava me sentindo feliz, mesmo que Brandon estivesse longe a dois dias, nos comunicavamos sempre que nossos horários livres se batiam, ele fazia questão de passar os minutos me perguntando sobre meu dia, me respondendo e sorrindo para mim. Como se aquilo não me deixasse mais apaixonada.

Na manhã de quarta-feira entrei no café como de costume, olhei para nossa mesa e senti um pequeno aperto por não ve-lo ali, mas logo joguei isso de lado, ele voltaria logo, não tinha porque me sentir triste.

- Está sentindo falta do seu namorado bonito querida? - A senhora, dona do café, falou sorrindo, suas expressões marcadas pela idade se acentuando enquanto sorria.

- Ele não... Quer dizer... - respirei fundo e sorri de volta - Sim, ele viajou a trabalho, acho que já me acostumei com sua presença constante.

- Aqui, pegue isso que se sentirá melhor, é por conta da casa. - Ela me estendeu o chá é um bolinho de mirtilo. - Não existe nada melhor que um bom doce assado, você se sentirá melhor, aceite querida, seu namorado sempre dá ótimas gorjetas.

- Obrigada.

Peguei o bolinho e o copo e me sentei na mesa, tirei um bloco de anotações da bolsa afim de organizar meus horários enquanto o tempo passava, eu sempre tinha cerca de quarenta minutos antes do trabalho, então fiz o que costumava fazer antes dele.

- Ai está você Sofi! - Me assustei um pouco quando Cristal jogou sua bolsa na mesa e sentou a minha frente.

- Cristal?! - Ela sorriu pra mim, mostrando todos os dentes, e naquele momento notei o quanto ela parecia com o irmão. - O que você... Como sabia que eu estava aqui?

- Bom dia pra você também. - Ela fez um beicinho e estendi a mão sobre a mesa apertando a dela em um gesto de carinho.

- Me desculpe, bom dia. - Ela jogou a mão no ar dispensando minhas desculpas.

- Eu não tenho nenhum paciente durante a manhã, decidi passar na sua casa pra te dar uma carona, sei que você odeia dirigir, Eleonor me disse que você costuma ficar, resolvi arriscar, se não te encontrasse, bom, pelo menos eu teria café. - Ela deu de ombros como se aquilo não fosse nada.

- Tudo bem, mas você podia me mandar uma mensagem, eu teria te esperado.

- Seu celular está desligado querida. - Ela se levantou e foi até o balcão, peguei o celular na bolsa e bati na testa, estava mesmo desligado. - Então, o que tem feito você ficar tão sumida ultimamente?

- Ah... Uh... Eu não sei como te explicar... Bom... Não é o tipo de coisa que se fala pelo celular e...

- Você está saindo com alguém? - Ela bebeu um gole de café, como o irmão, seus olhos azuis nunca deixando os meus.

- Sim?

- Sim? Como assim? Está ou não? - Ela juntou as mãos na mesa me analisando. - É um homem casado?

- O que? Não! É claro que não. - Respirei fundo e fechei os olhos, seria idiotice mentir pra minha amiga e mesmo que a vergonha estivesse me corroendo eu tinha que falar.

- Ótimo. Isso seria um problema gigante, homens comprometidos são fora do limite. Mas então porque você está tão vermelha e tímida?

- É-o-seu-irmão!

- Sophia querida, se você quer que eu entenda, tem que falar devagar e mais alto, você está quase se fundindo a coitada da cadeira. - Suspirei e me ergui, eu não tinha feito nada de errado, éramos adultos e Cristal com certeza saberia lidar com aquilo.

- Eu estou saindo com o Brandon. - Cristal me encara, sua testa franzindo e seus olhos se estreitando levemente.

- Oh... Isso explica muita coisa. Por acaso vocês estavam juntos no sábado?

- Sim, eu... Dormimos juntos... Bom, você sabe. - Cristal me olha por mais alguns segundos sem falar absolutamente nada, me deixando totalmente em pânico.

- Isso explica a cara de gato saciado dele no almoço de domingo. - Como se possível, sento uma nova onda de calor subindo pelo meu pescoço e se concentrando em minhas orelhas. - E como foi, quero dizer, seu sei que você era virgem e espero que tenha sido bom.

- Foi bom, foi maravilhoso na verdade. - Cristal sorriu, decidi deixar um pouco do constrangimento de lado, ela era uma boa amiga, do tipo que compartilhamos segredos, e também, não podia ser mais embaraçoso do que foi com Amélia suspirando e me pedindo detalhes.

- Isso é maravilhoso, acredite, e raro, eu particularmente odiei a minha primeira vez, foi horrível. - Ela deu uma risadinha e segurou minha mão - Estou feliz que sua experiência tenha sido agradável, o que acha de sair pra jantar? Um programa de meninas?

- Eu adoraria Cristal.

- Ótimo, te pego as oito, agora, me conte os detalhes.

Deus do céu, porque não encontro amigas mais discretas?

- Você quer saber detalhes sobre mim e seu irmão?

- Claro que não, somos amigas, nesse quesito ele é o cara com quem você está saindo, e fico feliz que tenha me contado, e muito mais por saber que ele fez de um jeito bom, afinal, foi sua primeira vez e essa sendo especial é muito mais interessante.

Passo o restante da minha hora livre contando a Cristal como tinha sido maravilhoso estar com Brandon, ocultando os detalhes sórdidos é claro.

O dia de trabalho foi corrido, havia uma agitação estranha rondando a empresa, mas eu não sabia o que estava acontecendo, exceto que Theodora estava louca, de um lado a outro e tentando conter alguma catástrofe.

Nem mesmo Anne sabia o que estava acontecendo, e se Anne não sabia, ninguém sabia, exceto os diretos do cada departamento.

A noite sai pra jantar com Cristal, ela me deixou escolher o lugar e pareceu adorar minha escolha.

- Meu Deus, eu tenho uma história pra te contar, sobre um casal que adora esse restaurante. - Sorri para ela.

- Sobre Loren? - Ela balançou a cabeça.

- Brandon te contou?

- Não, só disse que esse lugar era especial e que foi uma indicação, mas não acho que ele tenha prestado atenção nos detalhes, eu teria adotado ouvir durante nosso jantar.

- Ele te trouxe aqui?

- Sim. - Seus olhos se alargaram e ela deu uma risadinha. - Tudo bem, eu te conto, se você puder me contar a história de Loren é claro.

- Combinado, agora, quero saber do seu romance.

- Você não namora o Noah?

- Sim, mas é incrível como você fica vermelha e com vergonha de falar sobre sexo. - Ela deu mais uma risadinha, ela só estava me provocando a chegar no limite da minha vergonha. - Ok, vou te contar  uma história de amor, de uma doce e delicada mulher, e um cavalheito loiro, bonito e quente, bom eles se conheceram na infância...

Cristal contou a história inteira, ela era divertida, compreensiva e torcia para que tudo desse certo, era sim uma ótima amiga, e no fim da noite agradeci por ter poucas e boas amigas.

Tentei ligar para Brandon várias vezes, no horário de sempre, mas seu celular estava sempre ocupado ou desligado, ele também não ligou e meu último pensamento antes de dormir foi, por que ele sumiu.

Brandon - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora