Capítulo 3

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Sofhia

Eu estava voltando do banheiro quando Theodora passou ao meu lado, quer dizer, quase por cima de mim, tive que me espremer na parede para que ela passasse, ela me olhou como se quisesse me matar, fui até Anne que me olhou com olhos arregalados e uma expressão de interrogação.

- Achei que ela fosse passar por cima de você.

- O que será que aconteceu? - Perguntei baixo.

- Não sei, ela foi ter uma reunião com o poderoso chefão, e ela sempre volta de bom humor depois disso, algo não saiu como planejado. - Me senti imediatamente interessada

- Eles por acaso... - Ela levanta a mão me cortando.

- Não, é claro que ela quer, todo mundo sabe, e não é a única, muitas funcionárias jogam seu charme pra cima dele, mas ele é como o tio, funcionárias são proibidas, ele nunca pareceu nenhum pouco interessado pelo que sei, e olha que adoro saber de todas as fofocas, e se tem uma coisa que faço no almoço é fofocar, conheço quase todos que trabalham aqui.

- Ah. - Tentei não me sentir decepcionada com aquilo - Isso é muito digno da parte dele, Theodora é muito bonita.

- Sim é, mas cá entre nós Sofi, não adianta usar isso pra se dar bem com o chefe, mesmo ele sendo aquele monumento masculino. - Dou uma pequena risadinha.

- Estou indo pra minha sala, até mais An.

Me tranquei em minha sala novamente, estava distraída quando alguém bateu na porta, não me dei o trabalho de levantar a vista do desenho, não era Theodora nem Hannah, elas entravam sem bater sempre, como se fossem donas de tudo, Michael batia, mas entrava com tudo depois, se fosse algum outro funcionário Anne teria ligado para avisar, então só restava ela mesma, provavelmente com café.

- Obrigada, pode colocar na mesa Anne, assim que terminar vou tomar seu café maravilhoso, estou mesmo um pouco cansada.

- Deveria dar uma pausa então. - Levei um susto tão grande que quase escorreguei pra fora da cadeira, aquela voz forte fez todo meu corpo se arrepiar, e o que diabos tinha naqueles olhos, que pareciam me analisar tão profundamente.

- Sr. Immers, perdão, não sabia que estava aí, achei que fosse a Anne. - Falo rápido - Posso ajuda-lo? Espero que não tenha nada de errado.

- Nada está errado, pedi para que Anne não avisasse. - Balancei a cabeça devagar - Estou aqui porque quero saber se tem projetos terminados senhorita Stewart.

- Não gostou dos que mandei? - Pergunto confusa, me esquentando de volta a cadeira discretamente.

- Sim, são ótimos, mas mesmo assim, não fui eu quem escolheu, foi Theodora, queria ver pessoalmente se encontro algo que... não sei... Algo que eu ache interessante. - Levo alguns segundos para entender que ele estava mentindo, mas disfarçava bem, será que ele não gostou, ou Theodora nem se quer repassou para ele?

- Tudo bem, estão aqui. - Pego algumas folhas que estavam de lado em minha mesa, ele se senta em minha frente de forma elegante, estava vestido com um terno azul e por Deus, estava mais lindo que nunca, não que eu tivesse visto ele muitas vezes.

- Obrigado Sophia.

Ele começou a olhar, não parecia ter pressa, o que me deixou bem a vontade para observa-lo, os cabelos escuros estavam bem cortados, a sobrancelha grossa parecia um conjunto dos cílios longos que cobriam os olhos castanhos, a barba só fazia o maxilar quadrado ficar ainda mais acentuado e bonito.

Eu não podia ver, mas podia apostar que embaixo daquele terno perfeito tinha um corpo forte e definido, não que não desse pra imaginar isso, não tinha nada fora do lugar, as pernas longas e grossas escondidas pelo tecido da calça, os braços igualmente definidos e mãos longas e de aparencia firme, e tinha o perfume que já tomava conta da minha sala.

- São mesmo muito bonitos, você sabe que algumas peças são exclusivas não é?

- Sim.

- Escolhi uma peça de cada um dos outros, e escolhi uma sua, serão então três peças exclusivas. - Balanço a cabeça afirmando - No dia em que nos conhecemos você me mostrou um anel, tinha uma pedra esverdeada...

- Azul! - Falo baixo, mas ele para imediatamente, me olhando nos olhos.

- Azul. - Um calafrio percorre meu corpo, sinto vontade de acariciar sua bochecha - Acha que se fosse colocada uma pedra mais azul... Algo como... Com que pedra você o imaginou?

- Eu? Bom... - Foi uma pergunta que me pegou de surpresa, mordi o lábio - Uma safira?

- Não, menos comum.

- Uma tanzanita? - Ele novamente balança a cabeça, depois se levanta.

- É uma peça que já tem comprador, será exposta apenas para ser mostrado, mas é para alguém muito importante para mim. - Sinto meu humor cair em terra, eu estava sonhando acordada e ele queria meu anel para dar a outra mulher.

- Eu entendo. - Falo ganhando sua atenção, desvio o olhar.

- Um diamante azul. - Levanto a cabeça imediatamente.

- Mas... É extremamente raro!

- Sim, é. - Então ele sorriu, um sorriso lindo, e seus olhos quase se fecharam, ele parecia mais jovem e mais bonito sorrindo - Mas ela também é, eu não deveria te contar mas, quero que você como criadora veja todos os detalhes, não se preocupe com o diamante, compramos um em um leilão a alguns anos, foi guardado para uma peça especial, que pedras seriam colocadas no arco?

- Nesse caso, acho que diamantes comuns cairiam bem senhor Immers, qualquer mulher amaria. - Abro uma das gavetas onde tinha guardado os esboços do anel que ele falava, olhei para ele mais uma vez, eu tinha mudado sua cor algumas vezes até chegar onde eu queria. - Ou safiras, mas seriam tão pequenas, não é um anel tão grande, ele cheio de detalhes, mas é delicado, é ostentoso em beleza e mesmo assim sutil.

- Você fala com muito amor desse desenho. - Passo o dedo pelo desenho.

- Sempre o imaginei no dedo de uma mulher muito especial.

- No seu? - Balanço a cabeça negando.

- Não, fiz pensando na minha mãe, eu gosto de turmalinas e ela as amava, mas a única coisa que quero em meu anel é amor, isso é mais importante que uma pedra.

- Cristal. - Olho para ele e faço uma cara de desentendida - O anel, é pra Cristal.

- Oh Deus. - Coloco a mão na boca - O Noah é o comprador?

- Sim. - Ele se senta novamente e sorri - Se ele quer levar minha irmã, o mínimo que posso fazer é arrancar alguma parte da fortuna dele, não acha?

- Que maldade. - Sorri cúmplice - Vou fazer o esboço final está noite, prometo que será um anel bem caro senhor Immers, mas duvido que ele ligue para o valor, ele realmente parece ama-la.

- Sim, não posso discordar desse ponto. - Ficamos alguns segundos nos encarando ate ele limpar a garganta. - Muito bem Sophia, conto com você, até amanhã.

- Até.

Então ele sorriu e se foi, com meus desenhos na mão e um sorriso ainda brincando nos lábios, tão lindo quanto tinha entrado, bati na testa com o papel em minhas mãos  tentando voltar a realidade, ele era meu chefe, eu não podia me iludir com aquilo.

Brandon - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora