Capítulo 38

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Sophia

   Após a comemoração eu esperei a bomba do nosso relacionamento vir a tona, mas nada tinha acontecido, continuamos nossa rotina de nos encontrar todas as manhãs no café, durante a semana era o único momento em que tínhamos contato, mas nos fins de semana ficavamos juntos, e tudo ficou bem, durante mais de um mês inteiro.

Era manhã de quarta-feira quando tudo começou a cair na minha cabeça, não era como se eu não tivesse notado os olhares e cochichos, os risinhos nos cantos e as caras fechadas, eu nem se quer cheguei ao elevador, entrei no banheiro e me tranquei em uma das cabines, eu poderia estar imaginando coisas, poderia até...

- Então ela está mesmo com ele? Que sortuda. - Ouvi uma voz feminina enquanto procurava por meu celular na bolsa.

- Não me admira o cargo que ela ocupa, se está dormindo com o chefe, se eu soubesse que poderia conseguir algo tão bom com sexo teria insistido mais nele, imagina tudo o que ela está ganhando com isso. - A outra voz não parecia contida como a primeira, senti meu sangue esfriar.

- Com aquela cara de santa, será que foi o cabelo ruivo? - Fechei os olhos, respirando fundo. - Mas também, não é um sacrifício não é? Ele é um gato.

- Sim, um Deus grego, eu não veria problemas em dormir com ele, e de brinde um bom emprego logo de cara, ela já deve ter um baú de jóias.

- Ouvi dizer que a ex dele voltou... A Sophia é bonita, mas não parece alguém que se imagina ao lado de um Immers sabe, ela não tem nome, ou uma familia rica. - Um risonho desdenhoso ecoou pelas paredes.

- Ele deve estar apenas se divertindo, todo mundo sabe como ele era apaixonado, logo logo a Sophia vai levar um fora, assim que ela for demitida saberemos que o caso terminou.

- Ou se ela for esperta, logo deve ficar grávida...

O barulho de uma das portas se abrindo soou, imediatamente as duas se calaram, fiquei quieta, parada, eu não conseguia sair dali, pensar com coerencia.

- Se vocês duas terminaram de confabular sobre a vida alheia, eu sugiro que voltem ao trabalho. - A voz firme de Theodora se fez presente, abri os olhos, queria ver o que estava acontecendo, mas não me movi. - E se eu fosse vocês também tomaria cuidado.

- Por quê Theodora, você não é chefe do nosso departamento. - A voz tóxica de uma das mulheres devolveu, eu podia apostar que seu queixo estava pra cima. - Ou está brava porquê perdeu ele pra outra, todas sabíamos que você se jogava nele sem dó.

- Sim, e eu nunca neguei isso, mas se seu discurso tóxico e machista estiver errado, e aqueles dois continuarem juntos, você está falando da próxima dona de tudo isso aqui, e vocês duas podem acabar no olho da rua, eu tenho certeza de que vocês não sabem o que é isso, porque amor é pra poucos, inclusive amor próprio, mas algumas pessoas ficam juntas porquê se gostam de verdade. - O barulho da torneira parecia algo distante - Então eu sugiro que trabalhem, e esqueçam a vida alheia, porque mesmo não sendo chefe de vocês, ainda sou uma chefe, então não duvide do meu poder para demitir vocês duas.

O barulho dos saltos de Theodora foi se afastando, depois outros sapatos se afastaram, fechei os olhos de novo, era como Loren disse, todos já sabiam, muitos estavam falando mau de nós dois, inventando histórias mirabolantes e maldosas, outros não veriam maldade, e eu estava pasma por Theodora ser uma dessas pessoas.

Achei meu celular, haviam muitas mensagens, de Amélia, Cristal, Brandon... Me levantei e sai do banheiro, andei até o elevador sem olhar para ninguém, pensando nele, apenas nele.

- Sofie! - Anne correu em minha direção me envolveu em um abraço. - Você está bem?

- Sim, eu acho, só não gosto de como todos estão me olhando... Como se tivesse cometido um crime.

Brandon - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora