Capítulo 10

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Brandon

  Abri a caixa e olhei para o anel pela décima vez, estava ansioso para mostra-lo a Sophia, era a primeira joia desenhada por ela que agora estava fora do papel.

Quando ela enfim entrou em minha sala seu semblante estava sério, o nariz vermelho, parecia mil vezes mais cansada do que quando a deixei a uma hora atrás.

- Sophia, o que aconteceu? - Me levantei indo até ela, sem me importar segurei seu rosto com uma das mãos.

- Não foi nada. - Ela se esquivou após alguns segundos, se sentou na cadeira á frente da minha mesa - Você me chamou?

- Tudo bem.

Caminhei até minha cadeira sentando em seguida, decidi não preciona-la, talvez ainda estivesse mau por causa do sonho, assim que sentei empurrei a caixinha de veludo azul para ela.

- Quero que veja isto.

Ela estendeu a mão e pegou a caixinha, abriu devagar, fiquei hipnotizado quando ela suspirou, pensando em como seria fazê-la suspirar incansavelmente enquanto...

Pare.

- O que achou?

- Meu Deus, eu... Ele está... - Ela olhou para mim, os olhos cheios de lágrimas e por um momento achei que não estivesse tão bom quanto eu achei - Está perfeito, eu não pensei que fosse ficar tão bonito, é só... É um sonho.

- Que bom que você gostou. - Respondi aliviado.

- Eu amei.

Fiquei em silêncio por um momento, deixei que ela apreciasse o trabalho desenhado por ela, uma lágrima escorreu por sua bochecha, mas ela logo limpou.

- Esse diamante, é a coisa mais linda que já vi. - Seu dedo contornou o pedra delicadamente, ela parecia encantada com cada detalhe.

- Aposto que vai chamar muita atenção na inauguração da nova coleção. - Sophia bufou baixinho e eu sorri, aquele era um sinal de que ela estava voltando ao humor normal, o humor que passei a conhecer quando começamos a interagir diretamente todos os dias.

- Por favor, o colar que a Hannah desenhou é adornado com rubis e diamantes, você imagina quanta atenção ele vai chamar? - Ela se levantou e empurrou a caixinha em minha direção.

- Sim, mas nem sempre o mais chamativo é o mais bonito não é? - Quando estendi meu braço nossas mãos se tocaram, olhamos para baixo ao mesmo tempo.

- Eu acho muito mais bonito, aquilo que é de verdade, aprendi desde cedo a apreciar a simplicidade.

Nossos olhares se encontraram, seus olhos verdes estavam levemente arregalados, não pude me conter, levei a mão até seu rosto limpando os resquícios das lágrimas, seus olhos se fecharam e no mesmo instante em que a porta se abriu.

Sophia se afastou rapidamente, seu rosto, que já estava vermelho, ficou em um tom impossivelmente rosa.

- Cunhadinho, vim ver o... - Noah fechou a porta e parou assim que se virou - Oh... Querida Sophia, não sabia que estava aqui.

- Olá Noah. - Noah olhou para nós dois e sorriu, igual ao gato de Alice no país das maravilhas - Como está?

- Bem, muito bem, você está vermelha, aconteceu algo? - O sorriso zombeteiro continuou em seu rosto enquanto se aproximava.

- Sim, você me assustou quando entrou aqui do nada. - Noah gargalhou, sabia que Sophia era inteligente demais para cair em sua artimanha.

- Eu concordo, já disse pra que minha secretaria serve. - Falo mau humorado.

- Não seja mau humorado Brandon, você mesmo me chamou. - Ele se sentou e continuou alternando o olhar entre mim e Sophia - Não quis interromper nada.

- Não interrompeu, você e Sophia estão aqui pelo mesmo motivo. - Joguei a caixa para ele - Foi Sophia quem o desenhou.

- Ah, isso torna tudo mais especial. - Sophia deu um sorriso tímido, Noah abriu a tampa e sua boca caiu - mio dio è bellissimo... É lindo Sophia, você tem mesmo um talento pra coisa.

- Obrigada. - Ela limpou a garganta e apontou para a porta - Eu vou deixar vocês a vontade, Sr.Immer, muito obrigada por ter me mostrado em primeira mão, com licença.

Fiquei observando até que ela saísse, seu cabelo ruivo parcialmente preso, o balançar suave de seus quadris, ela vestia uma calça jeans justa que se ajustava perfeitamente ao seu corpo.

- Que tal você parar de comer a Sophia com os olhos e se focar em mim? Não sou uma ruiva bonita, mas tenho meus dotes, atributos? Como vocês ingleses gostam de chamar? - Levantei uma sobrancelha.

- Beleza? - Peguei uma caneta e escrevi um número em um papel - Você deveria saber, já que pretende se casar com uma inglesa, e uma bem cara, a propósito.

Estendi o papel para ele, seu sorriso feliz se transformou em uma careta de desgosto, sorri divertido, peguei você Noah.

- Você esta brincando? Isso é muito dinheiro...

- É uma peça única, com um diamante  azul, você pediu algo que ninguém tinha, suas palavras exatas foram " Quero algo tão especial e bonito quanto sua irmã", o que esperava?

- Sim, me lembro o que eu disse, embora você lembre cada palavra com muita perefeição, mas eu não queria algo que deixasse com um buraco na minha conta, temos que negociar...

- Caso você não tenha, saiba que aceitamos cartão. - Falei zombeteiro - Qual é Noah, sei que isso é provavelmente o que você lucra em um mês.

- Você está se vingando de mim! - Ele apontou o dedo acusadoramente em minha direção, meu sorriso só se alargou mais, ele estreitou os olhos - Acho melhor você diminuir esse valor, ou...

- Ou o que?

- Sei bem o que estava acontecendo aqui quando cheguei. - Senti meu sorriso vacilar um pouco.

- Não estava acontecendo nada.

- Não me venha com essa, você está claramente interessado nela.

- Não estou interessado em ninguém...

- O que sua irmã vai dizer quando souber que você está caidinho pela amiga dela? - Estreitei meus olhos, Noah sorriu e retirou uma caneta do bolso, escrevendo em seguida - Esse é meu preço.

- Isso aqui não paga nem mesmo o diamante do meio, muito menos as outras pedras. - Sorri e me encostei na cadeira. - O que acha que minha irmã fará quando souber que você foi mão de vaca com o anel dela? Três milhões é o que você lucra no mês.

- Está dizendo que vai estragar meu pedido de casamento? - Sua expressão vacilou.

- Está dizendo que vai me entregar mesmo que nada estivesse acontecendo? - Rebati e segurei seu olhar.

- Um e meio.

- Dois e meio.

- Dois, é isso, ou você pode dizer o que quiser, porque também tenho algo para dizer, além do mais, sua mãe vai querer te matar depois que você acabar com a surpresa do pedido de casamento.

- Feito. - Nem morto deixaria minha mãe saber daquilo, ou estaria morto literalmente.

Me desencostei na cadeira, Noah continuou me olhando por um momento antes de voltar a falar, sério.

- Você está mesmo interessado nela?

- Somos só amigos, Sophia é minha funcionária, isso causaria um reboliço grande demais. - Jogo a cabeça para trás.

- Bom, se tem algo que aprendi, é que nenhum reboliço é impedimento para nada. - Derrepente ele se levantou e puxou o terno o ageitando no corpo - Tenho que ir, ainda não vi sua irmã, tenho dias de saudade para matar.

- Vai se foder Noah. - Levanto o dedo do meio enquanto ele sorri e caminha em direção a porta.

- Foder... Boa ideia cunhadinho, ótima ideia.

Brandon - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora