Capítulo 27

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Sophia

Eu merecia passar pelos menos três anos na prisão, trancada na solitária. Toda mulher heterossexual com olhos iria querer me dar um tapa na cara por ter saído da sala de Brandon e deixado ele lá, excitado, com os cabelos bagunçados, e a boca vermelha, me querendo.

Mas para minha defesa, a entrada abrupta de Aileen me fez acordar, tínhamos algo muito importante para fazer, e sexo poderia esperar mais um pouco, além disso passar vergonha duas vezes no mesmo dias parecia ser o meu limite, eu nem sabia mais como olhar para a prima dele. Nós dois ficamos até quase três da manhã vendo velhos desenhos, e separando os que mais gostávamos.

No dia seguinte Brando fez uma reunião com toda equipe, e como imaginei, não seria fácil, trabalhamos quase sem parar até a véspera de natal, mas o resultado final foi maravilhoso.

Mas infelizmente, Brandon pareceu trabalhar o dobro, eu não o vi mais após a reunião a alguns dias.

- Aí está você, tia Eleonor me mandou ver se você já tinha descansado um pouco. - Olhei Amélia pelo espelho da penteadeira e sorri.

- Sim, acabei de sair do banho.

- Você parece bem cansada, você quase não dormiu esses últimos dias. - Ela se aproximou, seu vestido vermelho justo e os cabelos loiros soltos. - Vem, me deixa fazer isso.

Amélia pegou a escova das minhas mãos, retirou a toalha dos meus cabelos e gentilmente começou a escovalos, fechei os olhos com a sensação, para mim ter alguém penteado meus cabelos era uma sensação maravilhosa de relaxamento.

- O que você vai vestir? - Ela perguntou depois de algum tempo.

- Meu pijama? - Respondo ainda com os olhos fechados.

- Por Deus, não! - Ela sorriu e pegou o secador do lado. - Quem sabe se não vai aparecer uma visita surpresa, você precisa ficar bonita, é véspera de natal, é especial, e você pode vestir o pijama mais tarde.

Apreciei enquanto minha amiga secava meus cabelos e depois prendia com algumas tranças, a pulseira de pérolas repousava em meu braço como sempre, e para ver um sorriso no rosto de Amélia coloquei os brincos que ela tinha me dado.

Vesti uma calça confortável e um suéter vermelho, sapatilhas e cobri as olheiras em meu rosto, eu ainda me sentia muito cansada, mas fiz um esforço mais do que feliz em parecer bem, pra minha pequena e amada família.

- Venham meninas, o jantar está quase pronto.

- Eu vou te ajudar tia Eleonor. - Amélia quase saltitou atrás da minha tia em direção a cozinha.

- Não entendo a graça de olhar os presentes e não poder abrir. - Sorri para Helena antes de sentar ao lado dela no tapete perto da lareira quente.

- Acho que a emoção, ficamos animadas e imaginando o que tem ali dentro, então ficamos cheias de expectativas, e quando enfim a manhã de natal chega estamos tão empolgadas que o presente se torna mais especial, e nós ficamos felizes com o que quer que tenha lá dentro.

- A menos que você seja uma criança mimada! - Olho para seus olhos castanhos e... Irritados? Helena nunca ficava irritada, passei a mão em uma mecha ruiva que escapava de sua trança.

- Você está brava? Quer me contar porquê? - Ela da um bufo nada feminino e revira os olhos.

- É a escola, eu nunca me senti inferir por estudar em uma escola dependendo de uma bolsa, as pessoas não ligam, não me tratam mau, eu gosto de lá e das minhas amigas... Mas tem aquele garoto Charlie Lancaster, e ele me olha como se eu fosse um inseto, ele adora me lembrar a todo instante como nós não temos muito dinheiro, e fica se gabando de todas as coisas que os pais ricos dão a ele o tempo inteiro, mas ele nem se quer da valor, depois de alguns dias a coisa é descartada, eu o odeio.

- Você não o odeia querida, você só está magoada pela maneira rude que ele te trata, você sabe que não pode ligar pra isso não é? E acaso ele fique violento ou ofensivo de um jeito rude, você tem que contar para mim ou para a tia Eleonor imediatamente.

- Ele não é violento, é só um idiota riquinho, você acredita que as notas dele são quase tão boas quanto as minhas? Mas eu sempre sou a melhor, não posso negar que me sinto bem superior quando recebemos nossos testes.

- Helena! - Não consigo conter um sorriso com sua carinha sapeca. - Isso não é...

Paro quando a campainha toca, suspiro e me levanto, coloco uma mão na cintura e aponto um dedo em sua direção.

- Nossa conversa não acabou mocinha. - Helena me dá um sorriso coquete e sigo até a porta balançando a cabeça.

Aquilo podia não ser nada, mas podia ser algo e isso se tornaria uma bagunça enorme cheia de traumas e... Uh... Eu resolveria aquilo mais tarde.

- Brandon?! - Suspirei, Brandon estava parado na porta, vestido impecavelmente com um suéter de gola alta azul, calças e casaco preto, e aninhado em um dos seus braços tinha um cachorrinho, com um lacinho verde ao redor do pescoço.

- Olá Sophia. - Ar frio saiu da sua boca e o pequeno filhote espirrou.

- Por favor, entre. - Ele passou por e ficou parado enquanto eu fechava a porta.

- Sinto muito vir sem avisar, mas seu celular está desligado. - Passei a mão no pescoço sem jeito.

- Desculpe, eu acho que esqueci de carregar. - O filhote choramingou um pouco e eu me derreti - Oh coitadinho, está com frio.

- Ah, na verdade, ele é seu, uma vez você me falou sobre seu cachorro de infância, é um filhote da minha cadela, eu estou procurando lares confiáveis, você pode recusar se não quiser.

- Deus, claro que eu quero! - No calor da emoção me joguei em seus braços, ficando na ponta dos pés e beijando seus lábios, mas meu constrangimento não foi maior do que a alegria da pequena bola de pelos em meus braços. - Você é um amor não é fofinho, sim, é!

Em um segundo Helena estava do meu lado, segurando o cachorrinho e cogintando nomes, chamando atenção das outras mulheres na casa, Amélia e tia Eleonor ficaram muito empolgadas com filhote.

- Querido, por favor fique para jantar conosco. - Tia Eleonor pediu, Brandon continuava de pé na sala após alguns minutos.

- Eu adoraria Eleonor, mas minha família está me esperando, só passei para entregar o presente de Sophia, e desejar feliz natal. - Senti meu rosto ficando quente, me levantei indo até ele, ele olhou para Amélia antes de sairmos da sala. - Foi um prazer enfim te conhecer Amélia.

- Também gostei de conhece-lo Brandon.

Vesti meu casaco rapidamente para acompanha-lo até o carro, Brandon tinha sido incrivelmente gentil e atencioso comigo, meu corpo e meu coração estavam quentes.

- Obrigada, eu amei o presente.

- Não me agradeça, você me ajudou muito mais nos últimos dias, acredite, eu te daria tudo o que você quisesse Sophia. - Meu corpo se arrepio com a promessa velada em seus olhos. - Estou sentindo tanto a sua falta.

- Eu também Brandon.

Seus braços me seguraram pela cintura puxando meu corpo e juntando nossos lábios, segurei em seu casaco para me sustentar de pé, eu poderia facilmente me perder naquela sensação, no ritmo lento de empurrar e puxar, delicado, mas firme.

- Fique comigo amanhã, só nós dois.

- Sim, é claro que sim Brandon.

Brandon - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora