XXI

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ATENÇÃO, AVISO DE GATILHO:

Este capítulo contém menções a suicídio, overdose, depressão e abuso infantil. Se você é sensível com esse tipo de conteúdo, NÃO leia.

Se você estiver passando por um momento difícil, ligue 188. 

Não tenha vergonha de procurar ajuda!

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Água. Milhares de litros de água invadindo os seus pulmões, roubando o lugar do oxigênio.

Lalisa Manoban sabia muito bem como era a sensação de estar se afogando. Experimentara o sufocante sentimento de quase morte tantas vezes que sequer conseguia contar nos dedos. Na verdade, perdera a conta há muito, muito tempo. No fim das contas, o que sobrou foi apenas uma casca, que por mais que ela lutasse, nunca parava de afundar nas profundezas daquelas águas escuras e desconhecidas. Vazia, mas ao mesmo tempo, carregando toneladas de pesos invisíveis, marcas cravadas em sua alma que não desapareciam e a puxavam para baixo.

Quando seus olhos se abriram com dificuldade e sua visão foi aos poucos ficando menos turva, ela pensou, por um milésimo de segundo, que estaria grata por estar viva, por seu plano ter dado errado. Porém, aquilo nunca aconteceu. Não sentiu nada além do corpo anestesiado e a mente dormente. E quando a porta do quarto fora aberta e seus pais entraram, usando seus jalecos brancos e exibindo olhares de reprovação, Lisa percebeu que nada havia mudado. Não queria estar ali. Não queria ter acordado. Talvez as coisas estivessem melhores se ela simplesmente morresse com os efeitos dos remédios. Ou afogada na piscina da escola. Não importava a maneira. Contanto que seu coração parasse de bater, qualquer coisa valia.

Tentou prestar atenção no que seus pais diziam, mas estava com sono demais para manter o foco. Sua consciência ia e vinha, como ondas em uma praia. Viu os lábios de sua mãe se mexerem enquanto ela ajeitava suas cobertas e sentiu os lábios frios de seu pai em sua testa. Ao acordar de novo, encontrou uma enfermeira mexendo na máquina ao lado de sua cama, sem sequer lhe direcionar o olhar. Por algum motivo, não conseguia lembrar do nome daquele equipamento.

Lisa despertou mais uma vez quando o céu já estava escuro, e as cortinas do quarto balançavam levemente com a brisa da noite. Apesar dos últimos dias terem sido chuvosos, não havia sinal de chuva naquele momento. Quanto tempo fazia desde que ela chegara ao hospital? Quanto tempo ela passara naquele estado de semiconsciência? Não sabia dizer. Alguns dias, talvez. Queria que o tempo passasse mais devagar, assim não precisaria lidar com as consequências de seus atos. Momo estava certa: ela não passava de uma garotinha fraca e assustada.

— Bem-vinda de volta, querida.

A Doutora Manoban se aproximou devagar da cama, e leu com atenção a prancheta em suas mãos. Não importava quanto tempo passasse, Lisa nunca se acostumaria com o fato de seus pais serem médicos. No hospital, eles deixavam a postura rígida de lado e passavam a ser um pouco mais compreensivos. Se aquilo era bom ou não, ela nunca saberia dizer. Ali, sua mãe não era sua mãe, mas apenas uma desconhecida responsável pela sua saúde. Ao menos não precisaria ouvir um sermão interminável.

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⏰ Última atualização: Jul 24, 2021 ⏰

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