XVII

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As gotas de chuva escorriam pelo vidro da janela do carro do senhor Bae

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As gotas de chuva escorriam pelo vidro da janela do carro do senhor Bae.

Dedos tocavam a superfície gélida, e olhos cansados observavam o céu nublado e entristecido. Do lado de fora, pessoas corriam apressadas, cobrindo suas cabeças com seus casacos e espirrando água ao pisar em poças espalhadas por todos os lados.

Sooyoung não sabia muito bem o que lhe esperava na escola naquela manhã. Estava levemente incomodada por ter que passar um tempo considerável ao lado de Joohyun, mas acreditava que aquele esforço valeria a pena se quisesse ficar cada vez menos próxima da família que tanto odiava. Contanto que mantivesse a calma por alguns minutos e ficasse em completo silêncio, tudo daria certo.

Doce ilusão.

Ou será que seria amarga?

— Boa aula, meninas — o senhor Bae disse sorrindo. Se não soubesse o quão crápula aquele homem era por trás das câmeras, Sooyoung poderia dizer que ele estava verdadeiramente se esforçando para ser agradável. — Espero que dê tudo certo com a inscrição no clube.

Joohyun saiu primeiro, apressada, abrindo o guarda-chuva e fazendo uma careta desgostosa ao perceber que acabara de molhar seus sapatos. Estava impecável, como sempre. Os cabelos bagunçados e o olhar cansado do dia anterior pareciam somente um delírio, algo que nunca havia acontecido. Naquele momento, ela exibia os fios presos num rabo de cavalo alto, e tinha o rosto coberto por maquiagem, que a deixava com um aspecto semelhante ao de uma boneca de porcelana, com os lábios vermelhos e a pele pálida. Arrumou o sobretudo preto uma, duas, três, quatro vezes antes de se virar para trás e erguer uma das sobrancelhas, como se dissesse "o que diabos você está esperando aí?".

Percebendo aquela atitude, Sooyoung saiu logo em seguida, abrindo seu próprio guarda-chuva e soltando um suspiro profundo ao perceber que chovia muito mais do que ela imaginava. As percepções dentro e fora de um carro eram completamente diferentes. Ela não gostava de dias chuvosos, eles eram deprimentes e faziam com que só pensasse em coisas ruins. Porém, há algum tempo, não havia muitas coisas boas para se pensar, então não importava muito se houvesse sol ou não.

Antes que fechasse a porta de trás, ouviu um pigarro, uma clara forma de exigir um momento de atenção. Quando tombou a cabeça para o lado, percebeu que se tratava do senhor Bae.

— Aproveite as oportunidades que estão sendo dadas a você agora — ouviu o homem dizer, sem direcionar-lhe o olhar. — Garota ingrata.

E, enquanto via o carro aos poucos sumir do seu campo de visão, ela se perguntou se realmente estava sendo tão ingrata. Será que seus problemas e sua revolta com todos ao seu redor tinham algum fundamento? Ou será que só não passavam de pirraça de uma adolescente problemática? O que seu pai diria se a visse do jeito que estava nos dias atuais? Ainda seria motivo de orgulho para ele?

Você é minha alegria, minha Joy.

Aqueles questionamentos não a abandonavam, como verdadeiras sombras. Sentia-se cansada, fraca e deprimida. Quais eram as consequências de desistir de tudo e simplesmente enterrar-se num buraco fundo e nunca mais sair?

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