XVIII

1.2K 136 69
                                    

Dahyun, o que é Deus para você?

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Dahyun, o que é Deus para você?

Os olhos sonolentos se arregalaram assustados quando o pequeno sino da porta tocou, indicando que alguém estava entrando. As mãos pálidas refizeram o nó do avental e os pés começaram a se mover, um após o outro, quase num ato automático, robótico. Pessoas conversavam, uma cacofonia de diferentes vozes inundava o salão principal da cafeteria, o aroma dos grãos de café sendo moídos trazia uma sensação de fantasia, como se a garota prestes a parar de frente a uma mesa não fosse real.

— Boa tarde, já decidiram o que pedir?

Dois anos e meio.

Ela vivia daquele jeito há dois anos e meio.

Kim Dahyun nunca, em seus dezessete anos de vida, estivera tão cansada. Enquanto anotava o pedido do casal à sua frente, ela sentia que, se encostasse em qualquer lugar, pegaria no sono quase que imediatamente, e acordaria no próximo século, no mínimo. Nem mesmo o expresso que só sua amiga Sana conseguia fazer fora capaz de despertá-la. Naquele momento, depois de colocar o bloco de notas sobre a bancada e começar a preparar um macchiato, tudo o que ela desejava era ir para casa e dormir até se esquecer de todos os problemas. Ou pelo menos deixá-los de lado durante algum tempo.

Adolescentes têm responsabilidades, mas adolescentes emancipados têm o triplo. Trabalhar, estudar, cuidar de uma casa, cuidar de si própria. A cada dia, fazer todas aquelas coisas parecia mais e mais difícil. Conciliar milhares de coisas estava sugando o pouco de energia e vitalidade que restavam para uma garota que mal começara a vida.

Chegava a ser um tanto engraçado. Dois anos e meio atrás, ela nunca se imaginaria trabalhando meio período em uma cafeteria para pagar as próprias contas, muito menos destrancando a porta de seu apartamento todos os dias, e não encontrando um familiar para lhe dizer bem-vinda ao lar. Há dois anos e meio, a Dahyun da oitava série preocupava-se em terminar o trabalho de biologia a tempo da reunião do grupo de oração.

— Você deveria ir para casa, eu consigo cobrir até o fim do expediente — pela voz, ela sabia que Sana tinha parado ao seu lado, encostando-se na bancada de alumínio. Se olhasse para o lado, com certeza daria de cara com os cabelos longos e ruivos da amiga, presos num par de tranças. — Não falta muito tempo para acabar, de qualquer maneira.

Acabou dando um sorriso tímido. Nunca fora o tipo de pessoa rodeada de amigos, mas valorizava os poucos que possuía. Era bom ter pessoas que se preocupassem, que se importassem, que verdadeiramente estavam ali para ela, sem esconder nada. Fazia com que seu coração, há tempos inerte, passasse a ter um mínimo calor.

— Está tudo bem — respondeu, finalizando a bebida com algumas raspas de canela. — Eu consigo dar conta.

— Dahyun, parece que você não dorme direito há dias, dá para perceber o corretivo, mas olhe só para essas olheiras! Estão tão aparentes que mal está dando para disfarçar.

Girls ™Onde histórias criam vida. Descubra agora