Capítulo 6

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Enquanto isso, próximo à piscina, os rapazes conversavam sobre as suas vidas. Ou melhor, se gabavam.

─ Nova York é incrível, e Wall Street é um mundo fora dessa realidade. ─ contava Jorge, bebericando uma cerveja importada ─ Vou sentir falta de lá.

─ Veio para ficar em terras tupiniquins? ─ perguntou Daniel.

─ Já estava pensando nisso há um tempo, sendo bem honesto. Meus pais estão aqui sozinhos, sem ninguém, e eu lá longe. Estava apenas esperando a oportunidade certa.

─ E a Margarida? Vem junto?

─ Vem sim, Mário, ela estava só me esperando. Na verdade, a agência que contratou ela rompeu o contrato, e ela ficou "livre" há anos, já podia ter voltado. Mas como o meu trabalho era lá, ela continuou lá comigo. ─ Jorge caçou a namorada com os olhos, dando um pequeno sorriso de canto ─ Já tem alguns meses que eu decidi vir trabalhar para cá, mas iríamos vir no começo do ano. Adiantamos a vinda para essa semana, por conta do encontro.

─ E vai fazer o que por aqui? ─ perguntou Daniel.

─ Eu sou especializado em assuntos trabalhistas e dívidas, algo bem comum em Wall Street. Vou abrir um escritório aqui, e já estou com uma carteira enorme de clientes, amigos do meu pai. ─ explicou o loiro ─ Nem todos são honestos, mas faz parte da minha profissão.

─ De bons clientes eu também não posso reclamar, tá ligado? Uma coisa que não muda é madame de high-society querendo ostentar na academia, e para isso elas querem um bom personal. E cá pra nós, né... Eu sou bom nisso. ─ Jaime ergueu a sua cerveja como em um brinde, que foi completado por Davi.

─ Mas imagina se elas souberem que o gostosão que treina elas, é na verdade um ex-gorducho. ─ Koki deu um tapa na barriga, causando risos até em Jaime.

─ Cara, eu já fiz essa postagem na minha page faz tempo. O molequinho gorducho que virou um gostosão fez bastante sucesso, ligado?

─ E o futebol, cara? Abandonou de vez? ─ perguntou Davi.

─ Ah, eu ainda gosto de uma pelada nos finais de semana, sabe como é. Mas as contas não ligam para isso, né? E depois que o meu pai adoeceu, caiu bastante a renda da família. ─ o professor explicou, meio sem graça.

─ Mas o seu pai tem algo sério, cara? ─ perguntou Jorge, preocupado.

─ Ele está com um problema nos nervos, muita dor e tremedeira nas mãos. Graças a Deus ele ainda consegue trabalhar como mecânico, se tirássemos isso dele, ele morria. Mas ele tem muita dificuldade com a parte mais delicada do serviço bruto, não consegue mexer nas minucias. ─ Jaime suspirou, negando com a cabeça ─ Ele toma um remédio para ajudar com a dor, mas a tremedeira não tem o que fazer.

─ E como ele está fazendo com a oficina?

─ Ele tem um rapaz que ajuda ele, e o Jonas está trabalhando por lá também. Ele perdeu o emprego na loja que trabalhava, e quando não conseguiu arranjar outro, meu pai colocou ele para trabalhar junto. Ele não gosta muito, mas sabe que é importante para manter as coisas em casa.

─ Foi mais ou menos o que aconteceu com você, não é Cirilo? ─ perguntou Mário, encarando o amigo.

─ Não exatamente, Mário. Eu passei na faculdade de medicina, como eu sempre disse que iria fazer, mas eu não quis ir. Eu percebi que isso era um desejo meu para impressionar a Maria Joaquina, e que eu amava o que o meu pai fazia. Então eu fui estudar administração, e fiz o negócio crescer. Agora, além de nós dois, temos funcionários e uma pequena fábrica de móveis artesanais. ─ o rapaz se gabou, sorrindo convencido.

20 Anos Depois - A salvação da Escola MundialOnde histórias criam vida. Descubra agora