Capítulo 23

502 28 3
                                    

Assim que Davi chegou em casa, encontrou a sala de estar cheia. Hannah estava ali, e havia um casal mais velho com ela. Isaac e Rebecca vinham da cozinha, ele com taças e ela com uma garrafa de vinho.

─ Ah, filho, afinal chegou. ─ comemorou a mulher, sorrindo ─ Venha, quero que conheça os pais da Hannah. Esses são Isaac e Sara.

─ O senhor também se chama Isaac? ─ ele cumprimentou, surpreso.

─ É um nome forte, filho. ─ o homem respondeu, sério.

─ E ela tem o mesmo nome da sua avó. ─ celebrou Rebecca, recendo um olhar feio do filho.

─ E da filhinha da sua amiga. ─ Hannah sorriu para ele, que não pôde evitar sorrir de volta ─ Como está a Sara?

─ Vai bem, eu a vi agora há pouco no colégio. Vou levá-la para dar uma volta amanhã, enquanto a mãe dela trabalha. ─ seus pais não gostaram muito de ouvir isso, mas Hannah sim.

─ E eu posso ir com vocês? Sabe, eu realmente gostei dela. ─ ela pediu, envergonhada. Virou-se para a mãe, sorrindo ─ Ela é uma graça, mãe.

─ Que tal nós jantarmos, hã? ─ Rebecca cortou o assunto, incomodada ─ Afinal, temos muito o que decidir hoje.

─ O que decidir? ─ perguntou Davi, confuso.

─ Nosso casamento, Davi... Nós viemos acertar os detalhes e escolher a data. ─ avisou Hannah, sem graça.

~*~

Maria Joaquina estava em seu quarto, parada na frente do espelho, nua. Encarava o seu reflexo com seriedade e lágrimas nos olhos.

─ Maria? O que você está fazendo? ─ Cirilo saiu do banheiro enrolado na toalha, tendo acabado de tomar banho.

─ Ela é tão grande, Cirilo. ─ ela disse com a voz trêmula e ele suspirou. Parou ao lado dela, vendo que ela encarava a cicatriz no baixo ventre, a marca perpetua de tudo o que havia acontecido.

─ Só para você, meu anjo, eu mal consigo vê-la. ─ ele tocou o local com delicadeza, vendo as lágrimas começarem a cair com mais força dos olhos dela.

─ Menos de um ano atrás, quando você tocava a minha barriga assim, era porque o nosso filho crescia aqui. E nós estávamos felizes, porque afinal uma vida conseguia crescer dentro de mim. ─ ela soluçou, segurando a mão dele ─ Mas agora isso é impossível...

─ Eu já disse que eu não me importo com isso, Maria Joaquina.

─ Mas não se trata de você, Cirilo, se trata de mim. ─ ela se virou, irritada ─ Eu não fui forte o bastante para conseguir segurar nenhum dos nossos filhos, eu não fui forte o bastante para cuidar do João até que ele pudesse nascer em segurança. E agora... Agora eu não posso mais nada! Eu não posso gerar mais nenhum filho, nunca vou entender as sensações que ouvi a Alicia, a Marcelina, a Carmen, a Valéria e a Margarida descrevendo, de sentir o bebê mexer, reagir as conversas, dos desconfortos, da dor do parto, e do amor, acima de tudo o amor absurdo que cada uma delas sentiu no momento em que pôs os olhos no filho e soube que era o filho delas, que elas eram mães!

Ao fim do desabafo, ela chorava de soluçar alto. E novamente, como vinha fazendo há anos, Cirilo a puxou para os seus braços e a protegeu, deixou que ela chorasse com força. No princípio ele também chorava, mas hoje já conseguia se manter firme por ela, e extravasar a própria dor mais tarde.

─ Vai dar tudo certo, Maria Joaquina. Uma hora, mais cedo ou mais tarde, as coisas vão dar certo. ─ ele suspirou, cansado.

~*~

20 Anos Depois - A salvação da Escola MundialOnde histórias criam vida. Descubra agora