Capítulo 2

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O pátio da escola havia se transformado em um memorial. Fotos espalhadas tentavam retratar momentos felizes e alegres da taciturna diretora, divertindo os antigos alunos que ali chegavam para prestar as suas últimas homenagens. Conversas preenchiam o ambiente, abraços e cumprimentos cheios de saudade eram vistos para todos os lados.

Carmen observava tudo pensando que, em sua infância, a diretora Olívia teria odiado tudo aquilo, exigindo algo próximo a tiros de espingarda e continências. Porém, após terem convivido e se aproximado nos últimos anos, e da jovem professora ter enfim conseguido tocar aquele coração duro, sabia que a diretora aprovaria aquilo. Era lindo ver a diferença que ela e a Escola Mundial tinham feito na vida de tantas pessoas.

─ Amor? Nossos amigos chegaram. ─ Daniel se aproximou com Leonardo, seu filho de quatro anos, indicando a entrada. Por ali, os irmãos Guerra entravam acompanhados de Alicia e Mário, além dos filhos ─ Quer ir cumprimentá-los?

─ Claro que sim.

Ela saiu o puxando por entre o mar de pessoas, ansiosa. Alicia segurava Isis, que observava tudo animada, enquanto Paulo tentava impedir que Lucas saísse correndo e sumisse no meio dos adultos. Ao lado, Mário e Marcelina tinham as atenções inteiramente tomadas por Olívia, sua filhinha de onze meses.

─ Ali! Marce! ─ Carmen as chamou, um sorriso brilhando no rosto. As duas amigas sorriram ao vê-la, abrindo os braços para um abraço coletivo e cheio de saudade ─ Meu Deus, como estão lindas.

─ Você também, professora Carmen. ─ Alicia elogiou, segurando a mão da amiga ─ Está um mulherão. Deve fazer tanto sucesso com os seus alunos quanto a professora Helena fazia com os meninos.

─ Espero mesmo que não, Ali, se não terei que ficar preocupado. ─ Daniel se aproximou, abraçando a amiga ─ Caramba, mas a Isis está linda.

─ O Leo também está uma graça. Eu babo nas fotos dele no Facebook, de verdade.

─ Isso é verdade mesmo, porque ela faz questão de me mostrar todas elas. ─ Paulo se aproximou com Lucas preso pelo pescoço, o garotinho rindo da brincadeira do pai ─ Como vai o casal mais nerd que eu já conheci? Se fizeram um filho, tenho certeza que pararam de contar os germes e doenças prováveis.

─ O Leo foi feito pelo nosso cérebro, Paulo, não sabia? Foi um acasalamento de pensamentos. ─ Daniel entrou na brincadeira do amigo, fazendo todos os adultos rirem.

─ O que é um acasalamento, papai? ─ Perguntou Lucas, curioso.

─ Lucas? Meu Deus, como você está enorme. ─ Carmen se abaixou em frente ao menino, que sorriu tímido ─ Ele está a sua cara, Ali.

─ Graças a Deus, né? Só faltava eu carregar nove meses para sair a cara do Paulo. ─ Alicia aporrinhou o marido, que só ria.

─ Seriam lindos se fossem a minha cara, mas para a minha sorte, saíram iguaizinhos a minha marrentinha.

─ E você, Mário, como está? Mário? ─ Daniel tentou atrair a atenção do homem, que fazia barulhos estranhos para entreter a filha.

─ Liga não, Dan, ele entra em outra dimensão quando está com a Oli. Pode explodir uma bomba lá fora, que ele só vai perceber que algo está errado quando ela chorar. ─ explicou Marcelina aos risos ─ Ele superou o meu maninho no papel de pai babão.

─ Hey. ─ protestou Paulo, enquanto Alicia concordava com a cunhada. Com o barulho, Mário pareceu sair do transe, olhando em volta.

─ O resto do pessoal não chegou?

─ Ainda não, cara. Todos confirmaram que viriam, mas alguns avisaram que iriam atrasar um pouco. ─ explicou Carmen, olhando o relógio.

─ O Koki só chega para a reunião à noite, Carmen. Ele me mandou uma mensagem de madrugada, avisando que estava no aeroporto e que a conexão estava atrasada. Sabe como é, é uma longa viagem do Japão até aqui. ─ explicou Paulo, olhando para a porta e fazendo cara de surpreso ─ Caraca, e não é que os dois seguem firmes e fortes?

20 Anos Depois - A salvação da Escola MundialOnde histórias criam vida. Descubra agora