Capítulo 21

549 27 4
                                    

Paulo e Alicia se encontraram com Mário e Marcelina na entrada do prédio dos Guerra. Pelos sorrisos e as trocas de carícias entre os casais, entenderam que todos tinham aproveitado muito bem a noite de folga dos filhos.

─ Eu to morrendo de saudades deles dois. ─ confessou Alicia assim que entraram no elevador, fazendo os quatro caírem na risada.

─ Pela Marcelina, nós teríamos vindo buscar a Olívia às 9h da manhã. ─ contou Mário, enquanto ouviam o apito anunciar a chegada ao andar desejado.

─ Eu estou começando a aproveitar a companhia da minha filha, você pode me dar licença? ─ reclamou a baixinha, causando sorrisos aliviados na família.

─ Oi mamãe, oi papai, oi dindo, oi dinda. ─ Lucas abriu a porta e os cumprimentou correndo, logo voltando para a TV e pegando o seu controle de videogame. Ao seu lado, Roberto tinha os olhos vidrados no jogo.

─ Lucas, como assim você abre a porta sem ver quem é primeiro? ─ Paulo repreendeu o filho, exasperado ─ E se fosse um ladrão?

─ Eu ouvi a voz de vocês aqui de dentro, pai. ─ retrucou o garoto, manuseando o controle ─ Pega a vida, vovô, pega a vida.

─ Eu nunca imaginei que veria o papai jogando videogame assim. ─ observou Marcelina, surpresa.

─ Cadê as mulheres dessa casa? ─ perguntou Mário, procurando em volta.

─ Aqui. Nós temos uma surpresinha. ─ ouviram a voz de Lilian, enquanto Isis vinha pulando. Logo a mulher apareceu com Olívia no colo.

─ O quê? ─ perguntou Paulo, enquanto a mãe colocava a neta mais nova apoiada no sofá ─ Ok, a gente já viu a Oli ficar de pé, mãe.

─ Oi minha princesa. ─ Marcelina deu um passo em direção à filha, mas a mãe fez sinal que ela parasse. Ao ouvir a sua voz, a criança percebeu a presença dos pais e se agitou, começando a tremer as perninhas.

Ela encarou o chão e a distância, testando um passinho ainda agarrada no sofá. Depois, virou o corpo e ficou só com uma mão apoiada, testando outro e mais um. Ao perceber o que acontecia, os pais se ajoelharam no chão, a chamando com as mãos em forma de incentivo.

Quando acabou a extensão do sofá, ainda faltavam cerca de cinco passinhos. Olívia novamente encarou, calculou e tentou ir sem se soltar, mas não conseguiu. Então, incentivada pelos pais, tomou coragem e largou o seu apoio.

Estendeu os dois bracinhos, em uma tentativa de se equilibrar, e jogou os pezinhos, um depois do outro, de forma vacilante. Um. Dois. Três. Quatro. No quinto, se desequilibrou e ia de cara para o chão, mas um par de mãos suaves a ampararam, a erguendo e a aninhando em seus braços.

─ Você andou. ─ comemorou Marce, abraçando a filha apertado. A garotinha passou os bracinhos gorduchos ao redor do pescoço da mãe, a agarrando com força ─ Você andou sozinha.

─ Que orgulho dessa mocinha. ─ Mário as abraçou, enchendo o rosto da filha de beijos, enquanto ela ria.

Àquela altura Isis já havia corrido encontrar os pais, que assistiam a cena felizes e emocionados. Lilian se debulhava em lágrimas, enquanto Roberto e Lucas estavam muito atentos ao videogame.

Depois do longo, difícil e doloroso ano que haviam passado com a depressão de Marcelina, aquela cena era uma benção muito bem-vinda.

─ Eu acho que tem muitas mulheres nessa casa. ─ observou Lucas, pensativo. A rodada do jogo havia se encerrado, e agora eles observavam o restante da família ─ É a mamãe, a Isis, a vovó, a dinda, a Oli... São cinco mulheres e quatro homens.

20 Anos Depois - A salvação da Escola MundialOnde histórias criam vida. Descubra agora