Capítulo 10

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Aquele era talvez o seu maior pesadelo. Observava as chamas laranjas subindo pelos muros da escola, destruindo os brinquedos do parquinho e começando a caminhar em direção ao prédio com as salas de aula.

Daniel e Jaime gritavam ao seu lado, assim como várias pessoas à sua volta, e Leo agarrava a sua mão e chorava alto. Carmen olhou para todos os lados, sem realmente saber o que pensar, até que largou a mão do filho e correu em direção a escola.

─ Carmen. ─ Daniel gritou o nome da esposa, mas ela não parou. Quando se preparava para correr atrás dela, ouviu o choro do filho e não soube o que fazer.

─ Vai atrás dela, Dan, eu fico com o Leo. ─ não sabia de onde Paulo e Alicia tinham surgido, mas agradeceu a Deus por isso. Em segundos, ele, Jaime e Paulo entravam na escola, seguindo o rastro de Carmen ─ Droga, Paulo.

─ Calma, Leo, tá tudo bem. ─ Lucas abraçou o amiguinho, que chorava assustado ─ Nossos pais vão voltar rapidinho.

─ Ali, o que aconteceu? ─ Mário e Marcelina vieram correndo, Olívia chorando assustada no colo do pai.

─ A Carmen entrou correndo, e o Paulo, o Dan e o Jaime foram atrás. ─ ela não conseguiu disfarçar o desespero na voz, enquanto abraçava a própria filha.

─ Eles entraram? ─ do lado oposto apareceram Valéria, Davi, Maria e Cirilo, afoitos ─ Alguém chamou os bombeiros?

─ Ouvi algumas pessoas ligando. ─ avisou a morena, e os amigos se entreolharam ─ Não tentem...

Ela mal conseguiu terminar, porque os quatro correram para dentro da escola. Mário se sentiu impotente, observando Marcelina travada.

─ Marce, segura a Oli. ─ ele mandou, mas a esposa não se mexeu ─ Marcelina Guerra Ayala, segura a nossa filha, agora.

Em choque, ela esticou os braços e Mário colocou Olívia ali, e a menina chorou com mais força, vendo o pai correr para dentro da escola. Do chão, Alicia observava a cunhada, em choque.

─ Marcelina, olha para mim. ─ gritou Alicia, e Marcelina virou para ela, petrificada ─ Você tomou o remédio hoje? Marce, me responde. Você tomou?

─ N-não. ─ ela gaguejou, o corpo tremendo.

─ Que droga, Marcelina, eu to com três crianças aqui, não dá pra cuidar da Olívia também. ─ rosnou Alicia, que apoiava Isis em uma perna enquanto abraçava Leo e Lucas com o outro braço ─ Você vai precisar se acalmar.

─ Eu não consigo, Alicia, ela não para de chorar. ─ o tom de voz de Marcelina já se erguia, preocupando a cunhada.

─ Marce, fecha os olhos e esquece tudo. Esvazia a sua mente, ok? Foca no sentimento bom de quando você descobriu que estava grávida, de quando você estava esperando ela, do amor que você sente e que fez você enfrentar tudo o que você enfrentou por ela. Foca nisso, e esquece todo o resto. ─ pediu Alicia ─ Confia em mim!

A mulher assentiu, fechando os olhos e tentando esvaziar a mente. Olívia chorava alto, quase se engasgando, assustada com tudo aquilo, mas o som logo se tornou distante. Na mente de Marcelina, ela se lembrava dos movimentos da bebê dentro de sua barriga, das longas conversas no chuveiro, de desejar mais do que tudo poder tê-la em seus braços. Lentamente, a ajeitou melhor em seu colo, deixando que a cabecinha pequena repousasse em seu ombro e que a tremedeira fosse substituída por um suave balançar.

─ Calma, tá tudo bem, tá tudo bem. Não precisa chorar, a mamãe tá aqui. ─ pediu, ainda de olhos fechados. Alicia suspirou aliviada, apertando os filhos e Leo com mais força contra si.

20 Anos Depois - A salvação da Escola MundialOnde histórias criam vida. Descubra agora