ANY GABRIELLY
Não sei se conseguiria explicar o que estou sentindo mesmo que tivesse domínio de todas as línguas existentes.
Não conseguiria desenhar.
Nem demonstrar.
Simplesmente,
não consigo.
Minhas mãos estão sujas mesmo depois de ter lavados ela cinco vezes com esponja de aço e agua quente. A sujeira não sai. Ela está impregnada nas minhas mãos.
Eu fiz isso. Eu acabei com ele. Eu vi quando seus olhos azuis inundaram o mundo com dor e raiva. Escutei seu coração se quebrando, não pela primeira vez, nem pela segunda, mas pela ultima.
Vi na sujeira que escorreu dos seus olhos em minhas mãos que ele nunca mais vai deixar que eu o machuque de novo.
Seu coração já faz falta no meu peito.
Sinto meu corpo travar quando o barulho da campainha é tocado. Uma vez. Silêncio. Duas vezes. Meu olhos baixam vagarosamente em direção as minhas mãos embaixo da agua e as recolho rapidamente em direção a minha barriga. Três vezes.
Escuto alguém dizer "Já vou" e demoro alguns segundos para presumir que sou eu, pois estou sozinha, não tem ninguém aqui. Caminho, em passos automáticos, até a porta de entrada na sexta vez que a companhia toca.
Não olho pelo olho magico, não quero saber quem está aqui: — Não tem ninguém em casa.
— Any.
É uma voz rouca. Conheço essa voz. Amo essa voz. Amo? Preciso pensar novamente sobre o que sei do amor, qual é minha capacidade de amar algo além das dores que amarrei comigo? Estou tão errada. Quando foi que eu quebrei?
— Any, abre a porta.
Sua voz parece uma melodia no entardecer. É suave, macia, tem som de algo bom. Tem som de fim de serviço, tem som de encontrar o ser amado, tem som de descanso, tem som de alivio. Gosto da sua voz. Sempre gostei de sua voz. Gostava quando essa voz falava palavras de amor no meu ouvido.
Abro a porta.
E lá está. Cabelos bagunçados. Olhos vermelhos. Semblante assustado. Camiseta amassada.
— Oi — Falo e percebo que reconheço mais a voz de Noah do que a minha.
— Precisamos conversar.
Engulo o medo e abro mais a porta, dando espaço para que ele entre.
— O que aconteceu com suas mãos? — Vejo ele tocar meu pulso, mas não sinto, não sinto nada — Meu Deus, Any.
Tento encontrar seus olhos mas ele não está mais aqui. Fico parada onde ele me deixou. Esperando para que algo aconteça.
— O que aconteceu com suas mãos?
Aqui está ele novamente. Como ele é lindo. Parece preocupado.
— Você parece preocupado.
Ele para de passar algo nas minhas mãos e levanta os olhos para mim. Seus olhos estão procurando por algo em mim. Mas não tem nada.
— O que aconteceu com suas mãos?
— Estavam sujas.
— E você lavou elas com o quê? Aço?
— Sim.
Seus olhos fecham fortemente e ele me puxa pelo cotovelo até o sofá.
Me coloca sentada e se ajoelha na minha frente enquanto continua passando algo nas minhas mãos.
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BETWEEN ME AND HER
FanfictionCamden é uma cidade pequena e pacata, sendo assim, tudo que Any Gabrielly precisava para recomeçar. Ela só não esperava que depois de anos, uma parte do passado voltasse da forma que ela menos esperava: o melhor amigo de seu ex-namorado. AVISO: INCL...