ANY GABRIELLY
Já é de manhã e sinto como se tivesse lutado com mil tubarões sendo que a única coisa que fiz até agora foi pensar. É perturbador como os meus pensamentos são tão intensos que domina todas as partes do meu corpo, me rasgando de dentro para fora, me dominando.
Durante todos os momentos depois que Josh saiu do banheiro e se jogou ao meu lado da cama e sussurrou "eu te amo" antes de dormir, eu me senti viva, mas não vivi.
Pensei. Me culpei. Fiz contas. Refiz. Pensei em contar tudo. Vi as margens de erro. Revi. Pensei em desistir. Em ir em frente. Em me esconder debaixo da cama. Fiz um discurso. Fiz voto de silêncio. Não sai do lugar. Não cheguei a conclusão, não evolui e não criei coragem para agir diante das decisões que tomei ao longo dos últimos anos.
Queria ter um manual, uma receita, que me ensinasse a encarar essas situações de maneira que ninguém a minha volta fosse atingido pelo tsunami que eu me tornei. Mas a única que coisa que tenho, é a certeza que vou carregar essa culpa (E todas as outras) até o dia que perder a memória.
Sinto como se minha vida fosse uma experiência onde o cientista me colocou dentro de um buraco e sentou na beirada me vendo chegar ao fundo do poço e, em silêncio, observa até onde consigo chegar depois disso. E toda vez que eu subo um pouco ele ri sabendo que a queda seria um pouco maior no próximo passo e então ele anota em letras garrafais e joga o cartaz em minha cabeça, somente para não me deixar esquecer de todos os erros que cometi.
Não abro os olhos nesse poço desde que perdi ela. Poderia ter uma escada a minha frente, uma corda, um elevador de portas abertas esperando para me tirar daqui que eu não teria coragem de abrir os olhos e subir.
Parte porque de olhos fechados não posso implorar para que alguém me ajude a tirar a dor que sinto cada minuto do meu dia, porque eu sei que não mereço viver sem ela.
Acabo de adicionar mais um fato a lista que comprova isso.
— Bom dia.
Abraço minhas pernas e fecho os olhos ao ouvir a voz rouca atrás de mim.
Por dois meses, há anos atrás, achei que a pior coisa que poderia me acontecer já tinha acontecido. Foi fácil me apaixonar por ele. Por seus olhos azuis cheios de dor e por todo cuidado que ele tinha perto de mim. Naquela época, não me passava pela cabeça ter que se despedir dele um dia.
Cada dia que passou depois que fui embora dele beirava o insuportável, até que ficou insuportável e eu larguei qualquer pequena esperança que existia dentro de mim naquele quarto branco.
Não teve um dia sequer que Joshua não invadia minha lembrança, vinha junto dela, gritando que eu tinha deixado partir todas as chances de ser feliz porque, eu sei, que a alegria de poder ter dividido a vida ao lado deles nunca vai ser superada.
Fomos um só, por um dia, e a tristeza que carrego comigo é como um oceano que toda manhã transborda e alaga todos os continentes e eu me afogo mais uma vez e de novo, de novo, de novo.
E por amar tanto Joshua que não posso contar nada a ele.
Porque não suportaria pensar que esse oceano vai alagar sua vida também. A profundidade é uma dádiva e uma maldição e sei que se ele soubesse iria querer saber de todos os detalhes e então a maldição dele começaria também. E mesmo que em alguns momentos eu ache que ele merece saber, não ligo de carregar mais essa culpa comigo.
— Any, está tudo bem? — Sua voz bem mais próxima agora, mas mesmo assim não abro os olhos.
Sinto suas mãos subirem pelo meu braço e afastarem meu cabelo do meu ombro.
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BETWEEN ME AND HER
FanficCamden é uma cidade pequena e pacata, sendo assim, tudo que Any Gabrielly precisava para recomeçar. Ela só não esperava que depois de anos, uma parte do passado voltasse da forma que ela menos esperava: o melhor amigo de seu ex-namorado. AVISO: INCL...