Capítulo 30

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JOSH BEAUCHAMP

Admito que a surpresa foi maior que a dor quando o primeiro soco me atingiu.

Admito também que eu sabia que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde, mas não queria que fosse assim ou aqui, queria que quando ele me batesse pelo menos soubesse de todos os meus motivos, de todas as coisas que me levaram a fazer isso com ele.

Sinto que tem muitos olhos sobre mim, mas não me importo com eles, me importo com ela. E eu sei que ela está se destruindo, como se eu pudesse escutar o grito do silêncio dela.

Estou sendo tomado pela vontade de caminhar até ela e tomá-la em meus braços quando o segundo soco me joga no chão. Me sinto um pouco tonto e a dor faz minha visão ficar embaçada mas sinceramente? Poderia me defender, poderia empurrá-lo para longe quando senti uma de suas mãos segurando minha camisa e a outra se chocando contra meu rosto novamente, eu poderia... Mas não vou.

Senti o sangue no canto da boca quando o punho de Noah bate pela quinta (Ou sexta? Não estou contando quantos socos levo do até então meu melhor amigo) vez em meu rosto antes de ser puxado para trás por Lamar e Bailey e logo sinto as mãos trêmulas de minha irmã agarrarem meu braço e tentar me ajudar a levantar.

As pessoas estão falando, mas não consigo distinguir nada, não presto atenção em nada além dos olhos de Noah em minha direção, a raiva é tão nítida e sólida que poderia ser pintada em sua melhor figura mas isso muda drasticamente quando os olhos deles caem sobre Any.

Algo em como a intensidade em seu olhar se acalmou quando percebeu a expressão assustada no rosto dela me fez perceber que, se talvez ele soubesse de tudo, talvez (Somente talvez) ele entenderia.

Porque ele a ama. Não existe prova maior do que essa em seu olhar. Ele a ama tanto quanto eu a amo e por isso me sinto culpado, me sinto insuficiente e sufocado. Mas não arrependido.

No momento em que Lamar o carrega para fora do salão, Bailey se aproxima e me levanta do chão, Joalin ainda está com as mãos em meu braço quando consigo ouvir algo nítido.

— Que diabos aconteceu aqui? — A pergunta dela é direciona para Bailey que levanta os ombros.

— FORA! — O prefeito grita apontando para a porta de saída do barracão.

— Precisa de ajuda, cara? — Bailey ainda está em minha frente quando começamos a caminhar em direção a saída.

Levo a mão até o corte próximo a boca, limpando o sangue com a manga da camisa e depois deslizo até o corte na sobrancelha. Ele aprendeu a lutar, afinal.

— Não. — Respondo — Tô bem.

Sigo para fora do barracão antes mesmo de Bailey abrir a boca para falar algo.

Como se o cenário perfeito para essa merda toda precisasse ser completo, a chuva que antes não passava de uma garoa fraca está tão forte que me deixa encharcado em apenas alguns segundos.

Noah está a alguns passos na frente com Lamar segurando seus ombros, Sina com os olhos arregalados embaixo de um guarda-chuva do lado deles e Joalin e Bailey estão atrás de mim. Dou um giro procurando por qualquer sinal dela e consigo ver a porta do barracão sendo fechada com força pelo prefeito.

— Cadê ela? — Pergunto em direção a minha irmã que se limita a fazer um movimento com os ombros.

Olho para Bailey, que nega com a cabeça e depois viro para Sina.

— Cadê a Any, Sina? — Pergunto em voz alta trazendo o olhar dela rapidamente em minha direção.

— Eu.. Eu não sei. — Consigo perceber como seus olhos estão assustados mesmo com a distância. — Ela estava do meu lado e depois eu.. eu não vi, desculpe Josh.

BETWEEN ME AND HEROnde histórias criam vida. Descubra agora